Capítulo 110.

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Assisto minha mãe levantar da cadeira e seguir até o banheiro e volto minha atenção para meu pai, que ri de alguma merda que o Sandro fala

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Assisto minha mãe levantar da cadeira e seguir até o banheiro e volto minha atenção para meu pai, que ri de alguma merda que o Sandro fala.

Com uma sensação pesada no peito olho para o banheiro novamente e levanto ao ver minha mãe trêmula andando em minha direção.

Ela soluça alto apontando pro local e sem esperar que diga nada, corro em direção ao mesmo ouvindo passos apressados atrás de mim.

Com brutalidade empurro a porta de acesso ao ambiente e estremeço com a cena que encontro, minha mulher está no chão, com o rosto cheio de sangue, enquanto um infeliz está em cima dela arrancando sua calcinha.

Com um único passo eu alcanço o homem pelo casaco e o jogo do outro lado do banheiro, vendo só então ser o ex filho da puta dela.

Parece que minha chance de matar ele finalmente chegou.

Ele arregala os olhos quando me vê ir pra cima de si e tenta cobrir o rosto assim que meu punho se fecha e vai em direção ao seu rosto.

Ouço mais vozes no banheiro, mas tudo que consigo fazer e focar no momento é em matar o desgraçado que ousou tocar na minha mulher, que ousou tentar abusá-la. Ele grita a cada novo soco e se contorce tentando sair debaixo de mim.

- Seu filho da puta. - Falo sentindo meu peito se contorcer em ódio e vendo tudo vermelho, porque além do sangue que se espalha em seu rosto e em minha mão, parece que cheguei no inferno e virei literalmente o diabo de tanto sentimento ruim que sinto atravessar minhas células.

Sinto um impacto a mais no corpo dele e vejo ser o pé do meu pai que o chuta com força na costela e pernas. Minha atenção fica toda na cara já desfigurada do infeliz e a cada novo suspiro de dor que ele da, a imagem dele em cima da Agatha voltam em minha mente, me deixando ainda mais possesso de raiva.

- Calma porra. - Ouço falarem atrás de mim e pego a cabeça do infeliz, batendo com ela no chão com força três vezes.

Meu corpo é erguido, retirado de cima do dele e tremendo de raiva tento voltar ao trabalho de matá-lo ao vê-lo ainda gemendo de dor, mas meu irmão e o Sandro me seguram com força.

- Desgraçado. - Meu pai fala alto e vejo a cabeça do infeliz virar de lado, enquanto seu corpo se move com o chute violento que ele recebe nas costelas.

- Kevin, filho! - Ouço a voz angustiada da minha mãe e meu corpo estremece de medo, mas um medo diferente de qualquer um que já senti na vida. - Ela tá sangrando muito, tá perdendo o bebê.

As palavras dela entram por meus ouvidos e minha alma parece sair do corpo quando viro o rosto para minha mulher. Ela tem uma toalha cobrindo sua intimidade e a mesma está cheia de sangue.

Com uma reação automática do meu cérebro, me desvencilho dos dois homens que me seguram e corro ao socorro da minha mulher.

- Vou buscar o carro. - Ouço a voz assustada do Sandro gritar e logo a portar do banheiro e batida.

Com cuidado e sentindo meus olhos se encherem de lágrimas, pego minha mulher no colo fazendo o pano encharcado de sangue cair, mas logo o mesmo é substituído por um paletó preto. Minha mãe me ajuda a socorrer minha mulher e pressiona a tecido contra a intimidade dela, me acompanhando então pra fora do banheiro.

Os passos atrás de nós são tão urgentes quanto os nossos e me tremendo inteiro eu praticamente corro em direção a saída com a Agatha desmaiada contra meu peito.

- Vai fica tudo bem amor, nosso bebê vai ficar bem. - Falo em meio a um soluço desesperado, como se ela pudesse me ouvir. Agradeço mentalmente quando vejo o carro do meu amigo parar em frente a estradinha de pedras, quase derrapando pela velocidade.

Meu pai abre a porta do veículo pra mim e eu entro seguido da minha mãe. Ela soluça baixinho e eu ajeito minha mulher em meus braços, a embalando levemente.

- Vai ficar tudo bem, preta, vai ficar tudo bem. - Murmuro deixando o choro, a dor e o desespero virem com força, enquanto o carro acelera pra longe do salão de festas.

Com o alerta ligado meu amigo atravessa todos os sinais vermelhos, quase bate o carro umas cinco vezes, mas no final nos faz chegar no hospital em um tempo recorde que só um policial extremamente treinado conseguiria.

A porta é aberta para sairmos e sem conseguir esperar por minha mãe, saio carregando minha mulher nos braços e gritando por ajuda na emergência do pronto atendimento, que logo chega e leva minha mulher. Tento a todo custo acompanhar a maca, mas os médicos plantonistas me impedem e fecham a porta na minha cara.

Minhas pernas cedem e meu corpo cai no chão totalmente sem forças, me deixo chorar igual a uma criança ao sentir os braços do meu pai em minha volta e me apego a ele, que tenta me dar apoio e me acalentar.

Fecho meus olhos sentindo a dor absurda que se expande em meu peito, ouvindo também o choro angustiado do meu pai e da minha mãe.

- Kevin. - A voz brava do Sandro me chama e me obrigo a me acalmar um pouco para ouvir o que ele tem a dizer. Meu amigo só fala assim quando é em relação a algo profissional. - Vou voltar pra lá e assumir o caso desse infeliz, fica aqui e qualquer coisa me liguem.

Assinto em silêncio, confiando fielmente no Sandro e volto a me encolher contra o corpo do meu pai, me sentindo apenas um garotinho que foi terrivelmente machucado. Ele acaricia minha cabeça com calma e me embala como fazia anos atrás quando eu caia de bicicleta e ralava o joelho.

Minha mãe se senta do meu outro lado e segura minha mão, enquanto sua cabeça deita em meu ombro e ela chora baixinho, tão ferida quanto eu.

Fecho meus olhos tentando controlar meus pensamentos e quando volto abri-los, vejo minhas mãos sujas de sangue, não só daquele filho da puta, mas também da minha mulher.

Com um soluço baixinho escapando dos meus lábios eu aliso minha aliança e oro silenciosamente para Deus proteger minha mulher e meu filho.

[...]

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