Após me decidir que ficaria na cidade e que não venderia a empresa, tive que resolver várias coisas: desde a papelada para assumir a presidência, até a matrícula de Luka na escola. Os avós dele até perguntaram se não seria melhor que ele voltasse pra lá, mas neguei. Não queria ficar longe do meu filho. Sugeri, porém, que eles viessem morar conosco e eles pareceram tentados pela oferta.
Eu sabia que eles tinham medo que, com o trabalho, eu deixasse nosso menino de lado, mas isso nunca aconteceria. Eu largaria todo meu trabalho por ele, sem nem pensar duas vezes. Se ele adoecesse, se machucasse ou precisasse de mim pra qualquer coisa, era com meu filho que estaria, não importa quantos mil investidores eu tivesse que deixar falando sozinhos. Depois de garantir isso a eles, os dois se acalmaram.
E sobre o Jaime, com tudo que aconteceu, não tive tempo de vê-lo de novo, nem de levar o Luka pra ver o Oscar.
— Papai, papai!– Luka entra animado e ofegante no meu escritório.
— Oi, solzinho. Por que tanta animação?
— Lembra que eu te pedi pra me levar pra ver o Oscar?
— Lembro! E eu já disse pra você que não dá, filho. Essa semana eu tô muito ocupado, mas na próxima a gente vai, tá bom?
— Não precisa mais! Eles tão aqui!
— Eles tão...o que?– pergunto pra ver se tinha entendido bem.
— O Oscar e o pai dele! Tão aqui, na nossa casa!— Luka diz animado.– Vem, papai!– e sai me puxando até a entrada, onde Jaime e Oscar estavam parados nos esperando.
— O que estão fazendo aqui?
— O...Oscar tava com saudades do Luka. E me pediu pra trazer ele aqui!
— Ué, papai, mas foi você que pediu pra vir...– o menino de cabelos cacheados fala e seu pai o olha com os olhos arregalados. Bendito anjinho que não sabe mentir!
— Tio, posso mostrar a casa pro Oscar?– Luka pergunta pra Jaime.
— Claro!– Jaime diz e as crianças desaparecem das nossas vistas num piscar de olhos. Só consigo escutar meu filho gritando um: "vou te mostrar meus brinquedos!" Antes deles subirem as escadas.
— Então...–inicio a conversa.– O Oscar tava com saudades do Luka, é? Que coisa feia, Negrete. Usando uma criança pra não admitir que tava louco pra me ver...Como sabia que eu estava aqui?
— Fui primeiro na casa da Pilar. Aí ela me disse que vocês estavam aqui. E sim, eu admito. Eu queria te ver...Colucci. E o Oscar também tava com saudade do Luka, então eu uni o útil ao agradável.
— E por que você queria me ver?
— Porque...eu sinto sua falta...– ele diz, sem rodeios.— Te reencontrar deixou isso bem claro pra mim.
— Sente? Porque no dia que você terminou comigo, tinha deixado bem claro que não sentiria.– digo, alfinetando ele. Não era porque eu queria ficar com ele que precisava correr para os seus braços no mesmo instante. Eu queria que ele sofresse nem que fosse um pouquinho.
— E você acha que eu falei a verdade? Eu sabia que aquele era o único jeito de você ir embora para os Estados Unidos, Marc! Eu não suportaria se você não realizasse seus sonhos por minha culpa. Você diz que eu não abri mão de nada por você, mas naquele dia, eu abri mão de tudo, Marcelo. Tudo! Porque eu sabia que a felicidade de te ter comigo jamais seria maior que a de te ver realizando seus sonhos, mesmo que eu não fizesse parte da sua vida.
— Eu abriria mão de tudo por você, Jaime. E jamais me arrependeria disso...Eu nunca me arrependeria de você.– digo chegando mais perto dele, acariciando seu rosto, aproximando cada vez mais nossos rostos –Se você me pedisse, agora, pra abrir mão de todo meu dinheiro, da minha empresa e da minha casa, por você, eu abriria. Eu até iria pra debaixo da ponte, se fosse com você e com os nossos filhos...– e colo nossos rostos, passando meus lábios pela sua pele.
— Eu nunca te pediria isso...– ele diz, suspirando, fechando os olhos com a sensação dos meus lábios na sua pele.
— Eu sei que não. Esse é o seu amor por mim. Altruísta. E hoje eu entendo isso. Mas não quer dizer que eu não faria exatamente o que eu te disse...
— Porque esse é o seu amor por mim. Intenso. E eu amo a sua intensidade...– diz e, finalmente, vira o rosto pra mim, colando nossos lábios, me beijando ali mesmo, na sala da minha casa, onde qualquer um poderia nos ver, inclusive nossos filhos, mas eu não me importava. Dez anos não são dez meses.
— Jaime...– digo quando nos separamos.– Nós não somos mais dois jovens de vinte anos. Temos filhos, responsabilidades e...não podemos perder mais tempo.
— Eu concordo com você. Se você me quiser de novo, Marc, eu vou te amar ate o resto dos meus dias. Se não quiser, eu também vou. Eu te amei todos os dias nesses dez anos e acho que vou amar até depois de morrer. A gente não vai se separar outra vez.
— Eu não aguentaria passar mais tempo sem você. E eu só precisava que você me dissesse que queria lutar por mim, Jaime. Porque eu sempre estive disposto a lutar por você. Nunca teve outro igual a você...
— Nem pra mim. Eu te amo, Marc...– diz e me dá outro beijo, colando nossos corpos.
Como eu senti falta de estar com ele desse jeito! Como eu senti falta de como o Jaime incendeia cada parte do meu corpo com seu toque, ou de como só ele consegue me tirar o fôlego com seu beijo. Suspiro quando, mais uma vez, nos separamos.
— Acho melhor a gente ver como tá a brincadeira dos nossos filhos antes que eu te jogue nesse sofá e faça amor com você bem aqui...– diz no meu ouvido, me dando arrepios
— Tinha me esquecido do quanto você é gostoso falando safadezas.– digo, sorrindo pra ele, beijando sua boca de novo.– Vem, vamos lá, ou não sei se vou conseguir resistir a fazer isso que você acabou de sugerir...
E subimos as escadas, correndo até o quarto do Luka, onde os dois brincavam com os carrinhos do meu filho. Não percebemos quando começa a chover do lado de fora, o que, querendo ou não, acabaria obrigando eles dois a dormirem em casa.
Vou estar mentindo se disser que eu e meu filho achamos isso ruim...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
E finalmente, se beijaram na segunda faseeee!
Será que eles vão dormir no mesmo quarto e matar a saudade? Sim ou com certeza?