MARCELO
Dias depois...
— Então você vai mesmo vender a empresa do seu pai?– Pilar pergunta pra mim.
Depois de encontrar meu pai, nem sequer desfiz as malas. Peguei meu filho e fomos correndo pra casa da minha amiga, que nos recebeu de braços abertos. Alessio morreu em casa, sozinho, dois dias depois que eu cheguei.
— Pra ser sincero, Pili. Eu não sei. Aquela empresa representa tudo de ruim que eu sempre ouvi a vida inteira. Meu pai queria que eu fosse o herdeiro perfeito e, quando via que eu não seria, fazia questão de jogar na minha cara. Uma parte de mim realmente acha melhor me desfazer dela, mas a outra...
— Quer assumir a empresa pra provar pro seu pai que não é uma decepção e comandar a empresa melhor que ele– Pilar completa meu raciocínio e assinto.– Mas amigo, assim, na minha humilde opinião: seu pai tá morto. Você não precisa mais tentar provar nada pra ele. Então, se não quiser assumir a empresa por você, porque acha que vai conseguir comandar aquilo tudo...É melhor vender. Ou você pode acabar se frustrando caso não consiga.
— É claro que eu acho que tenho capacidade de comandar a empresa. Eu estudei pra isso. Mas eu não posso mais pensar só em mim. Meu...filho tem uma vida lá. Amigos. Eu não sei até que ponto toda essa mudança seria positiva pra ele.
— Olha, aqui ele tem a Jana. E ela tem amiguinhos. Eu tenho certeza que eles adorarariam conhecer o Luka, caso seja isso que preocupa você.
— Mas aqui também tem lembranças, Pili. Eu demorei dez anos pra tirar ele da minha cabeça e foi só colocar os pés aqui pra tudo vir à tona de novo.
— Você ainda ama o Jaime? — ela pergunta.
— E do que isso importa agora? Ele é casado, tem um filho e, além do mais, não quis ficar comigo. Por que eu vou querer correr atrás de alguém que não me quis? Nunca fui esse tipo de homem.
— Marc...
— Sim, Pili. Eu não consegui esquecer ele. Você...não teve mais nenhuma notícia?
— Não, Marcelo. Há anos eu não tenho notícias do Jaime.
— É melhor assim, sabe?
— Talvez até seja mesmo. Mas sabe de uma coisa? Algumas histórias merecem finais felizes. Eu...tenho que levar a Jana no médico, amigo. Vocês podem nos esperar voltar, se quiserem.
— Tá bom, Pili. Manda o Luka vir aqui.– peço e ela sai. Pouco depois, um furacãozinho loiro chega perto de mim.
— Pai, me leva no parque?
— Ai, filho. Tô cansado agora. Não pode ser outro dia?
— Não, pai. A gente nem saiu da casa da dinda Pili depois que chegou. Por favooor?– e junta as mãos na sua frente me implorando, fazendo uma carinha fofa.
— Tá, tá bom, filho. Vamos no parque. Vai lá em cima pegar a sua bola e um casaco pra gente ir.– digo e ele sobe a escada correndo, voltando em seguida com a bola num braço e o casaco no outro, sorrindo de orelha a orelha.
Dava pra ir andando até o parquinho, que era perto da casa da Pilar. Assim que chegamos, Luka pega sua bola e sai correndo de perto de mim, me entregando apenas o casaco.
Meu Deus do céu ele me tinha totalmente na mão.
— Não se afasta muito!— digo e ele começa a brincar com a bola não muito longe de onde eu estava. Meu filho se sentia muito sozinho aqui, pois fora a Jana, ele não conhecia quase ninguém.
Esse poderia ser um motivo pra voltarmos pra casa, nos Estados Unidos. Mas, ao mesmo tempo, eu quero ficar aqui. Não pelo meu pai, mas por mim. Pra provar a mim mesmo que eu consigo comandar a empresa da minha família. Que eu não sou um inútil nem uma decepção.
Não demora muito até que eu veja que o Luka acabou fazendo um amigo, brincando de bola com o garoto e depois indo nos demais brinquedos do parque.
Eles passam a tarde toda nisso e me pergunto se eles não se cansam. Perto de cinco da tarde, resolvo chamar meu filho pra gente ir embora.
— Luka, filho, tá na hora da gente ir!— me aproximo dos dois e vejo que o pai do outro garoto se aproxima deles também. Só que eu estava olhando só para os dois e mal prestei atenção. Até ele falar.
— Oscar, tá ficando tarde. Precisamos ir pra casa.– Não pode ser. Eu só posso estar ouvindo coisas. Não pode ser...
Levanto meu rosto dos meninos e foco no do homem à minha frente, mal acreditando no que ouvi e estava vendo na minha frente. Jaime estava ali, na minha frente, depois de 10 anos. Ainda estou em choque, quando ele fala.
— Marcelo?– pergunta, incerto.
— Jaime...— ofego ao perceber que era ele mesmo. E mais assustado ainda eu fico ao constatar que eu ainda não sabia como agir perto dele, depois desse tempo todo.
Queria logo postar esse. Então, tá aí. Nosso casal se reencontrando e primeira aparição do mini Okane
VOCÊ ESTÁ LENDO
Your Song| Jaime e Marcelo
RomanceComo teria sido a história de Lo Siento se o Gus não existisse?