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MARCELO

Já havia perdido a conta de quantos copos eu tinha bebido e já estava pra lá de alto, dançando as músicas que tocavam no bar, beijando e flertando com as garotas que passavam por ali. Não sei de onde a Pilar tirou que eu sinto alguma coisa além de ódio por aquele insuportável.

— Espero que, agora, você esteja convencida que não há a mais remota chance de eu...sentir algo por aquele cara!– digo ao me sentar do seu lado.

— E você está tentando provar pra mim por que? Isso mexeu com você. E, se mexeu e você tá tão afoito pra provar alguma coisa pra mim, é porque aí tem coisa...

— Amiga, acho que essa bebida não está te fazendo bem...– falo– Já tá até delirando, tadinha.

— Eu só tomei duas caipirinhas, Marcelo. Ainda estou perfeitamente sóbria. Tenho que dirigir, esqueceu? Quem tá bem bêbado é você. Como vai voltar pra casa?

— Eu não vou. Vou dormir na sua!– digo.

— Marcelo...você sabe que está brincando com fogo não sabe? Acho que o tio Alessio tá a ponto de te botar de castigo!

— Não seria a primeira vez. E isso nunca me domou...— digo e Pilar nega com a cabeça.

— Você não existe mesmo. E é melhor a gente ir. Tá ficando tarde. O pessoal já tá até indo embora.

E olho pro fundo do lugar. Onde antes havia vários garçons, agora só tinha dois. Observo o momento em que o Jaime sai da sala reservada aos funcionários e ele também olha exatamente na minha direção, soltando um risinho enquanto nega com a cabeça. Ele caminha até nós, mas fala com a Pilar.

— Oi, é...então... A gente já vai fechar...– diz pra ela– Tô vendo que a situação do seu amigo tá...feia. Quer ajuda pra levar ele pro carro?

— Eu não preciso de nenhuma babá!— digo.— Parem de falar como se eu não estivesse aqui!

— Eu adoraria...– Pilar me ignora e olha pra ele.— E se puder me dar seu número...

— Ah, Pilar. Você acha mesmo que esse pé-rapado sabe ao menos o que é um telefone?– digo rindo, jogando dinheiro na mesa.– Acho que isso paga as bebidas né?– e me levanto, dando uma leve tonteada. O Jaime é quem me segura.

— E não precisa de babá né?– pergunta rindo e me solto dele.

Mas o Jaime apenas pega uma caneta, um guardanapo e anota o número nele, entregando pra minha amiga.

— E pra sua informação, na minha casa tem telefone sim,  comprado com o dinheiro do meu trabalho.– diz pra mim e se vira pra Pilar– Tô de folga amanhã, se você quiser me ligar. E quanto a você, que tenha uma ressaca das brabas e nem se aguente em pé amanhã, pra me poupar de interagir contigo, playboy.– e sai de perto.

— Eu posso te fazer ser demitido, seu merdinha!

— Mas não vai, Marc.– Pilar diz e sai me puxando porta afora, até o carro dela.

— Você ouviu o que ele disse? Ele me desejou uma ressaca das brabas!

— Mas não é bem um mau olhado. Pelo tanto que você bebeu, não me surpreenderia que você acordasse mesmo de ressaca.

— Eu realmente não sei o que é pior. Você interessada nesse merda que acabou de me jogar uma praga, ou sequer achar que eu poderia ter qualquer interesse por ele.

— Você tá repetindo isso demais pro meu gosto...E o Jaime não é de se jogar fora, não. – diz e reviro os olhos.–  E já que você garantiu tão veementemente que não o quer...

Your Song| Jaime e MarceloOnde histórias criam vida. Descubra agora