Capítulo 32

28 4 0
                                    

Seis dias, foi o máximo que conseguimos adiantar até chegar próximo do reino humano, mesmo com o portal, viajamos quatro dias sem parar, apenas descansando a noite. Cássia teve aquela estranha crise safada todas as noites e depois disso, mal ficava acordada de dia. Com isso, mal comia e bebia, dormindo a maior parte da viagem.

- Chegamos, majestade.

Damian me avisa quando estou perdido em pensamento enquanto encaro Cássia no outro animal. Olho para frente e me assusto com a grande muralha com apenas uma passagem na minha frente. Paramos na frente do grande portão de madeira fechado e saí do animal, chegando perto, tocando e sentindo um leve choque, me obrigando a se afastar.

- Revelem-se, animais.

Uma voz grita de cima e levanto o olhar, encontrando dois soldados humanos com lanças grandes.

- Exijo falar com August. Digam que o imperador de Ignis está aqui.

Mando e eles se assustam e logo somem da minha vista. Volto para os guepardos e vejo Cássia dormindo ofegante.

- Os batimentos dela ainda não se acalmaram, senhor. - Lian avisa preocupado, percebendo que a rainha está nessa situação desde o começo da viagem.

Vejo lágrimas caírem de seu rosto e me preocupo.

- Cass? Consegue me ouvir? - Sussurro, mas ela não me responde.

Toco em sua mão e ela logo o pega e aperta.

- Fe...

Ela parecia estar sofrendo e isso me incomoda muito. Odeio vê-la assim. Ouço o barulho do portão ser destrancado e a grande porta de madeira se abre, revelando um grande exército com armaduras prateadas e o rei ruivo exibido aparecer com um sorriso, parando atrás de uma fina linha preta que limitava seu território protegido.

- Ora, ora... Se não é o rei de Ignis em pessoa. Acredite, eu desconfiei quando me disseram que você estava na entrada do meu reino.

Engoli meu orgulho e me aproximei.

- August. Não vim aqui para brigar, apenas pedir auxílio.

Ele fica surpreso e sorri para mim.

- Isso é novidade. O que você quer, coisa?

Ele acabou de me chamar de coisa?!

Respiro fundo e respondo.

- Manga rubi. Apenas seu reino consegue cultivar.

Ele pensa e logo observa atrás de mim, ficando surpreso e rindo alto.

- Então uma humana do céu negro também não é imune ao leite de estrela, não é? - Fala e eu confirmo.

- Não sabíamos da situação até ela mostrar os sintomas.

- Há quanto tempo ela está assim?

- Quase cinco dias. - Ele se assusta e sorri com segundas intenções.

- Então você deve estar desesperado, não é?

Estranhei.

- Como é?

Ele suspira.

- Vocês animais só aprenderam a falar, mas continuam burros, não é?

Rosno baixo e ele ignora.

- Leite de estrela é uma bebida afrodisíaca. Normalmente usamos para esquentar a relação ou para casais que querem ter filhos. Não é recomendado ficar mais de três dias sem beber o suco da manga rubi.

- O que acontece se passar disso?

- Não somos coelhos, reizinho. Nosso coração não aguenta ficar batendo rápido por tanto tempo. O leite tem um efeito estranho de acelerar o coração e nos excitar fortemente. Acho que isso você já percebeu, não é?

Confirmo discretamente com a cabeça e ele faz uma cara de nojo.

- Arg, mulher estranha.

- Vai ficar enrolando ou vai me ajudar?!

Ele pensa e sorri.

- Com uma condição. Ela entra e fica comigo mais esta tarde, e depois eu dou a bebida.

- Ficar...

Eu penso, mas me recusava a acreditar nisso até ele se aproximar e rir, parando bem próximo de mim.

- Ela terá que ser minha até o pôr do sol se quer salvar sua rainha, Felipe.

Arregalo os olhos e rugi forte com raiva. Tento atacá-lo, mas o domo mágico me impede.

- Como ousa...

Ele não havia recuado e sorriu vitorioso.

- Sabe minha condição. Se quer que ela sobreviva mais esta noite, me dê.

Os guepardos se aproximam e eu controlo minha respiração rápida. Cássia estava encolhida, com o coração agitado. Mas eu não podia simplesmente entregá-la para um cara nojento.

Recuo um passo e fico perdido em uma decisão pela primeira vez na vida.

- não... - Sussurro e ele suspira.

- Que pena. Ela era muito linda.

Fala e dá as costas.

- Para...

Ouço Cássia se levantar com esforço e me encara. Me aproximo preocupado e ela sorri fraco.

- Confie em mim, Fe... Ainda aguento... Acabar com ele... - Sussurra e me sinto inseguro e a abraço.

- Cass... Eu não posso... E se ele...

- Ele não é o Erian. - Ela me corta e me afasto, a vendo sorrir fraco.

- Eu vou ficar bem... - Fala tocando em meu rosto e a abraço novamente.

- Tenha cuidado, por...

- Ah, vai logo com isso. – Grita August. – Não tenho a tarde toda!

Fala e rosno baixo, a fazendo rir. A ajudo a sair de Lian e ela se aproxima do domo e me encara novamente antes de tocar no domo e se afastar com um choque, me assustando.

- Cass?

- Deu... Choque.

August arregala os olhos e fica bravo.

- Acordo desfeito. Você já a sujou, seu... Animal imundo. Aproveite seus últimos momentos juntos! - Reclama dando as costas e eu não tinha entendido.

- Espera... Espera! - Grito desesperado e a solto, socando o domo.

- August! - Grito até ele parar na presença uma moça ruiva de vestidos longos e amarelos.

Ela se aproxima do rei e sussurra algo, o fazendo ficar bravo antes de se aproximar de nós e esticar a mão para Cássia.

- Venha, querida.

Cássia pega em sua mão e passa pelo domo, se afastando de mim. Mas sem muita força, cai no segundo passo. A moça se agacha enquanto sua roupa muda, assim como sua aparência. Ela pega minha mulher no colo e se levanta com a aparência idêntica de August, com uma roupa masculina, ainda amarela.

- O que... É você... - Pergunto surpreso e August se aproxima.

- Não reconhece a própria Mãe Terra quando a vê, seu...

- Chega. - O outro ruivo fala e me encara. - Cuidarei dela até que melhore. Podem retornar para seu reino, imperador.

- Não sairei daqui sem minha esposa. - Falo firme e ele confirma com a cabeça.

- Como quiser. - Responde e me dá as costas.

Cássia me encara em cima dos ombros da criatura e some quando as portas se fecham.

- A mãe terra está com os humanos?!

Lian comenta surpreso e me ajoelho fraco. Eu estava completamente vulnerável sem Cássia perto de mim. Encaro meu braço esquerdo e vejo o laço vermelho fraco. Como se nosso pacto estivesse fraco e eu estivesse a perdendo.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora