Capítulo 47

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Após acordar, percebo que todos haviam enlouquecidos.

- Eu já disse que não me lembro! – Grito batendo na mesa, e assim, Lian finalmente se cala.

- Ainda assim, não se ameaça a esposa, imperatriz, que você escolheu, Felipe! – Tiago ousou me responder, como sempre.

- Eu não vou ouvir suas reclamações agora, Tiago! – Sento novamente na cadeira e olho para a mesa com todas as papeladas organizadas. – Agora vamos ao que interessa.

- mas... – Brian tentou falar, mas o ameacei com o olhar. Ele apenas recuou e suspirou.

- Então... Quanto tempo se passou desde a luta com as panteras? – Pergunto, já que esta foi minha última lembrança.

- Faz quase dois anos, majestade. – Damian explica, sempre em sua perfeita posição como capitão. O único que ainda não me questionou sobre a humana.

- Dois anos... – Comento baixo e penso. – Me atualizem.

Falo e Brian se aproxima e toca em uma pilha de papéis.

- Finanças, - Fala e passa para a próxima e assim por diante. - armas, segurança, exportação, importação, cidades, alianças. – Fala no final para uma pequena pasta com algumas folhas.

- Alianças? – Ri sem força e a peguei. – Que merda é essa?

- Alianças de países que não fazem parte do império e que querem ser seus aliados. Você começou com isso após a rainha dar a ideia. Por acaso acordou burro? – Arregalo os olhos, surpreso com a audácia de Brian, que sempre foi tão quieto e obediente.

- O que deu em vocês?! – Questiono. – Por acaso aquela humana seria uma bruxa e enfeitiçou vocês?

Todos os quatros ficaram surpresos e seguraram rosnados.

- Não fale asneiras, Felipe! – Tiago retruca novamente. – Nunca mais rebaixe sua esposa ao nível de monstros como bruxas! Foram elas que quase mataram você desta vez!

- Aposto que foram elas que tiraram sua Memória ou algo assim. – Lian comenta pensativo e eu passo as mãos nos cabelos, tentando tirar um pouco da tensão.

- O que exatamente aconteceu antes de eu apagar? – Pergunto e ninguém me responde. – Ficaram mudos agora?!

Questiono revoltado e Damian logo responde.

- Nós fomos proteger o povo e levar para um local seguro. Os únicos que lutaram contra as três bruxas foram você e Cássia. – Explica ainda em sua posição.

- A humana. – Comento e ele confirma com a cabeça.

Me levanto e pego a coroa em cima de uma pequena mesa que ela normalmente ficava.

- Chamem-na para a sala do trono. Vou deixar tudo isso a limpo. – Falo revoltado e sigo com apenas Damian ao meu lado, que estava quieto o caminho todo. – Não vai defender a humana também?

Ele me encara com raiva, mas não responde, me deixando intrigado.

Que merda está acontecendo no meu reino?!

Apenas bufo e sigo para o grande salão, me assustando quando abriu as portas e vi dois tronos, um maior, que eu já conhecia e outro ao meu lado esquerdo.

- Mas... O que... – Eu pensei em falar, mas não continuei a pergunta.

Apenas sentei em meu trono e encontrei a Lua Negra lá, completamente fincada no chão, como se estivesse me aguardando. A pego e sinto sua magia. Pelo menos ela parecia do mesmo jeito que eu lembrava.

- Sua alteza real, imperatriz de Ignis, Cássia Primeira. – O pequeno coelho informa antes das portas se abrirem e a humana aparecer com um guarda pessoal e cinco criaturas atrás da mesma, uma delas, carregando um filhote.

Levanto a sobrancelha, curioso. Parece que muita coisa aconteceu aqui. As moças sentam em bancos nas laterais, como se já estivessem acostumadas com isso. O guarda fica atrás da humana, com a cabeça baixa. Ele era magro de pele negra, mas eu não conseguia identificar o cheiro dele.

