Capítulo XII

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Taehyung

Eu me reviro por duas horas, tentando adormecer, mas nada acontece. Finalmente, desisto e fico ali deitado, olhando para o teto escuro, meus músculos tensos e meu pau duro e dolorido, apesar do alívio que me dei com meu punho.

O que há nessa garota que está me afetando? Sua aparência? O mistério que ela representa? Fiz tudo o que pude para deixá-la ir esta noite, recuar e permitir que ela fosse para a cama em vez de estender a mão sobre a mesa para puxá-la para mim.

O que ela teria feito se eu agisse por impulso?

Ela teria enrijecido, gritado... ou teria se derretido contra mim, seus olhos castanhos ficando suaves e nebulosos, seus lábios se abrindo para o meu beijo?

Xingando baixinho, eu me levanto, visto um roupão e vou até o meu computador. É o final da manhã em Moscou, então, posso muito bem conversar com meus irmãos sobre alguns negócios.

Qualquer coisa é melhor do que pensar em S/n e na dor frustrante em minhas bolas.

Namjoon não atende minha vídeochamada, então, tento Jungkook. Meu irmão mais novo responde imediatamente, seu rosto tão suave e inexpressivo como sempre. Apesar da diferença de quatro anos entre nós, parecemos o suficiente para sermos confundidos como gêmeos – e muitas vezes somos, junto com nosso irmão mais velho, Namjoon, e nosso primo, Yoongi.

Os genes Kim são uma coisa potente e tóxica.

— Já está com saudades de nós?

O tom de Jungkook não revela nada de suas emoções – se ele tiver alguma, é claro. É possível que meu irmão sinta tão pouco quanto mostra. Eu nunca o vi perder a paciência, mesmo quando criança, e certamente nunca o vi chorar. Mas, também, eu estive em um colégio interno durante a maior parte de sua infância, não posso reivindicar ser um especialista em Jungkook.

Não somos próximos, meus irmãos e eu; nosso pai havia garantido isso.

— Você conseguiu a aprovação da fábrica? — pergunto em vez de dar uma resposta. — Ou ainda está pendente?

Jungkook me dá um olhar fixo.

— Está na mesa do presidente enquanto falamos. Ele prometeu me devolver amanhã.

— Bom.

É um negócio no qual trabalhei por vários meses antes de deixar Moscou e quero ter certeza de que será aprovado.

— E a conta de crédito fiscal?

— Progredindo como esperado. — Meu irmão inclina a cabeça. — Por que a ligação tarde da noite? Tudo isso poderia ter esperado até amanhã.

— Só estou tendo problemas para dormir. — Eu encolho os ombros.

— Tem algo a ver com Tae? — O olhar de Jungkook se aguça.

— Não. — Pelo menos não da maneira que ele pensa. — Onde está Namjoon?

Quero que sua equipe faça um mergulho ainda mais profundo em S/n Emmons, com um foco específico no mês passado.

Preciso saber o que ela fez e para onde foi enquanto estava fora da rede.

— Berlim — responde Jungkook. — Adquirindo mais servidores.

— De novo?

É a sua vez de encolher os ombros. Na minha ausência, meus irmãos dividiram as responsabilidades de acordo com seus interesses e pontos fortes, com a tecnologia caindo diretamente no domínio de Namjoon. Não que nunca tivesse sido diferente; mesmo quando estávamos na escola primária, nosso irmão mais velho dava de dez a zero entre os principais programadores do país.

A principal diferença agora é que Jungkook fica fora dos negócios de Namjoon, deixando-o fazer o que quiser, ao passo que quando eu chefiava a organização familiar, supervisionava tudo, inclusive as aventuras dark web de Namjoon.

— Tudo bem — digo. — Vou entrar em contato com ele lá. Agora, me conte o resto.

E Jungkook o faz. No momento em que encerramos a ligação, sinto que estou de volta ao circuito – ou, pelo menos, o tanto quanto eu posso estar vivendo a meio mundo de distância. Muitos dos nossos negócios acontecem pessoalmente, em festas de galas, óperas e restaurantes sofisticados frequentados por corretores de energia do Leste Europeu.

Você não pode subornar sutilmente um político por e-mail, não pode intimidar um fornecedor para que lhe dê um desconto pelo Skype. É tudo sobre o tête-à-tête com as pessoas certas, estar no lugar certo na hora certa – e não deixar rastros, digitais ou de outro tipo, se você tiver que cruzar um limite para fazer as coisas.

Desligando meu laptop, tiro o roupão e vou até a janela, onde uma meia-lua escondida parcialmente atrás de uma nuvem fornece iluminação suficiente para distinguir o topo das árvores na encosta da montanha. Ainda estou tenso, todos os músculos do meu corpo estão tensos. A ligação me distraiu, como esperava, mas agora que acabou, estou pensando em S/n de novo. Desejando-a novamente.

Caralho.

Talvez eu não devesse ter deixado ela sair da mesa. Gostei de seu nervosismo, a cautela em seus lindos olhos castanhos. Ela me lembrava uma lebre selvagem, pronta para fugir ao primeiro sinal de perigo, e eu queria persegui-la, se o fizesse.

Mas eu não o fiz. Eu deixei-a ir. Ela parecia cansada, e não o tipo de cansaço por alguém dormir mal por uma ou duas noites. Era uma exaustão profunda e total. Suas roupas estavam soltas, como se ela tivesse perdido peso recentemente, e seus traços delicados eram mais nítidos do que nas fotos, seus olhos rodeados por sombras profundas. O que quer que tenha acontecido com ela a levou à beira de um colapso, e naquele momento, quando ela se levantou de sua cadeira, tão frágil e corajosa, eu senti uma estranha necessidade de confortá-la... protegê-la de quaisquer demônios que haviam gravado sinais de tensão em seu rosto.

Não, isso é idiota. Eu mal conheço a garota. Eu não queria forçá-la ao ponto de ruptura, isso é tudo.

Caminhando até o meu armário, coloco short e tênis de corrida e saio do quarto. Talvez seja bom que eu a deixe em paz esta noite. Amanhã, irei entrar em contato com Namjoon e iniciar o processo de descobrir seus segredos. Nesse ínterim, não faz mal deixá-la descansar, se orientar... aclimatar-se com a ideia de que eu a quero.

Não importa o que meu pau pense, não há pressa.

Afinal, ela está aqui agora e não vai a lugar nenhum.

Devil's lair (A Obsessão Kim) - Imagine Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora