Sua realeza, a Fera

Capítulo 22

Se Felipe se ajoelhou para esse gigante, com certeza ele me transformaria em palito de dente se quisesse. Meu corpo logo sentiu o quanto eu podia estar em perigo e não parava de tremer.

- Vejo que o Sol branco lhe escolheu, humana. - Fala e eu não sabia o que fazer. Estico a espada e ele parecia ter rido. - Ele é seu, Cássia.

Fala e um vento aparece do chão e rodopia em volta do moço de cabelo tons de azul, com mechas amarelas e pele pálida. Seu tamanho diminui para a altura próxima de Felipe e seus olhos demonstram um azul familiar. Abre a capa azulada grande e pega uma espada, fincando no primeiro degrau da escada e sorrindo para Felipe, que ficou surpreso.

- Acredito que isso seja seu, majestade.

Felipe pareceu confuso por um momento e desceu devagar, pegando a espada preta antes de encarar o moço e arregalar os olhos. Sorriu fraco de lado antes de colocar a mão na boca e rir fraco. Volta a ficar firme e sorri para o celestial.

- Estou realmente grato por vir até nossa humilde festa, senhor celestial.

- Claro. Eu precisava vir e garantir uma coisa pessoalmente.

Felipe abaixa a cabeça antes de pegar a espada, guardando-a na bainha que logo recebeu do mesmo e a coloca na cintura, voltando para o trono e sentando. Eu ainda estava em pé, parada sem saber o que fazer. Aos poucos os convidados relaxavam discretamente.

- Sou Mercúrio, Segundo filho de Gaya, mãe terra. - Ele estica a mão para mim e sorri. - Dançaria comigo, imperatriz?

Encaro Felipe o mesmo confirma discretamente com a cabeça e sorri mais calmo.

O que foi que acabou de acontecer?!

(musica recomendada: The Arena - Lindsey Stirling)

Confirmo com a cabeça e deixo a espada no trono antes de pegar em sua mão quente e acompanhá-lo até o meio do salão enquanto sua companheira iria até a parte dos músicos e pegava o violino para tocar.

Nos preparamos no centro e a moça toca as primeiras cordas. Me assustei, pois sentia aquela música familiar. Balanço um pouco da saia de meu vestido e percebo Felipe apoiando sua cabeça na mão, mas sorrindo para mim, me deixando confusa. As notas já começaram de forma agitada e automaticamente dei um passo para trás. Mercúrio tinha vindo para cima de mim e, desde o começo nossa sincronia estava boa.

A música foi reconhecida nos primeiros segundos. Will tocava-a na sua vitrola antiga e me ensinava a dançar desde meus dezesseis anos, quando o conheci em uma loja de antiguidades da cidade.

Eu o visitava todo dia para ouvir suas histórias de dragões e outras de romance antigas. Em um desses dias falei minha vontade de participar dessas histórias românticas, nem que seja apenas na parte da dança. Ele me ensinou a dançar e, quando estava ansiosa para algo mais agitado, ele tocou essa música, me ensinando os passos de tango misturado com sapateado. Nos divertíamos a tarde inteira e, lembrar disso fez meu coração apertar de saudade.

Com a agitação da música, virei, ficando ao lado dele e segui os passos indo para trás e depois para frente e percebi que Mercúrio me acompanhava perfeitamente, como se conhecesse os passos. Estranhei e decidi desafiá-lo.

Giro e paro de costas para ele, dançando uma parte de balé até virar com a mão esticada e perceber que Mercúrio sorria para mim, como estivesse se divertindo. Fico ao seu lado, com apenas uma mão junta da dele. Faço o sapateado para frente, direita e depois para trás. Percebo que ele fazia o mesmo.

Respiro fundo, não me iludindo, mas lembrando do passado e tentando aproveitar o máximo dessa sensação nostálgica. Me solto dele e paro na sua frente, esticando os dois braços, e ele me imita. Viro uma mão e imito uma dançarina espanhola, percebendo seus passos idênticos ao meu e batendo palmas sincronizadas quando cabia na música. Giro novamente e quando paro, ele estava ajoelhando na minha frente, como eu esperava.Mercúrio me pega na cintura e me levanta, como um balé e desce do outro lado antes de voltar para a dança de salão. Prendo um sorriso de nostalgia e continuo os passos que eu sabia.