Capítulo 111.

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Passo a mão no cabelo já angustiado com a demora por informações e me levanto pela décima vez daquela cadeira dura da recepção do pronto socorro

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Passo a mão no cabelo já angustiado com a demora por informações e me levanto pela décima vez daquela cadeira dura da recepção do pronto socorro.

Com o passar do tempo, minha mãe e uma enfermeira me fizerem ir me limpar no banheiro disponível ali, meu irmão mais velho chegou trazendo uma camiseta limpa pra mim e também meus sogros que ficaram desesperados com a notícia do que aconteceu. Como eles estavam com as crianças, a Aline ficou na casa deles com os mesmos para que eles viessem aguardar comigo.

- Calma meu filho, vai ficar tudo bem. - Minha mãe tenta inutilmente me acalmar, pela milésima vez seguida.

Amasso o copo de água que recém utilizei e o jogo no lixo, voltando então minha atenção para o corredor por onde minha mulher foi levada, bem no exato momento em que um dos médicos sai de lá me olhando.

Meu corpo estremece em expectativa e rapidamente caminho até ele, o vendo com um semblante cansado. Não julgo, devo estar no mesmo nível.

- Como ela tá? - Pergunto direto e torço meus dedos na barra da minha camiseta, louco pra pegar o homem pela gola da camiseta e o sacudir.

- Está estável, acordada e pediu para te chamar. - Ele fala abrindo um meio sorriso e me aponta o caminho da porta.

Viro meu rosto vendo minha família e sogros chorando de alívio e sem conseguir dar atenção a eles, viro para o médico e o sigo corredor a dentro.

O quarto onde Agatha está, fica logo no começo do corredor e assim que entro, vejo minha mulher com o olhar fixo na tela de ultrassom. Rapidamente ando até ela quando a mesma nota minha presença e tomo seu rosto abatido em minhas mãos.

-Eu tô bem amor. - Ela fala baixinho e sorri minimamente, trazendo sua mão para acariciar meu rosto. - Nós estamos bem.

Meu coração infla novamente no peito e finalmente eu suspiro aliviado, vendo que ela está fisicamente bem, mas emocionalmente está bem abalada. Beijo os lábios dela com carinho e me afasto para olhar para a tela disposta ao nosso lado, querendo informações do nosso filho.

- Olha papai, como já expliquei pra essa mocinha, foi bem difícil controlar o sangramento e segurar a gestação. - O médico diz ainda focado em seu exame minucioso. - Sua esposa teve um descolamento de placenta bem grave e por sorte, consegui controlar a situação.

Volto meu olhar para a Agatha e a vejo sorrir tranquila, parecendo um pouco dopada de remédios ou relaxa demais.

- Por ser uma gestação extremamente recente, que recém completou três semanas, tudo que acontece é de extremo risco. Então recomendo que ela fique aqui hoje em observação e as próximas quatro semanas de repouso, só saíra da cama para ir ao banheiro ou tomar um banho, entendido? - O médico fala e me olha sério, como se me julgasse um péssimo marido.

- Com certeza. - Falo e volto a olhar para minha mulher, ela suspira encontrando meu olhar e desliza a mão pela minha, a apertando. - Vai ficar sob minha supervisão e da nossa família.

Agatha da uma risadinha leve e fecha os olhos, deixando seu cansaço transparecer através daquele ato.

- Vou deixar ela descansar, qualquer coisa me chama. - O médico fala e nem sequer olho pra ele, estou focado demais em analisar minha mulher e suas feições abatidas.

Só me movo de lugar quando ficamos a sós e então eu a ajeito na maca e cubro seu corpo com um cobertor quentinho que há ali. Ao ver que ela dormiu, puxo a poltrona pra perto e seguro sua mão firmemente, me apegando a ela como se fosse meu maior porto seguro.

Com minha testa encostada em sua mão, agradeço em uma breve oração pela bondade de Deus por ter permitido a continuidade da gravidez. Nada do que aconteceu hoje, poderia ser pior do que a perde de um novo bebê na vida da minha mulher, não gosto nem de pensar no quanto ela sofreria e desistiria de lutar caso isso acontecesse.

Beijo a mão da Agatha com carinho e suspiro pesadamente sabendo que as próximas semanas serão extremamente cansativas e de muita luta para todos nós, mas também sei que nossa família estará lá para nos dar todo o apoio possível.

Não sei quanto tempo se passa que estou ali perdido em meus pensamentos, perdido em meio às minhas orações, só volto para a realidade atual quando Agatha acorda e pede para ver nossos familiares, sabendo que provavelmente estão na recepção preocupados.

Com um último beijo em sua mão e testa, eu saio do quarto prometendo que logo volto e dou a chance para que cada pessoa que se importa com ela, entre para vê-la e apoiá-lá.

Cansado me despenco na cadeira da recepção e olho para meu pai, que tem um semblante tão abatido quanto o meu.

- Miguel fica lá comigo hoje, vou explicar pra ele que a Agatha tá doente e amanhã o levamos pra sua casa quando vocês chegarem. - Meu velho fala amoroso e aperta meu joelho. - E vou ver pra trazer roupa limpa e produtos de higiene pra vocês mais tarde.

- Valeu pai. - Agradeço com a voz baixa e deixo com que ele me puxe para seu peito, me apertando em seguida em um abraço de conforto e amor.

- Tudo por você filho. - Ele sussurra depois de deixar um beijo em minha cabeça e começa a acariciar minhas costas, sabendo que ainda preciso do máximo de apoio e carinho possível.

- Tudo por nós. - Sussurro a frase que usávamos quando eu era criança e fecho meus olhos, me entregando por alguns minutos ao cansaço extremo que atravesse meu corpo.

[...]

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