Capítulo XXIX

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S/n

Não sei qual é o quarto de Jennie, mas tem que ser perto do meu para ela me ouvir nas duas noites. Segurando o laptop contra o peito, bato na porta mais próxima do meu quarto e, quando não obtenho uma resposta, passo para a próxima.

Ainda sem sorte.

Tento mais três portas de quarto, além do escritório de Taehyung, com a mesma falta de resultados. O único cômodo que resta é o de Tae, e como tudo está tranquilo lá, ele já deve estar dormindo.

Suprimindo minha frustração, desço as escadas. Tenho certeza de que o quarto de Lyudmila e Pavel fica perto da lavanderia; eu ouvi suas vozes de lá quando eu estava tirando minhas roupas da secadora ontem. Felizmente, Lyudmila ainda não foi para a cama e pode fornecer a senha ou localizar Jennie para mim.

Ninguém responde a essa batida também – nem Lyudmila está na cozinha ou em qualquer uma das outras áreas comuns no andar de baixo. Estou prestes a desistir e voltar para o meu quarto quando uma risada distante chega aos meus ouvidos.

Está vindo de fora.

Finalmente.

Deixando o laptop em uma mesa de centro na sala de estar, corro para a porta da frente e saio para a escuridão fria e nublada. Não está mais chovendo, mas o ar ainda mantém um frio úmido, com nuvens grossas bloqueando todos os sinais de luar. Se não fosse pela luz que se derrama pelas janelas e pelas luzes do caminho solar que revestem cada lado da calçada, estaria escuro demais para ver. Como está, ainda é mais do que um pouco assustador, e envolvo meus braços em mim mesma para parar de tremer enquanto caminho em direção à parte de trás da casa, seguindo o som de vozes.

Encontro Jennie e Lyudmila sentadas em um par de pedras perto da beira do penhasco, uma pequena fogueira crepitando alegremente na frente delas. Elas estão rindo e conversando em russo – e, eu percebo quando me aproximo, compartilhando um baseado.

O cheiro de erva da maconha é inconfundível.

À minha chegada, elas se calam, Lyudmila me olhando com desânimo aberto e Jennie, com sua expressão enigmática de costume. Dando uma tragada profunda, a irmã de Taehyung sopra lentamente a fumaça e estende o baseado para mim.

— Quer um pouco?

Hesito antes de pegá-lo cuidadosamente dela.

— Claro, obrigada.

Eu não sou estranha à maconha, tendo fumado mais do que o meu quinhão no meu primeiro ano de faculdade, mas já faz um tempo que eu não o faço.

Costumava me ajudar a relaxar, no entanto, e eu poderia usar isso esta noite.

Sento-me em uma pedra ao lado de Jennie e inalo uma golfada de fumaça, apreciando o gosto acre e de grama, depois, passo o baseado para uma Lyudmila de aparência cautelosa. Jennie murmura algo para ela em russo, e a outra mulher relaxa visivelmente. Dando uma tragada, passa o baseado para Jennie, que dá uma tragada e passa para mim, e assim vamos em círculo, fumando em um silêncio amistoso até que só fique um tocozinho inútil.

— Eu disse a ela que você não vai nos delatar para o meu irmão. — Jennie joga o toco no fogo e observa a explosão de faíscas resultante. — Ou o marido dela.

— Eles não gostam de maconha?

Minha voz está rouca e suave, minha mente agradavelmente confusa. Mesmo a perspectiva de aborrecer meu patrão não me incomoda agora, embora eu saiba que deveria. Além disso, Jennie é tecnicamente minha patroa também e ela me ofereceu o baseado, então, não tenho culpa. Ou tenho? Talvez só Taehyung seja meu patrão?

Devil's lair (A Obsessão Kim) - Imagine Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora