Capítulo LXIII

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S/n

Poucos minutos antes da hora oficial do almoço, ao meio-dia e meia, Lyudmila vem para levar Tae para baixo.

— Taehyung vem com comida logo.

Ela diz em seu inglês com forte sotaque, presumindo corretamente que os sons de rosnado do meu estômago indicam fome. Eu sorrio para ela timidamente, mas ela já está empurrando Tae porta afora enquanto fala com ele em um russo rápido.

Com certeza, Taehyung aparece com uma bandeja ao meio-dia e meia em ponto.

— O que há com a adesão do estilo militar a horários de refeição específicos?

Eu pergunto enquanto ele se senta ao meu lado e coloca a bandeja na mesa de cabeceira antes de destapar os pratos com um cheiro delicioso.

É algo que venho pensando há dias, mas não tive a chance de perguntar – e acho que essa pergunta é muito mais fácil de responder do que as outras que preparei.

Um sorriso irônico levanta um canto dos lábios sensuais de Taehyung.

— Você acertou: é um resquício do militarismo. Mais especificamente do tempo de Pavel no serviço militar. Ele dirige nossa casa desde que saiu do exército, há cerca de trinta anos, e esta é uma de suas regras. Eu não me importo. Eu cresci assim, então, acho que é um ritual reconfortante.

— E quanto ao traje formal no jantar? Isso também é coisa do Pavel?

Isso seria estranho, dado que nunca vi o urso russo em qualquer coisa que se parecesse com um terno ou smoking, mas há muita esquisitice nesta casa.

Os minúsculos músculos ao redor dos olhos de Taehyung se contraem, embora o sorriso permaneça em seus lábios.

— Não exatamente. Isso é algo que minha mãe insistia. Ela dizia que precisávamos de algo bonito em nossas vidas para encobrir toda a feiura.

— Oh, entendo.

Meu pulso acelera com antecipação. Esta é a primeira vez que ele fala sobre sua mãe para mim – de qualquer um de seus pais, na verdade. Tudo o que eu sabia antes das revelações aterrorizantes de Jennie era que seus pais estavam mortos.

— Aqui — Taehyung diz, trazendo um pedaço de pão francês com manteiga e caviar aos meus lábios. — Abra.

Eu obedientemente mordo a oferta gourmet como a inválida que ambos fingimos que sou. Minha mente não está em nosso joguinho estranho, no entanto; está agitada com todas as perguntas. Ainda há muito que não sei sobre meu protetor perigoso e preciso saber.

Preciso saber de tudo, porque uma pequena parte irracional em mim ainda espera que seu lado sombrio não seja tão ruim quanto parece.

Eu deixei que ele me alimentasse com alguns dos outros aperitivos na bandeja, bem como o peixe branco escamoso com molho de limão e batatas escalopadas que é o prato principal, e quando ele muda para a sobremesa – peras escalfadas com groselha preta e nozes com mel – Eu ajeito minha postura e começo o meu interrogatório planejado.

— Então — digo da maneira mais casual que posso —, vocês são da máfia?

Tenho certeza de que já sei a resposta para isso, mas posso muito bem ouvir de uma fonte segura, muito linda por sinal.

Para minha surpresa, em vez de se encolher na ofensa ou raiva, a dita boca se contorce com diversão.

— Não, zaychik. Pelo menos não da maneira que você imagina. Não usamos drogas ilegais ou armas ou qualquer coisa nesse sentido – isso é mais da preferência dos Kang Leonovs. A grande maioria de nossos negócios é legal e honesta, e a pequena parte que não, está sob o domínio de Namjoon – dark web, hacking, invasão de mídia social, todo aquele jazz de alta tecnologia.

Devil's lair (A Obsessão Kim) - Imagine Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora