LUKA
Isso estava acontecendo mesmo?
Ele tinha mesmo me dito que me corresponde e que quer ficar comigo?
A gente realmente se beijou?
— Por favor, me diz que isso não é um sonho...– peço, olhando pra ele com súplica.
— Se for, eu não quero mais acordar...– ele diz.– Me desculpa. Me desculpa por ter negado o que eu sinto por tanto tempo. É que eu...tinha medo. Ainda tenho medo.
— Medo do que?
— Do mundo, Luka. A gente era pequeno e nossos pais tentavam filtrar ao máximo as coisas que chegavam pra gente. Mas todo mundo que não via a relação deles como errada, nos via como irmãos. E é errado irmãos ficarem juntos. Pelo menos é isso que as pessoas sempre disseram.
— Não sei se lembra, mas no dia que nossos pais contaram que estavam juntos, há uns...quinze anos, depois da cerimônia de posse dele na presidência, quando ele foi me colocar pra dormir, eu perguntei se ele não tinha medo que as pessoas...falassem mal dele e do Jaime. Eu já tinha a consciência de que...as coisas não eram muito fáceis pra, mais tarde eu descobri, pessoas como nós. Sabe o que ele me disse?
— "Que se danem as pessoas, o que importa é o que a gente sente"?– imita meu pai e rio.
— Também. Mas ele disse que as únicas opiniões que importavam eram das pessoas que eles mais amavam na vida. Que éramos nós dois. As únicas opiniões que realmente importam são das pessoas que tão lá dentro. Nossos pais e a vovó Joana. E eles nunca nos julgariam. Muito pelo contrário.
— É, você tem razão. E você não acha...muito estranho que eu e meu pai tenhamos chegado exatamente na hora que você disse tudo que sentia por mim pro seu?
— Você não tá achando que...– digo, pensando que ele estava achando que eles dois armaram tudo.
— Me diga você. Conhecendo nossos pais, acha mesmo que o que aconteceu na sala do Marcelo foi uma pura coincidência?– ele pergunta e sorrio, negando, lembrando de como eles dois pareciam conter a euforia depois do episódio de hoje cedo.
— É claro que não! Eles dois armaram tudo!— coloco as mãos na testa.— Eles falam da gente, mas são piores que nós, meu Deus. Quando aqueles dois colocam algo na cabeça e pior, se unem, não tem como não conseguirem o que querem.
— E eles nunca esconderam que queriam que a gente ficasse junto...– ele diz, se aproximando de mim. – Seja lá qual fosse o plano, ele acabou dando certo no fim das contas.
— Você...realmente quer ficar comigo?– pergunto, com certo receio. Ele literalmente mudou comigo da noite pro dia. Eu conheço o Okane. Ele é impulsivo, decide as coisas rápido, e muda de ideia muito rápido. E se ele...algum dia, achar que não é isso que ele quer e me deixar?
— É claro que eu quero, Luka. Lembra quando você me perguntou se eu nunca lutei por alguém? Eu nunca lutei por ninguém porque a única pessoa por quem eu queria lutar era você...Eu sei que você pode não acreditar, mas eu quero fazer isso. Eu vou fazer isso. Eu também quero o que nossos pais tiveram com você. Principalmente o amor... – diz e se aproxima de novo, me beijando.– Agora, acho que temos que conversar com nossos pais né?
— Com certeza...— digo e ele pega na minha mão. Voltamos pra casa juntos e encontramos as nossas duas versões mais velhas sentadas no sofá, com sorrisos grandes nos rostos.— Certo, eu só vou perguntar uma vez...De quem foi a ideia?
— Do seu pai!– Jaime logo acusa, apontando pro meu pai, que o olha indignado
— E você como bom cadelinha dele aceitou, né, pai? – Okane pergunta do meu lado.– Vocês dois falam de nós, mas são piores.
— Não. Nós somos iguais a vocês. A versão mais velha que já teve uma história muito parecida com essa. – meu pai corrige– E não querem ver vocês repetindo ela. Queríamos deixar vocês perceberem o que sentem sozinhos, mas isso não ia acontecer tão cedo, então...tivemos que dar nosso jeito.
— Mas tinha que ser se metendo na nossa vida?
— Se não fizéssemos isso, não seríamos seus pais...– meu pai diz, sorrindo.– Por favor, só nos digam se deu certo?
Okane e eu nos olhamos e mostramos nossas mãos unidas pra eles, sorrindo ao nos beijar.
— Eu disse pra você que ia dar certo, amor!– meu pai diz, abraçando e beijando a bochecha do Jaime, enquanto nós rimos.
— Sim, meu bem. Você disse.
— Sabe como é, ele é um Colucci. A gente sempre tem razão...– digo com uma piscadela pro meu pai.
— Meu filho querido, é melhor saber bem onde está se metendo. Se apaixonar por um Colucci é um caminho sem volta. É só pros fortes...– Jaime diz sorrindo pro Okane.
— Que bom que isso os Negretes tiram de letra.– e pisca pro pai, me abraçando pelos ombros. Escutamos a porta ser aberta e logo Joana entra em casa.
— Olha só, se não são meus rapazes numa reunião de família...– ela diz sorrindo ao nos ver.— Por que estão todos tão alegres?
— Nossos meninos finalmente tomaram jeito, Joana! – meu pai diz sorrindo orgulhoso.— Eles estão juntos.
— Juntos tipo...juntos?– ela pergunta.— Ah, meu Deus finalmente!
— Como assim finalmente? Até a senhora, vovó?– Okane pergunta.
— Meu neto, eu sei reconhecer um casal quando vejo um. Quem você acha que ajudou esses dois a se reconciliarem?– aponta pros nossos pais. – Que bom que vocês ficaram juntos, meus queridos. Sejam muito felizes...
— Seremos, vovó!– dizemos juntos recebendo beijos nas bochechas dela.
Terminamos a noite comendo pizza e rindo juntos, assistindo um filme na TV.
Próximo capítulo tem um paralelo entre a história Lukane aqui e a história do Jaime com o Marcelo. Quem adivinha qual?
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Your Song| Jaime e Marcelo
RomanceComo teria sido a história de Lo Siento se o Gus não existisse?