Capítulo 52

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- Cass? – Sussurro e vejo seu reflexo ficar surpresa.

Ela respira fundo e vira sorrindo.

- Do que você me chamou? – Perguntou rindo e eu não conseguia desviar meu olhar de seu reflexo.

- C-Cássia? – Ela estranha e olha para si, ficando confusa.

Volto a encara a ruiva na minha frente, completamente diferente da minha rainha, com um rosto neutro.

- É você mesmo? – Sussurro e ela suspira antes de pegar na minha mão e puxar para quarto dos bebês e fechar a porta. – Cass?

Pergunto querendo chorar e ela levanta as mãos.

- Hey, se acalma. Respira, Mel! – Fala baixo e eu prendo o choro.

Diego aparece atrás de mim e puxa a barra de seu vestido, parecendo preocupado.

- E-ele... Ele sabia? – Pergunto encarando meu filho e depois a ruiva. – Ele sabia esse tempo todo?

Ela sorri triste para mim.

- Você tem um filho bem inteligente, querida. – Fala confirmando minhas teorias e tive que me segurar na parede para não desmaiar.

- Hey, calma, por favor. – Fala agachando na minha frente e me afasto.

- Ficar calma?! – Sussurro brava. – Eu fiquei preocupada. Eu mal consigo dormir desde que você sumiu!

Falo e coloco a mão na boca, chorando.

- Desculpa preocupá-la, Mel. – Fala baixo e se levanta, indo para os fundos do quarto. – Mas eu precisava protegê-los.

Fico surpresa e corro, vendo os gêmeos no berço.

- S-São... São... – Pergunto, mas gaguejo.

- Sim, são meus bebês. – Fala sorrindo triste e acaricia o cabelo de cada bebê. - Atlas - fala tocando o bebê loiro de olhos verdes – E Magnus. – Apresenta tocando no nariz do bebê de cabelos castanhos escuros e olhos verdes.

- S-são... São os príncipes. Eu estava cuidando dos príncipes herdeiros de Ignis o tempo todo?! – Falo quase gritando e ela tampa minha boca. Ao me acalmar e ignorar meu filho rindo de mim, suspirei alto. – Uau. Como você conseguiu?

Pergunto e ela sorri.

- Tive amigos poderosos me ajudando. – Fala e se afasta dos berços. – Mas, por favor, não conte as meninas. É perigoso.

- O que? Como assim? – Pergunto e ela hesita um pouco. – Hey, pode confiar em mim.

- A magia que está me escondendo se juntou com a magia que Felipe colocou em mim. Algo dentro de mim está tão poderoso que algumas coisas estranhas estão acontecendo. Por isso vou sumir assim que encontrar um lugar seguro para criá-los.

Fala e sai sem me dar tempo de ter entendido a informação.

- Espera... O que?! – Quase grito novamente e sai do quarto após ela, esbarrando na mesma. – Espera, como assim...

Falo e viro para encará-la, mas sinto uma grande presença que logo rouba minha atenção. Me assusto ao ver o rei novamente no hall do orfanato. Fazemos a reverência e ele passa por nós, entrando no quarto dos bebês. Vejo a mão de Cássia tremendo e a pego, transmitindo forças. Damian me encara confuso e o ignoro, observando o rei sentando no fundo do quarto, apertando de leve os ombros antes de me encarar.

- Você – Fala friamente e aperto a mão de Cássia, assustada. – Venha aqui com a ruiva. O resto, saiam e fechem as portas.

Obedecemos, mas antes de fechar as portas, Damian me encara completamente confuso. Ficamos na frente do rei e ele nos encara pensativo por longos segundos.

- Você – Fala encarando Cássia com frieza. – Feche todas as cortinas do cômodo e pegue o filhote dela que está debaixo daquele berço. E você, - Fala me encarando agora. – Cante novamente para mim.

Troco olhares com Cássia, mas não falamos nada e apenas obedecemos o rei. Após deixar tudo um pouco escuro, senta no chão, ao lado da poltrona onde Felipe estava, com Diego no colo. Ele estava sonolento e apenas voltou a dormir rapidamente em seus braços. Sento na frente do rei, em um banco que peguei e comecei a cantarolar a música que Cássia tinha nos ensinado. Logo após reconhecer a melodia, a moça arregala os olhos para mim e vira para o rei, que estava com os olhos fechados, começando a relaxar. Vejo Cássia prender o choro e limpa o rosto silenciosamente.

Quando percebo que o rei havia adormecido completamente, paro de cantar e vejo Cássia.

- O que aconteceu? – Me pergunta em sussurro, perdida e explico sobre o dia em que cantei pela primeira vez para ele.

Contei também sobre a falta de sono do rei e o quanto ele parecia solitário nas refeições – de acordo com Damian.

- Ele... Ele não está conseguindo dormir? – Pergunta se levantando e entregando o filhote para mim.

Vira para o rei e se aproxima, levantando a mão.

- Cass, não. – Sussurro com medo de ele acordar e ela me encara e sorri triste.

- Tudo bem, ele tem um sono pesado. – Fala tocando no rosto e depois nos cabelos do rei, que continuava dormindo tranquilamente.

Ela se inclina, vendo mais detalhes do rosto do marido e o beija com ternura antes de se afasta e limpar mais uma lágrima de seu rosto.

- Você ainda o ama, não é? – Pergunto e seu olhar para mim, intenso e verdadeiro, responde tudo. – Eu sinto muito, Cássia, por tudo.

Falo com uma pequena dor no coração ao imaginar tanta coisa que uma pequena humana passou. Sofreu em seu mundo de origem, foi arrastada para um mundo completamente estranho, precisou encarar grandes criaturas que não a aprovaram de primeira e, depois que finalmente consegue viver feliz, perde sua casa e o amor de sua vida. Não consigo imaginar a dor que ela sente. Imaginar Damian me odiando e querendo me matar é uma ideia impossível, que não consigo nem digerir direito, imagine Cássia que passou por isso e não tem para onde ir. Choro baixo pela dor que minha amiga passa. A mesma limpa meu rosto e sorri.

- Está tudo bem, amiga. Vou dar um jeito nisso, algum dia. – Sussurra com a voz firme, mas seus olhos seguravam a tristeza de seu coração.

Ela se afastou e saiu do quarto, me deixando sozinha, encarando o rei, que parecia tão perdido em seus sonhos que mal se mexia.

- Por favor, majestade... – Sussurro. – Lembre-se de sua esposa. Lembre-se de sua família.

Os soluços estavam começando a serem descontrolados e tampei a boca com a mão livre, chorando por eles.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora