Capítulo 76

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Meu cunhado foi dirigindo e falando do conforto do carro e que estava pensando em comprar um carro de 8 lugares também, mas no Brasil era difícil ter um carro grande de verdade com conforto. Logo ele começou a falar da Analu.

Cesar: Ela está deprimida. A Analu.

Eu: Por que?

Cesar: Ela e a Laura vem se desentendo a alguns meses, ela sente muita falta da Helena, as duas eram melhores amigas, muito mais que mãe e filha sabe. E quando a Helena adoeceu e faleceu, um pouco da Ana se foi junto. Ela é leve, sorridente, feliz, carinhosa, mas ela sente muita saudade. Eu estava apreensivo com a aproximação dela com vocês irmãos. Por que eu não sabia se vocês iam querer essa aproximação e fiquei com medo dela ficar mal caso não quisessem se aproximar. Quando seu pai refez o testamento, ele falou pra ela que ia deixar alguns bens a ela e ela pediu para ele não deixar nada pra ela, porque ela queria se aproximar de vocês e não queria que tivesse dinheiro no meio e vocês pensassem que era por isso. – eu fiquei triste por isso – Ela é uma mulher incrível, de coração maravilhoso, eu sou muito grato por tê-la como esposa, como mãe dos meus filhos e como amiga, e ela merece ser feliz. O irmão dela não liga, não manda mensagem, é bem raro acontecer. E eu tenho uma ligação muito forte com meus irmãos e isso a deixava feliz por mim e triste ao mesmo tempo, por ela não ter essa ligação com o irmão dela, por ela não ter uma família grande.

Eu: E a família da mãe dela?

Cesar: A mãe tem um irmão que mora na Noruega e não veio nem para o enterro dela. Os pais da Helena faleceram já. A mãe faleceu a 15 anos e o pai faleceu a 7 anos. A Helena cuidava do pai. Dois anos depois, ela faleceu, estava com câncer em estagio terminal, descobriu tarde demais. O pai era filho único e a mãe também. Então a família dela se resumia apenas ao tio, que é casado e tem três filhos mas não faz e nunca fez questão de ninguém. E quando a Helena se foi ela se viu sozinha por não ter mais ninguém do lado da mãe dela. E do lado do pai dela, o pai tem Alzheimer, e a única pessoa que se lembra é da irmã dele e da Helena, pergunta dela o tempo todo. Ele sofre todos os dias quando dizem que a Helena se foi. Ele não se lembra que tem filhos. Acho que é por isso que o irmão dela sumiu e não procura. Miguel adoeceu muito precocemente. A irmã dele diz pra ela não ficar indo lá visita-lo porque ele sempre fica nervoso quando a vê e depois ela que sofre pra cuidar dele. Ela é uma mulher insuportável. Então a Analu o visita uma vez na semana, e tem noticias dele através dos cuidadores. Ela mandou adaptar a casa toda pra ele, e ele tem cuidador 24 horas, todos os dias da semana. A irmã separou do marido e foi morar com ele, na verdade se aproveitar né? Mas mal sabe ela que quando o Miguel partir, ela terá que deixar a casa. – riu sem animo.

Eu: Mas a casa não é dele?

Cesar: Não. A casa é da Analu. A Ana deu a casa aos pais de presente a uns 8 anos do jeito que a mãe queria. Confortável, num condomínio seguro. E quando foi colocar a casa no nome do pai, ele pediu que colocasse no nome da Helena, porque por mais que ele amasse a Analu como filha dele, ela era biológica da Helena então a casa deveria ser da Helena. Quando a Helena descobriu a doença e que não teria cura, a Helena passou a casa para a Analu, porque o Miguel já dava indícios da doença dele e ela já tinha notado, só a Ana que não sabia. Pouco antes de falecer, ela disse a Ana sobre o pai, que ele não estava bem. Depois que minha sogra se foi, não demorou 2 anos meu sogro já se perdia na rua, não lembrava quem eu era, não lembrava dos netos, não lembrava direito da Ana. Agora ele não faz ideia de quem é a Ana, só se lembra da irmã e da Helena.

Eu: Nossa, isso é muito triste.

Cesar: É sim. Agora ela está feliz de conviver com vocês. Ela contou os dias pra esse natal chegar e passar com os irmãos. Mas ela ainda tem o pontinho de tristeza nela. Então obrigado por serem receptivos e amorosos com ela, por nos receberem. Isso é muito importante para nós e principalmente, isso é muito importante pra ela. Sentir esse amor em volta dela, esse carinho todo, estar no meio de pessoas alegres.

Eu: Não tem que agradecer. A gente se assustou no começo porque não tínhamos ideia de nada disso. Mas agora estamos mais que felizes por termos uma família tão grande e unida apesar das circunstâncias em que nos conhecemos né.

Cesar: É... Ela vinha planejando esse contato até que dois dias depois recebeu a noticia do atentado contra o Leandro, ela até sentiu mal. A gente se organizou pra ir para o Rio e recebemos a noticia do desfecho. Enfim, não vamos falar sobre isso, é natal.

Eu: É... Vamos deixar isso pra lá – chegamos no aeroporto. Minha irmã com a família dela já tinha desembarcado, esperamos cerca de meia hora até aparecerem. A gente se abraçou e fomos para o carro. Logo chegamos em casa nos sentamos para almoçar e ela desceu com a família para a casa de hospedes, iam tomar banho e descansar. Na manhã seguinte meu irmão chegou, estava irritado porque o voo atrasou e ele perdeu a conexão dele e teve que pegar outra e esperar ainda mais tempo. Ele chegaria as 7 da manhã e chegou as 10. A casa estava super movimentada. Priscilla, Emilly, Analu e Larissa cozinhando. Minha sogra ligava toda hora pra perguntar alguma coisa e quando não era o Eric, era o Cesar que saia para buscar alguma coisa no supermercado.

Pri: Amor, liga o freezer lá da área gourmet e coloca as bebidas lá por favor, e os champanhes e vinhos na adega climatizada daqui da cozinha eu esqueci de fazer isso quando levantei.

Eu:Tá... –minhas sobrinhas foram me ajudar com as bebidas. Laura era bem calada, oumelhor, estava calada. Ela tinha um olhar triste, tinha algo errado. E pelaminha conversa com o Cesar, ela e a Analu não estavam se entendendo.


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