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JAIME

Eu não acreditava no que tinha acabado de ouvir.

Meu...pai? Ali, na minha frente, depois de 30 anos?

— Não.– é a única coisa que eu consigo dizer.– Você não é meu pai!

— É claro que eu sou. Juan Mariano Córdoba.– diz o nome completo, ainda me fazendo lembrar do meu nome do meio horrível, colocado em homenagem àquele traste que agora estava na minha frente.– Seu...pai.

— Não! Meu pai morreu quando eu tinha 3 anos!– digo me afastando dele. Minha mãe e Marcelo se aproximam de mim e vejo a minha mãe vacilar quando olha a pessoa que estava na minha frente.– Você...ele...morreu pra mim no dia em que saiu por aquela porta e não voltou mais!

— Eu...não podia voltar.

— Até parece! 30 anos, Juan. Trinta anos. E você nunca se dignou nem mesmo a dar um telefonema que seja e agora vem dizer que não podia voltar?

— É a verdade! Eu não deixei de pensar em você e na sua mãe um só dia.

— E por que passou 30 anos longe? Nós nunca saímos daqui! Sabe quantas noites eu passei acordado, esperando que você voltasse pra casa? Quantos dias dos pais eu fiquei triste porque meu pai não estava presente? Você pensou nisso também? Não me interessa o que você possa ter a dizer, eu não quero ouvir! Faça como fez durante todo esse tempo e vá embora!

— Jaime...

— O senhor não ouviu? Vá embora!– quem fala por mim dessa vez é Marcelo e desa vez, o Juan de fato recua e sai de perto de nós, andando pela rua. Não é como se ele já não tivesse me dado as costas há trinta anos.

— Por favor, Marc...me diz que isso não aconteceu. – peço aconchegado em seus braços.

— Amor eu...eu não sei o que te dizer...— Ele fala sendo sincero e me abraçando.

— Eu não acredito...– minha mãe diz me olhando.– O seu pai realmente voltou?

— Esse homem não é meu pai, mãe. – digo e ela me abraça.– Se ele tentar se aproximar de algum de vocês, não deem ouvidos. Não vou permitir que ele entre nas nossas vidas de novo!

— Tá bom, tá bom...– Marcelo diz.– Agora vamos esquecer desse homem e terminar nossa mudança!

Sorrio, dando um beijo em sua boca e voltando pra onde nossos filhos.

— Quem era aquele homem, papai?– Oscar pergunta, vindo até mim– Por que ele te deixou triste?

— Ninguém importante, filho. Ninguém...— respondo meu filho, lhe dando um abraço apertado e me levantando em seguida, realmente fazendo o que o Marcelo havia me dito e terminando de arrumar as coisas.

Eu iria iniciar minha vida ao lado do homem que eu amo, com um emprego novo e não deixaria o meu passado que surgiu das cinzas me atrapalhar. Ele não tiraria minha felicidade de mim!

MARCELO

O Jaime havia ficado abalado com o fato do pai ter voltado depois de anos e isso era nítido. Ele se esforçou pra sorrir com o filho e parecer animado com a mudança pra minha casa e isso pode ter deixado o Oscar e até a Joana mais tranquilos.

Mas eu não.

Conheço esse homem melhor do que ele imagina, e estava mais que óbvio o quanto o retorno do pai mexia com ele.

— Tá bom, pra mim você não precisa fingir.– digo assim que entramos no nosso quarto, na minha casa, depois da mudança. Agora, Oscar e Luka dormiam um em frente ao outro e Joana num quarto no fim do corredor.– Essa pose de indiferente, que não se importa com a volta dele pode enganar a sua mãe, mas a mim não engana...

Your Song| Jaime e MarceloOnde histórias criam vida. Descubra agora