Capítulo 2

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Após um dia agitado na cidade, eu só desejava minha cama, mas um estranho simplesmente aparece na minha frente após um raio cair a poucos metros do meu pequeno fusca.

Eu posso até achar loucura pensar nisso agora, mas seus olhos estavam brilhando?! Pareciam duas esmeraldas contra um poste de luz de tão belas. E quando ele levantou, minha nossa! Ele era lindo! Alto, com ombros largos e uma voz de molhar qualquer calcinha.

Droga, do que estou pensando?! Tem um maluco fantasiado deitado na minha cama agora! Desmaiado!

Eu pensei em várias coisas, mas não tinha tempo de fazer nada. Ele estava perdendo muito sangue e chamar o médico, que viajou para outra cidade ontem, seria impossível!

Tento limpar todo o sangue, mas não dava para resolver nada com aquela fantasia medieval toda. Respiro fundo e tento tirar aquela parte de cima. Após muito tempo, finalmente consigo, encontrando um cara grande, forte e com a barriga de chop.

- Ótimo. Encontrei um bêbado! - Falo e reparo em seus braços musculosos com cicatrizes antigas. - E briguento.

Resmungo e encontro um grande corte próximo da costela. Limpo e enfaixo como posso, o deixando com o maior cobertor que eu consigo encontrar na minha pequena casa.

Faço um pouco de chá e decido não tomar banho, com medo de ele acordar e fazer algo contra mim. Do jeito que ele agiu na rua, eu sou maluca de colocá-lo dentro da minha casa. Principalmente depois de tudo que já sofri.

Pego uma faca e sento na frente da minha cama, agora com uma roupa mais leve, me cubro, com a faca escondida ao meu lado, já que ligar para a polícia, nessa cidade minúscula e esquecida pelo mundo, vai ser impossível.

Ao acordar com o sol no rosto, percebo minha cama bagunçada e vazia. Olho em volta, mas não encontro ninguém. Saio do quarto ainda com a faca na mão e, no corredor, uma grande sombra me cobre, me prendendo contra a parede e virando meu pulso até a faca cair no chão.

- Está me machucando!

Ouço sua risada irônica.

- Tem sorte de eu não ter te matado! - Fala baixo e rouco e grito com sua força.

- Me solta! Está me machucando, seu maluco! - Grito e ele ri.

- Como ousa mandar em mim?! Sabe quem eu sou?

- Não. Mas me solta. - Falo cada vez sem ar, com medo.

Ele sorriu de lado e se aproximou.

- Sou seu pior pesadelo.

Arregalo os olhos.

- Por... Favor... - Sussurro desesperada e ele ergue a sobrancelha antes de finalmente soltar meu pulso.

Me encolhi com medo e ele olha em volta e me encara com desprezo. Percebo que ele estava com a fantasia completa novamente e sua voz me tira de meus pensamentos.

- Espécie.

- O... O... Que?

- Qual espécie você pertence?

- C-Como... Como assim?

Estranhei e ele se aproxima do meu rosto. Logo sinto um cheiro de por do sol. Eu nem sabia que por do sol tinha cheiro! Mas ele tinha essa essência.

Ele fecha os olhos e me cheira.

- Humana. – Fala pensativo e se afasta. – O que pretendia fazer com essa lâmina?

Pergunta olhando para o chão e eu tento falar firme.

- Tentar... Me defender...

- De mim? - Pergunta me encarando como se fosse a maior loucura.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora