Capítulo 58

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 Os dias se passaram lentos. No começo eu a evitei por completo, mas meu peito queimava sempre que eu pensava nela. Desde o último sonho, eu nunca mais tive dores de cabeça.

Estava tudo escuro. Eu andava devagar até a grande jaula, mas não ouvia as correntes.

- Hey. - O chamo e as correntes se mexem um pouco. - Eu sei que está ai.

Ele riu de forma irônica e se levantou, ainda estando nas sombras.

- Eu nunca sai daqui. – Fala se aproximando de mim. Suas pernas finalmente se aproximam da luz, que se levanta iluminando seu corpo gordo, revelando seus braços fortes e com várias cicatrizes e o rosto que me assustou e logo recuei. – Eu sempre estarei aqui, só quero que me liberte!

- Você... Você... O que é você?! – Pergunto me aproximando e ele revira os olhos.

- Eu sou você. O você de depois da guerra contra as panteras. O você que foi para o mundo da Cássia e a conheceu. O você que aquelas bruxas tentaram matar!

Grita revoltado e tenta me atacar novamente.

- Mas... Se você sou eu... O que eu sou?

- O meu eu do passado. O idiota egoísta tirano que não pensa em mais nada além de si mesmo.

- Cale-se! – Mando ofendido e ele ri de lado.

- Tadinho, ficou magoado? Imagina eu, que viveu lutando em busca da felicidade e, quando finalmente tudo estava bem e perfeito, minha esposa é amaldiçoada para me esquecer.

- Espera... O que?

- É, gatinho. A maldição que está em você era para Cássia. Ela que estaria aqui, presa em meu lugar, sem saber quem seria você, sem saber onde estaria, e enlouqueceria com tudo.

- Como inverteu a maldição? – Questiono não me lembrando de nenhuma magia assim.

- Eu... – Ele recua fazendo careta. – Eu... Não sei. Eu ouvi uma voz em meu ouvido e simplesmente o segui. Eu estava desesperado, não pensei nas consequências.

Reclama e suspiro cansado.

- Você ainda é um estranho para mim e, mesmo se eu quisesse, não sei como te libertar. Não sei como "me" libertar da maldição. – Falo fazendo aspas com os dedos e depois olho em volta.

A jaula era grande, parecendo bem forte.

- Era para "eu" estar morto. – Fala fazendo aspas com os dedos também.

- Como assim?

- As bruxas queriam matar o melhor de mim. Mas... A mamãe nos protegeu.

- A mamãe? Mas ela morreu.

- Eu não sei explicar, ok?! Mas eu a vi! A maldição estava me matando quando ela me puxou para uma parte quente e me abraçou. Quando abri os olhos, estava aqui, dentro do meu subconsciente preso, sem saber o que está acontecendo no mundo real.

Suspira e eu fico atônico por uns segundos.

- Mesmo morta, ela ainda nos protege. – Ri de forma anasalada e meu outro eu senta no chão cansado.

- Acredite, Cássia faria a mesma coisa se pudesse.

- Como pode ter tanta certeza? O que essa humana fez com você, cara?! – Reclamo e ele ri fraco antes de voltar a me encarar.

- Ela deu a vida para nos salvar quando estávamos fracos.

- O que? Mas eu nunca fui fraco! Desde a morte...

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora