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JAIME

Eu queria me manter longe. Eu sabia que não poderia ter nada dele a não ser o ódio que ele nutria por mim que eu sabia que ele só suportava por causa daquela obrigação de monitoria.

Sendo bem sincero, não foi como se eu não tentasse parar de pensar nessa...paixonite pelo Marcelo. Eu tentei. De todas as formas que dá pra imaginar, até mesmo ficar com outras pessoas. Mas aquele insuportável grudou na minha mente de um jeito que não sai nem com reza braba.

E aí, ele me pediu pra ajudá-lo num projeto social pra empresa do pai dele. E disse que ficou pensando no que eu falei sobre "usar os privilégios" para ajudar pessoas que não os têm. E...confesso que fiquei até um pouco orgulhoso do projeto que ele fez, não só pela temática, mas por toda a história por trás dele. É bom saber que contribuí um pouco pra que ele fosse feito.

Mas aí as coisas ficaram mais estranhas quando eu comecei a falar sobre a minha vida- depois que ele perguntou - e, já que ele já tinha me confessado algumas coisas sobre si, eu também fiz o mesmo, falando sobre como era difícil ser forte por todo mundo, mas não ter ninguém pra ser forte por você e aí ele disse que me seguraria se eu desabasse. Logo o Marcelo.

Com essa fala, ele só deixou as coisas mais confusas pra mim. Ou talvez mais claras. Ele sente o mesmo por mim?

Passei o caminho pra casa inteiro pensando nisso, tentando silenciar essa confusão no meu peito, querendo não me iludir por um playboy que não sentia a mesma coisa por mim. Mas era impossível. Eu nunca me senti assim. Por ninguém. Esse medo, essa incerteza e, o que é pior, não ter vontade alguma de partir pra outra.

Tá bom, acho que eu já sei o que preciso fazer. Preciso arriscar, preciso tentar porque...se ele disser que não, eu me convenço de uma vez que entendi tudo errado. Mas...se ele disser que sim, posso me permitir acreditar que a gente pode dar certo.

Dia seguinte...

Estávamos, mais uma vez, os dois juntos na biblioteca, trabalhando tanto no projeto dele pra empresa do pai, quanto pra uma outra tarefa da monitoria. Eu estava repassando na minha cabeça várias formas de perguntar se ele queria sair comigo, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Então, resolvi parar de enrolar e perguntar logo de uma vez.

— Então...– inicio e ele se vira pra mim, me olhando com atenção.– Você está a fim de sair comigo esse final de semana?– finalmente pergunto

— Me chamando pra um encontro, Negrete?– porque é claro que ele não ia perder a chance de debochar de mim.

— E se for? Você diria sim, ou não?— devolvo a provocação

— Acho...que sim. – Marcelo diz e assinto sorrindo, feliz por ele ter aceitado, algo que eu estava com medo de não acontecer.– Então...como a gente faz?

— Bom, no Sábado eu tô de folga. Você...me busca na rodoviária. Pode ser?

— Claro. Pode sim!— diz e sorrio, vendo que ele parecia feliz por causa do encontro.

O sábado chegou rápido, mas confesso que fiquei nervoso com a possibilidade de como as coisas iriam mudar depois de hoje.

— Está tão bonito, meu menino...— minha mãe diz ao me ver.– E tão cheiroso...

— A senhora acha, mamãe?– pergunto ajeitando meu cabelo de novo e ela assente, me dando um abraço apertado.

—A...moça que vai se encontrar com você vai ter muita sorte. Ou seria um rapaz?

— A senhora vai saber em breve se tudo der certo hoje...— dou um beijo em sua testa, me despedindo e saio rumo à rodoviária, pra pegar o ônibus para a Cidade do México.

A viagem não demora muito e, assim que desço do ônibus, vejo que o Marcelo já estava ali, me esperando.

— Meu Deus, você tá aí há muito tempo?– pergunto, mas ele me olhava numa espécie de transe– Marcelo?

— Oi?– pergunta.

— Você tá aí há muito tempo?

— Ah...não. Acabei de chegar, na verdade. Você tá...bonito.– diz, sincero.

— Obrigado. Você também não tá nada mal...– digo.

— Então, vamos?— pergunta e assinto, entrando no carro dele. A foto da sua mãe ainda no painel do carro

Indico o caminho do lugar onde a gente ia, que era diferente do caminho do bar em que eu trabalhava.

— Que lugar é esse?

— Uma casa noturna. Uns...colegas meus me indicaram. Resolvi te trazer aqui.– digo e ele assente.– Sei que não é muito desses lugares que você tá acostumado, mas...é o melhor que eu posso fazer.

— Hey, eu prefiro tá?– diz e fico surpreso.– Não me achariam aqui, o que me deixa livre pra ser eu mesmo. Vamos...— E pega minha mão, indo comigo pra dentro do lugar. Era bonito e tocava várias músicas boas. Escolhemos uma mesa pra dois e pedimos as bebidas.

— Então...quem não te acharia?

— Os paparazzi. Meu pai não aguenta mais ver o nome da família nas páginas de fofoca dos jornais. E eu não aguento mais ouvir sermão dele...

— Então prefere vir pra bares e casas noturnas escondidos na periferia?

— Esse é o único jeito que eu tenho de ser eu mesmo. De fazer o que eu quiser e de...estar com quem eu quiser. Essa é a parte de mim que eu so permito sair quando não tem ninguém olhando, que poucas pessoas conhecem...– diz e me olha bem.

— E...eu posso ser uma dessas pessoas?– pergunto.

— Acho que você já está sendo...– diz e assinto sorrindo.

Continuamos conversando e nossas bebidas chegam. Também pedimos aperitivos para acompanhar e vamos conversando. A cada hora, parecia surgir mais um assunto.Quase no fim da noite, o cantor começou a tocar um clássico: Your Song, de Elton Jhon. Eu amo essa música

— Você... quer dançar?– pergunto pro Marcelo.

— Quero. Essa música é muito bonita...— diz e se levanta, começando a dançar comigo, depois de observar que diversas pessoas faziam o mesmo, não importando se era um casal de um homem uma mulher, duas mulheres ou...dois homens, como nós.

Marcelo coloca suas mãos ao redor do meu pescoço e nos mexemos de um lado pra outro. Tão próximos...

— Eu queria...muito fazer uma coisa, mas só se você deixar...– digo e vejo ele arregalar os olhos.

— O que?

— Eu posso te dar um beijo?– pergunto e ele não hesita em assentir. Com cuidado, aproximo meus lábios dos dele, beijando-o.  E ele não recua, ou interrompe, apenas aproveita.– Não sei como isso aconteceu mas, eu comecei a gostar bastante de você. Mais do que gostaria...

— Eu também gosto de você assim...– diz e começamos a rir, nos beijando de novo, ao som de Your Song.

"Eu sei que não é muito, mas é o melhor que eu posso oferecer. Meu presente é a minha música. E essa é pra você..."

E

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E...teve o beijo!!!!

E aí? O desenvolvimento do casal bom, ou vocês estão achando corrido?

Your Song| Jaime e MarceloOnde histórias criam vida. Descubra agora