Capítulo 90

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Era noite eu estava no escritório e a Natalie veio.

Nat: Oi...

Eu: Oi...

Nat: Vinho?

Eu: Obrigada – peguei a taça e a beijei – Te amo.

Nat: Te amo. O que está fazendo?

Eu: Estava contratando um serviço de limpeza para ir até casa da Dayenne e limpar tudo. Não quero que a família entre lá e veja a casa daquele jeito. Estava dando uma olhada nas casas do meu núcleo, a Dayenne não vai conseguir voltar para casa.

Nat: É, também acho que não. – suspirou. – Ela vai ver um filme daquilo toda vez que passar pela porta.

Eu: Vai. Não tem uma casa que ela possa pagar impostos no meu núcleo, então mandei mensagem para uma corretora que trabalha na empresa as vezes e ela vai ver uma casa pra mim. Vamos comprar essa casa, mobiliá-la, e dar um recomeço para essa família. As crianças?

Nat: Os adolescentes estão vendo série no cinema lá embaixo, Bela e Malik brincaram até cansarem. Bela quis leite e um livro, e Malik quis mamadeira e denguinho. E estão apagados...

Eu: Eu vou sofrer quando ele for pra casa. Eu amo dar denguinho pra ele – o Malik era a coisinha mais fofa da terra, a gente estava rendida por ele.

Nat: Pois é... – sorriu. – A gente pode fazer um...

Eu: Não me tenta Natalie. – rimos. – Vamos subir. – ela pegou a garrafa de vinho e subimos.

Nat: Um bebezinho, fofinho, lindinho, cheirosinho.

Eu: Para mulher... – ela gargalhou. Não demorou muito e todos sabiam o que tinha acontecido e que os filhos do casal atacado estavam na nossa casa, ou melhor na casa da estrela Natalie Smith. Victor o agente da Natalie emitiu uma nota a imprensa para acalmarem os ânimos, o David e a família não precisava desse tipo de atenção e incomodo. David alternava estar bem e tristeza. Falamos com uma psicóloga e ele fez uma sessão. Deixamos marcadas as sessões, ia ajuda-lo muito. Cheguei em casa uns dias depois, a Natalie estava sentada na poltrona do jardim... – Oi minha linda – dei um beijo no pescoço dela.

Nat: Oi amor... tudo bem?

Eu: Tudo. Cadê todo mundo?

Nat: Saíram. Um dia de irmãos. Debi e Loide e os aprendizes. Se vestiram iguais, os 4 e saíram.

Eu: A gente deve se preocupar?

Nat: Provavelmente as crianças chegarão imundas, e vão aprontar alguma coisa. Desde que não liguem do hospital ou da delegacia, tá tudo certo pra mim.

Eu: Esses meninos não podem se juntar. – sacudi a cabeça. Notei Natalie pensativa. – Está pensativa amor o que houve?

Nat: Estava pensando na gente. – me sentei de frente pra ela – Pensando em tudo isso que está acontecendo com o David e a Dayenne. – ela começou a chorar – Eu sou tão grata pela minha família e me sinto tão estúpida por ter fechado os olhos e não ter sido presente por tanto tempo. Eu não fui mãe, eu não fui esposa, eu não fui parceira, eu não fui amiga de ninguém. – soluçou e eu a abracei.

Eu: Hei... A gente está consertando isso tudo.

Nat: Amor... Olha tudo que aconteceu a nossa volta e eu fui tão ingrata por tanto tempo... Meu filho sofria no colégio e eu não via. Hoje ele estuda num colégio que ele adora, tem amigos de verdade, é respeitado, é ouvido. Minha filha não ouvia direito e quando achávamos que não teria solução olha só... Ela escuta 100%. Meu pai veio me ver, me pediu perdão, separou da minha mãe, foi morto pela minha mãe, eu ganhei uma irmã, um cunhado e 4 sobrinhos incríveis no meio de tanta dor. Mesmo com tudo que eu fiz de errado, eu ainda duvidei de você, desconfiei de você com a Maria Clara, e a Maria Clara estava se separando, logo começou a viver um inferno com a família, e num tombo em casa, o filho dela morreu. Da idade da nossa filha. Hoje ela bebe sem parar, ela não se aproxima dos filhos que tem, ela se apagou. – soluçou – O melhor amigo do nosso filho teve a casa invadida pelo meio irmão, a casa foi saqueada, os pais baleados. Ele andou... Ele andou de madrugada com uma criança de 2 anos no colo debaixo de chuva por 5 quilômetros para chegar até aqui, porque não tinha um táxi naquele horário e para... Para preservar a minha imagem diante da mídia que viria em cima de mim com tudo se ele entrasse aqui num carro da policia e viesse para minha casa. Mesmo com ele sofrendo como ele estava, mesmo ele com um irmãozinho pequeno e chovendo como estava, ele andou 5 quilômetros até aqui, para preservar nossa família. A família que eu por muitas vezes deixei de lado para beber com famosos, com o imbecil do meu ex empresário, para ir a festas badaladas. – ela estava decepcionada consigo mesma, dava para sentir nas palavras dela. Eu sinceramente não tinha o que dizer porque qualquer coisa que eu pudesse dizer ali, talvez ela pudesse entender errado e se sentir mal. Mais do que já sentia. – Agora... Agora eu fico pensando em como eu posso consertar tudo, mas ai eu olho pra você e você já está fazendo isso. Você já arrumou uma empresa para limpar a casa dessa família, já pagou o funeral, está procurando uma casa nova para eles recomeçarem, está cuidando das crianças, está ajudando a família da Dayenne.

Eu: Amor... Olha pra mim... – segurei o rosto dela e ela me olhou Tive a ideia de mandar limpar a casa, tive a ideia de comprar uma casa nova, que vamos tirar da nossa poupança. Nós duas pagamos pelo funeral e pelo hospital, pela estadia da família da Dayenne no hotel e o motorista a disposição. Nós duas estamos cuidando das crianças e você mais do que eu, porque eu estou saindo para reuniões na empresa e você está a mais de uma semana 24 horas cuidando do Malik, levando no parquinho, levando para creche, dando banho. Você passa mais tempo com ele do que eu. Dividindo seus sentimentos com o David, porque você perdeu seu pai de uma forma parecida com a dele e você sabe exatamente como ele está sentindo. Você como minha esposa, como mãe de duas crianças, como ser humano está fazendo tudo isso junto comigo. Você a um ano atrás estaria no estúdio a essa hora trabalhando, não teria ligado nenhuma vez pra casa pra saber de mim ou dos nossos filhos. Você está aqui. Você faz café da manhã, cozinha o que sabe, cuida das crianças, leva e busca na escola, dá banho, dá o jantar, faz mamadeira, troca fralda, brinca, lê histórias, coloca para dormir. A Natalie de um ano atrás não fazia nada disso. Tivemos progressos importantes amor. Estamos juntas, estamos cuidando uma da outra e juntas da nossa família. Eu te amo muito, não fica assim, se sentindo mal ou pequena diante disso tudo.

Nat: Me abraça... – soluçava. Eu a abracei.

Eu: Eu te amo... Vai ficar tudo bem. Você está se saindo muito bem ok? Não fica assim.

Nat: Eu te amo... – Depois de um tempo ela se acalmou.

Eu: Vamos subir e tomar um banho antes das crianças chegarem?

Nat: Sim vamos...

Eu: Está melhor?

Nat:Estou sim, obrigada –demos um selinho. Subimos, tomamos banho juntas. Ela estava pensativa.


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