Capítulo LXXXI

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S/N

Eu atravesso a manhã por pura força de vontade, continuando minhas aulas com Tae com um sorriso, apesar da ansiedade destruindo meus nervos. Ajuda que Taehyung não apareça no café da manhã, trancando-se em seu escritório com Pavel. Na verdade, eu não o vejo de forma alguma, exceto brevemente no corredor, quando ele passa por mim com nada mais do que um olhar acalorado e um murmurado "com licença, zaychik".

É como se a noite passada nunca tivesse acontecido, como se meu corpo não carregasse a marca de sua posse e meu estômago não estivesse em nós enquanto tento criar coragem para confrontá-lo.

Só às onze é que o primeiro sinal das mudanças que virão aparece. A essa altura, fiquei esperançosa de que Taehyung mudou de ideia e que sua ameaça era vazia, afinal. Mas não. Entro em meu quarto e encontro Lyudmila em meu armário, pegando dezenas de vestidos junto com seus cabides e passando por mim sem uma única palavra.

– Ei! – corro atrás dela enquanto ela caminha rapidamente pelo corredor. – O que está acontecendo?

Ela lança um olhar de soslaio para mim enquanto eu a alcanço.

– Você se muda hoje. Para o quarto de Taehyung, não?

– O quê? Não! Dê-me isso.

Tento arrancar as roupas dela, mas ela se mostra surpreendentemente ágil. Evitando meu movimento, ela corre para o quarto de Taehyung, em seguida, surge trinta segundos depois e segue em direção ao meu quarto.

Caralho.

Eu corro atrás dela.

– Não faça isso. Deixe como está.

Ela não escuta, pegando outro lote de roupas e passando por mim, seu rosto de boneca matryoshka desprovido de qualquer expressão.

– Se você ficar no caminho, peço ajuda Pavel.

Droga.

Cheia de raiva, eu dou um passo para trás e a deixo fazer suas coisas. A alternativa - lutar fisicamente contra ela e sua montanha de marido - seria inútil e estúpida. Quem se importa onde minhas roupas ficam? É o que esse movimento significa que importa.

Taehyung está tirando meu quarto, meu espaço privado... meu único refúgio dele.

Não consigo mais postergar o confronto. Se eu não quero me tornar sua esposa hoje, eu tenho que agir.

Deixando Lyudmila fazer o que quiser com meu armário, vou até o escritório de Taehyung e bato com decisão na porta.

– Sim?

– É S/n.

Minha voz está baixa e furiosa, minha raiva mandando o cuidado às favas.

A porta se abre, revelando a estrutura grande e de ombros largos de Taehyung. Apoiando um antebraço musculoso no batente da porta acima de sua cabeça, ele passa o olhar pelo meu corpo. Quando seus olhos voltam para o meu rosto, eles são um ouro brilhante e predatório.

— O que é, zaychik?

— Nós precisamos conversar.

Ele dá meio passo para trás, seus lábios sensuais se curvando com diversão sombria.

— Entre, então.

Ele ainda está parcialmente na porta, então, eu não tenho escolha a não ser passar por ele. Meu ombro roça seu peito musculoso e pego um leve cheiro de bergamota e cedro, misturado com o almíscar atraente da pele masculina quente. Um calor familiar queima minhas veias, minhas entranhas ficando macias e líquidas, apesar da fúria queimando em meu peito.

Biologia do caralho. Esta é a última coisa de que preciso.

Cerrando os dentes, vou até a mesa redonda, onde me jogo em uma cadeira, meus olhos fixos em seu rosto de forma desafiadora. Eu me recuso a deixar meu corpo ditar minhas ações, para que as necessidades sexuais decidam meu destino.

Não vou casar com este homem lindo e amoral, se puder evitar. Não importa como eu responda a ele na cama.

— Então...

Ele se inclina para trás, entrelaçando seus longos dedos sobre sua caixa torácica. Sua voz é sedosa enquanto ele diz baixinho:

— Você queria conversar.

Tive toda a manhã para pensar na melhor maneira de abordá-lo, mas ainda me encontro com a língua presa, meus pensamentos em uma confusão caótica. Em parte, é a maneira como ele está me olhando, com aquele meio-sorriso cínico e zombeteiro, como se ele já tivesse olhado para o futuro e soubesse exatamente o que vou fazer e dizer. Mas, principalmente, é a resolução fria que sinto nele. Os argumentos que ensaiei de repente parecem inadequados, a própria premissa de negociar com ele profundamente falha.

— Como você está planejando fazer isso?

Eu deixo escapar finalmente. Não é o que eu iria fazer, mas eu tenho que saber o que está reservado para mim se eu falhar.

— Como você pode me fazer casar com você contra a minha vontade?

Os músculos ao redor de seus olhos se contraem minuciosamente, mesmo quando o sorriso permanece em seus lábios.

— Contra sua vontade? É essa a mentira que você está se alimentando, zaychik? Que você está sendo forçada?

O sangue corre para o meu rosto, raiva misturada com vergonha ilógica.

— O que você está dizendo?

— Estou dizendo que estou lhe fazendo um favor. — Seu sorriso fica mais nítido. — As decisões podem ser um fardo pesado, especialmente quando suas ideias sobre o que é certo conflitam com seus desejos reais.

Minhas unhas pressionadas em minhas palmas.

— Eu não quero me casar com você. Você propôs e eu disse não, lembra?

— Ah, sim. — Ele se senta para frente bruscamente, o sorriso desaparecendo de seu rosto. — Algumas coisas são destinadas a serem assim. Um dia, você verá e será grata, zaychik. Por enquanto, farei o que for preciso.

— Que é o quê? Trazer algum tipo de oficiante aqui? E depois? Como você vai me fazer dizer sim?

Ele não responde, apenas se inclina para trás com uma expressão inescrutável, e minha imaginação dá um salto.

Olhando para ele com horror, eu sufoco:

— Você vai me drogar, não é? Esse é o seu plano.

Devil's lair (A Obsessão Kim) - Imagine Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora