Capítulo 24

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Ao receber a notícia que Esmeralda havia desmaiado na banheira cheia de água, eu corria sem me importar com o vestido ou com qualquer um me olhando desesperada. Tinha tirado o sapato e corrido descalça até seu quarto, vendo um grande guepardo encolhido na cama da minha amiga.

- Damian? - Sussurro e ele abre os olhos azuis e levanta a cabeça devagar, falando baixo.

- Majestade.

Me aproximo e vejo o pequeno coelho encolhido e trêmulo no meio do grande animal.

- Esmeralda? - Sussurro e Damian me explica.

- Ela desmaiou. Sorte a minha que fui chamá-la para devolver o lenço e a encontrei na banheira assim.

Arregalo os olhos e ele explica.

- A água ainda estava no raso, majestade. Não se preocupe. Ela não se feriu, apenas... Está descansando.

Relaxo e deixo as lágrimas caírem. Imaginar perder a moça do sorriso que me alegra todo dia cortou meu coração. Todos do quarto, Damian, minhas damas e o mago se assustaram e sorri.

- Que bom que ela está bem.

Falo e sento na ponta da cama, tocando na cabeça do grande animal amarelo.

- Por favor, cuide bem da minha amiga.

Ele fecha os olhos e abaixa a cabeça.

- Sim, alteza.

Ao sair do quarto, fecho a porta e encaro as outras quatro meninas.

- Se algo acontecesse com vocês, eu nunca me perdoaria. Por favor, nunca escondam nada de mim. – Falo e as vejo surpresas. – Vocês são muito importantes para mim! São... Minhas primeiras amigas.

Falo voltando a chorar e elas me abraçam, me consolando.

Após dois dias, Esmeralda ainda estava de cama e eu não tinha mais vontade de sair sem sua energia nos animando. Parece que não era apenas eu a desanimada. Harmonie, Laura e até Tiana não comiam direito e pediram para ficarem em seus quartos esses dias. Não as culpo, Esmeralda era a energia do grupo, sempre inventando algo para fazermos.

Além disso, Felipe mal ficava comigo, seja de noite, ou, muito menos, de dia. Eu mal o vi esses dias, o que me deixou mais para baixo. Ficar esses dias no quarto me fez pensar muito. Lembro-me de seu olhar verde e o sorriso discreto que ele me dava, me animando. Eu queria vê-lo mais do que tudo neste momento. Sentia que precisava falar o que realmente sentia. Precisava de seu abraço, de sua voz dizendo que estava tudo bem.

Corro para o salão principal,sabendo que ele estaria lá para alguma reunião. Paro e crio uma ideia, indo diretamente em meu jardim e pegando uma rosa para selar o dia. Volto para meu caminho, esperançosa, e paro na entrada com um sorriso até travar com a visão.

Felipe estava em seu trono, suado e sorridente enquanto segurava uma mulher pelos cabelos, na qual estava de joelhos na sua frente.

Aquela visão era, de alguma forma, parecida com de Erian com uma mulher na nossa cama.

Felipe me encara surpreso e solto a rosa, dando um passo para trás antes de correr sem rumo. Mais uma vez eu abri meu coração e mais uma vez eu fui traída.

Me escondi na biblioteca e fui até o último corredor, sentando no chão e abafando os soluços com a mão enquanto chorava.

Felipe nunca disse que me amava, ou que, ao menos, gostava de mim. Ele disse que me protegeria até eu voltar para casa. E antes disso, com certeza ele já tinha dormido com mulheres antes. Mas porque ele me usou então?! Porque ele dormiu comigo por tanto tempo se, quando estou distante por poucos dias, ele já pega outra para me substituir?! Ele era igual ao Erian, me iludindo, mas me desvalorizando quando abaixo a guarda e dou as costas.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora