MARCELO
— Pela última vez: Não!– digo pra Luka, que me seguia pela casa inteira, tentando me convencer a levá-lo pra ver o amiguinho que ele fez, pois na sua cabecinha, só porque eu conhecia o pai dele, também saberia onde ele mora. Ele me acordou no domingo e passou o resto do dia me azucrinando por isso. Mas sobre esse assunto, eu não ia fazer a vontade do meu filho. Não podia.
— Mas...
— Sem Mas, Luka Colucci! Eu não vou dirigir pra casa do Oscar hoje só porque você quer brincar com ele! Isso tá fora de cogitação. Se quiser ir brincar no parque, eu levo você. Mas não vou fazer isso!— digo pro meu filho, que me olha com olhos chorosos e cheios de lágrimas.– Não, filho...
— Você nunca falou assim comigo! – e sai correndo da minha frente, batendo a porta do quarto.
— Que ótimo, agora meu filho me odeia.— digo, baixinho.
— Ai, Marc. Eu sinceramente nao entendo o porquê de todo esse drama...
— Você não entende? De todas as pessoas, a que mais devia entender era você!— digo.
Ontem, assim que eu cheguei do parque com meu filho, contei pra Pilar tudo que aconteceu entre mim e o Jaime. Ela apenas riu e disse que isso era um sinal do destino ou uma baboseira qualquer.
Um sinal de que eu devo ir embora daqui o mais rápido possível, só se for!
— Ah, Marc. É só só seu filho que quer ir brincar com o amiguinho novo dele. Que problema tem nisso? Você sempre fez todas as vontades do moleque e, de repente, surta e grita com ele? É óbvio que ele deve estar te achando a pior pessoa do mundo...
— O problema não é o amigo do Luka, Pili. Você sabe. O problema é o pai desse amigo...
— Anos se passaram, sua vida mudou, mas você nunca esqueceu o Jaime, não é?
— Não, Pili. E encontrar com ele deixou isso claro pra mim. Não sei se consigo conviver com o Jaime de novo sem...ceder. De alguma forma, eu nunca entendi, de fato, como um término tudo que aconteceu entre nós. E eu seria muito burro se quisesse voltar com ele depois de tudo que eu sofri.
— Eu penso diferente. Naquela época, vocez eram jovens e inexperientes, Marc. Você tinha acabado de romper com seu pai, e tinha sido deserdado. A única chance de mudar de vida era a viagem para os Estados Unidos. O Jaime sabia disso. Ele não ia conseguir te deixar desistir de algo por ele. E ele também tava numa fase difícil. Hoje você é o herdeiro de um império e a pessoa mais qualificada pra gerir aquilo ali. Você tem um filho e é viúvo, assim como o Jaime. Vocês não devem nada pra ninguém, Marc. É perfeitamente possível recomeçar a história de vocês de onde ela parou. Com dois acréscimos que, pelo visto, não vão se desgrudar nunca mais...
— Então você acha que eu...
— Se for mais fácil de te convencer, diga a si mesmo que vai fazer isso pelo seu filho, não pelo Jaime. Dá uma de Durão com ele. O Jaime sempre adorou brigar contigo...– ela diz e começo a rir.
— Preciso falar com meu filho.– digo e saio de perto da minha amiga, correndo pro quarto do Luka.– Filho...Solzinho, fala comigo...
— Não quero falar com você! Eu te odeio...– diz com a cara escondida no travesseiro.
— Poxa, isso me deixa tão triste...– digo sentando do lado dele.– Tao triste, mas tão triste, que o meu coração até dói. Ai!– digo fazendo uma encenação com a mão no peito, e ele olha pra mim de um dos lados do travesseiro.
— Dói?– ele pergunta.
— Dói, dói muito. – digo e ele se aproxima de mim. Pego ele no meu colo e começo a fazer cócegas.
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Your Song| Jaime e Marcelo
RomanceComo teria sido a história de Lo Siento se o Gus não existisse?