- Pediu para me ver? - Fala sem fazer reverência e rosnei impaciente.

- Como ousa não fazer reverência para seu rei? – Pergunto friamente, mas ela não parecia ter medo.

- O senhor mesmo me disse que não havia necessidade, já que somos apenas um. – Explica e eu ri alto.

- Humana tola. Me diga, que magia fez para convencer todos que és minha esposa? – Pergunto firme e ela pega a espada em sua cintura e a tira, apontando para mim.

- Eu tenho muitas provas, mas vou começar com o básico. – Fala e abaixa a lâmina, me revelando a gêmea de minha espada - Sabe que as espadas gêmeas são as que escolhem os donos, e não o oposto.

Explica ainda me encarando, mas fico firme.

- Espero que tenha mais para me convencer, humana.

- Eu não sou humana. – Quase me corta. – Bom, não a humana daqui. Você mesmo me explicou que vim dos céus negros, de onde você me tirou e me trouxe aqui para me fazer sua rainha.

Fala firme e olho para todos em volta, na qual ninguém parecia surpreso com suas falas.

- Aham, - Falo e sento na ponta do trono, inquieto. – E como foi que apenas nós dois lutamos contra três bruxas? – Pergunto desconfiado, mas ela parecia firme.

- O Sol branco me deu forças. Enquanto você lutava contra duas bruxas, eu consegui matar uma. A segunda bruxa veio para cima de mim e...

Antes de ela continuar a frase, a porta se abre e um lobo selvagem aparece, tentando pegar uma borboleta que voava. Logo soltei minha magia com força e corri para matá-lo, mas o mesmo sentiu minha presença e desviou do ataque, indo direto para a humana e parando na frente dela, rosnando para mim.

- Fenrir, mandei ficar no quarto! – Ela fala e me assusto.

- Essa fera... Você... Você trouxe um selvagem para dentro de meu palácio?! – Grito me aproximando, sem me importar com minha magia começando a esquentar tudo em volta.

- Fenrir é meu familiar. Meu protegido. – Fala no mesmo volume, como se estivesse perdendo a paciência. – Pare de ameaçá-lo de novo, Felipe!

- É MAJESTADE PARA VOCÊ, HUMANA! – Grito furioso e percebo sua respiração acelerar. Ela não estava aguentando minha magia. Os meninos da elite estavam tirando as outras companheiras do lugar até o soldado de pele negra aparecer na minha frente.

-Majestade, se acalme, por favor. Vamos tentar resolver isso sem derramamento de...

Eu o corto, o pegando pelo pescoço e o jogando longe. Viro para a humana e rugi alto, mas ela não recua.

Porque ela não recua?!

O animal selvagem late na minha frente e eu ri antes de chutá-lo para longe.

- Fenrir! – A humana grita preocupada e logo roubo sua atenção quando a pego no pescoço.

- Se preocupe mais com sua vida, inseto. – Falo tirando o Sol Branco de sua cintura e tentando fincar em seu coração, tendo certeza que ela era uma bruxa. – Você nunca mais irá iludir ninguém com suas feitiçarias negras.

Falo e tento fincar a espada em seu peito, mas uma magia me obriga a soltá-la antes de me jogar para longe, a protegendo.

- Que droga... – Levanto a cabeça e me ajoelho ao ver faixas vermelhas em sua volta.

Eu logo reconheci a minha própria magia nela. A silhueta de minha fera me encarando antes de rosnar para mim e clarear todo o salão antes de sumir com a humana, a fera selvagem e o soldado negro.

A elite logo entra ao ouvir o barulho e se assusta. Damian se ajoelha na minha frente e pega em meus braços, me chacoalhando.

- Cadê a Cássia, Felipe?! O que fez com ela?! – Pergunta de forma escandalosa.

- E-eu... Eu não sei... – Solto baixo e todos se assustam.

Pela primeira vez em anos me senti arrependido, com medo do desconhecido. Com medo de uma mera humana.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora