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LUKA

— E veio aí a notícia que o mundo não acreditou!— Jana diz animada ao telefone, quando falo pra ela sobre meu beijo no Okane– Bem que a mamãe falou que o meu padrinho e o tio Jaime, quando se juntam...

— O Jaime não sabe dizer não pro meu pai. E graças a Deus por isso...– respondo

— E como você está se sentindo, Lu? Sei que é meio novo pra você e que...também tem o fato de todo mundo dizer que vocês são irmãos. Já sabe como vai lidar com isso?

— Fiquei com um pouco de medo do Okane desistir de ficar comigo depois de um tempo. Mas ele me garantiu que não vai fazer isso. Eu tô tão feliz, Jani! Você sabe mais do que ninguém o quanto eu esperei por isso!

— Se sei. Tive que te aguentar chorando por ele no meu ouvido durante todo esse tempo, falando que gostava dele e que ele não ligava pra você. Você merece ser feliz agora, amigo.

— E você, Jani? Como anda a sua empreitada de conquistar um certo tecladista?

— Bom, encontrei ele na festa de forma nada proposital e a gente conversou muito. Mas ainda não nos beijamos nem nada assim.

— Porra, Jana. Vai fazer o que? Seis anos que você gosta desse garoto e nunca tomou uma atitude?

— É sério que você vai entrar nesse mérito? Quer mesmo falar de quem demorou pra tomar uma atitude de nós dois? Com seis anos eu tô no lucro perto de você!

— Eu tinha o fato dele ser quase meu irmão, do meu pai ser casado com o pai dele e das pessoas ainda serem umas burras escrotas. Isso sem contar o fato de não saber se ele sentia o mesmo, quando só me afastava. O que você tem além de medo?

— Eu...você acha que eu tenho que falar com ele?

— Por experiência própria, sim. Você não vai saber se não tentar...– digo.

— Olha só, quem diria? Você me chamou pra contar sobre o seu caso amoroso e tá aqui me dando conselhos pro meu...

— Pra você ver como eu sou um melhor amigo maravilhoso, Jani. Tal qual o papai é pra dinda Pili. Por falar nisso, cadê ela?

— A mamãe ainda vai me deixar de cabelos brancos antes dos 30. Você acredita que ela simplesmente foi fazer um cruzeiro com a namorada? Sem me comunicar!— Jana diz e começo a rir porque isso era a cara da minha madrinha.

Ela foi casada com o pai da Jana por alguns anos, mas eles se divorciaram quando ela tinha uns doze anos. Foi um término saudável. Minha madrinha sempre foi abertamente bissexual, assim como meu pai, meu padrasto e o Okane. Ela vive dizendo que Jana a decepcionou saindo hétero e que puxou "a raça ruim do pai dela". Fato é que ela começou a namorar outra mulher há alguns meses e parece bem feliz com ela. E vem deixando Jana de cabelos em pé por estar vivendo a vida como uma adolescente.

— Que medo do Jaime e do papai resolverem fazer isso.

— E coragem não falta. Ainda mais no seu pai. E se a gente for falar, eles ainda mandam um: "vocês nos atormentam demais. Cansamos de vocês."

— Mas a gente nasceu exatamente pra ser o karma deles. O que esperavam?– pergunto rindo e Jana ri também.— Eu sendo o moleque encapetado dez vezes pior que o meu pai e você sendo a minha melhor amiga sem filtro nenhum, tal qual a sua mãe. Somos uma dupla perfeita, não somos, Jani?

— Sempre, Lu. Vou desligar agora. Te vejo amanhã na sua festa!

— Tá bom, Jani. Boa noite.– digo e ela desliga. Me deito na cama e fico rolando de um lado pro outro, sem conseguir pegar no sono.

Ainda estou tentando encontrar uma posição quando escuto batidas na porta. Me levanto pra abrir e...vejo Okane parado, com o braço – e minha nossa senhora dos gays, que braço– encostado no batente.

— Também não conseguiu dormir?– pergunto e ele nega.– Muita coisa acontecendo né?

— É...eu queria saber...se eu posso dormir aqui? Com você? Só dormir mesmo, a gente não precisa fazer nada além disso...ainda– pergunta e sinto vontade de sorrir. Quem via aquele homem em cima de um palco, cantando e sendo um grande gostoso certamente não imaginava que ele na verdade era um gatinho manhoso.

— É claro.— digo e deixo que ele entre. Okane logo passa pela porta, dando um beijo em minha bochecha e depois na minha boca.— Acho que descobri o que tava faltando na minha cama.

— E o que era?

— Você!– digo sorrindo e ele me beija outra vez.

— Você é tão fofo quando se esforça, sabia?

— E sabe a melhor parte, querido? É que só você vai conhecer essa parte de mim...– digo quando nos deitamos na cama.– Assim como essa sua parte, manhosa e grudenta vai ser só minha...

— Sempre foi só sua, Luka...– diz e abraço ele, quando nos aconchegamos na cama e dormimos juntos.

No dia seguinte, acordei sozinho na cama e até achei estranho, até ver a porta sendo aberta e meu pai, Jaime, Okane e Joana entrarem. Meu pai segurava um bolo pequeno com velinhas. Todos estavam cantando "parabéns pra você".

Meu pai sempre teve essa tradição comigo. Em todos os meus aniversários, ele sempre me acorda com um bolo e parabéns pra você. Quando ele casou com o Jaime, eles começaram essa tradição também com o Oscar. Não que eles não comemorassem o aniversário dele, só não tinha essa parte de acordar com bolo.

— Feliz aniversário, solzinho!– meu pai diz e coloca o bolo no meu colo.– De todas as coisas que eu já fiz na vida, você é a melhor delas. Sabe disso, né?

— Sei, pai. E ter vocês na minha vida é o meu maior presente...

— Feliz aniversário, garotão.– Jaime diz bagunçando meu cabelo, enquanto Joana beija minha bochecha e aperta minhas bochechas

— Faz um pedido, Luka!– Okane pede e sorrio pra ele, olhando para as velas do bolo. Fecho os olhos, respiro fundo e mentalizo meu pedido:

"Que as coisas continuem exatamente como estão. Tô satisfeito por tudo que tenho."

E sopro as velas, sorrindo enquanto minha família se reúne no quarto pra cortar o bolo.

Eu disse que teria um paralelo, mas queria logo postar o capítulo, então vai ficar pro outro que, aliás, já é o penúltimo 😥

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Eu disse que teria um paralelo, mas queria logo postar o capítulo, então vai ficar pro outro que, aliás, é o penúltimo 😥

Your Song| Jaime e MarceloOnde histórias criam vida. Descubra agora