Eu estava surpresa e orgulhosa de Sergio, que sempre mostrou uma grande timidez por causa de seus belos olhos com pupilas finas, características das serpentes desse mundo. Ao me distrair com a valsa, ouço um comentário baixo.
- Não quer dançar? – Pergunta parecendo preocupado com minha opinião e ri fraco antes de encará-lo.
- Fe, eu sei que você não sabe dançar. Você já me disse que é péssimo dançarino. Não me importo em você não me chamar. – Explico e ele pareceu um pouco relaxado.
- Então eu te disse isso... – Fala pensativo e volta a me encarar. – Se quiser dançar com alguém, pode ir.
Penso e confirmo com a cabeça.
- Obrigada, gatinho. –Agradeço e volto a encarar o movimento, encontrando Harmonie dançando animada com Yuri até cabelos ruivos roubarem minha atenção.
August aparece com dois soldados o escoltando e para na frente de nossos tronos, fazendo reverência.
- Obrigada pelo convite, majestades. – Fala sorrindo de forma simples e ouço um leve rosnado ao meu lado.
- August, eu presumo. – Responde Felipe e o ruivo, que pareceu não saber da situação, faz uma leve careta.
- Ah... Sim, majestade. Se não se importa, - Fala e me encara sorrindo. – Poderia me conceder essa dança? Sem ataques desta vez, por favor?
Pergunta e prendo uma risada e me levanto, aceitando o convite e pegando em sua mão, que estava levantada para mim. Andamos até a pista de dança e começamos a dançar.
- Então, querida rainha, - Começa a falar e faz outra vez a careta confusa. – O que deu em seu marido? Ele parece friamente estranho.
- É uma longa história, rei August. Um pequeno segredo real que é complicado explicar, até para você, que é nosso amigo.
Seu rosto fica vermelho e surpreso com minha frase.
- Oh, então fui promovido a amigo? – Sorri na cara de pau e ri novamente.
- Sim, seu bobo. – Falo e ele se afasta, me girando antes de voltar a ficar perto, tocando em minha cintura.
- Não lembro de você dançar tão bem, rainha Cássia. – Fala um pouco baixo e olha para mim debaixo para cima. – E está especialmente bela hoje.
Fala com um sorriso sedutor e afasta o toque de minha cintura para esconder o sorriso, ficando tímido.
- Desculpa, majestade. Estou tentando melhorar esse meu jeito. – Fala envergonhado e ri novamente.
- Pelo menos você está tentando. – Falo e nos afastamos com o fim da música.
Faço a reverência, assim como ele e trocamos sorrisos.
- Obrigado pela dança... e por não me atacar desta vez. – Sorri e segurei uma risada.
- Obrigada pela dança, rei August. – Falo e volta para o trono, vendo Felipe com a cara fechada e estranhei. – Tudo bem?
- Qual sua relação com o rei dos humanos?
- Ah... Ele é nosso aliado? E um novo amigo, porque? – Respondo não entendo e ele me encara com os olhos brilhando, como uma ameaça.
- Eu não gosto dele. Você não parava de rir com ele, parecia se dar muito bem com esse reizinho. – Fala friamente e fico séria.
- Sério que vai ficar com ciúmes do August, Felipe? Que ridículo! – Falo olhando para frente, cruzando os braços.
Ele me encarou surpreso e pareceu ficar com mais raiva, pois senti meu peito apertar com a dificuldade de respirar novamente. Eu o encaro séria e respiro ofegante.
- Felipe, pare! – Mando e ele fica bravo.
- Você não manda em mim, Cássia. – Falávamos cada vez mais baixo até Brian parar no meio de nós dois e falar baixo.
- Majestades, o povo está olhando, por favor, se contenham. – Fala encarando Felipe, que esconde sua magia e vira o rosto.
Solto o ar e sussurro.
- Obrigada, Brian. – O encaro e o mesmo apenas balança a cabeça e volta ao seu lugar, no lado direito do rei.
- Ridículo! – Ouço Felipe resmungar e seguro minha raiva.
- Infantil! – Respondo e ele me encara cada vez mais bravo.
- Humana fraca! – Balbucia e fico surpresa e aperto meu vestido, ficando magoada.
Felipe nunca brigou comigo desta forma desde que aceitou Fenrir como da família. Tem vezes que ele é tão difícil, que dá vontade de simplesmente abandoná-lo e recomeçar em outro lugar, longe daqui. Prometi a mim mesma parar de pensar que eu deveria estar morta naquela floresta, em meu mundo, pois aqui eu conheci boas pessoas, construí uma boa família. Mas as vezes o orgulho de Felipe passava dos limites e fazia meu coração queimar de raiva.
Desta vez eu cerrei os dentes e virei o rosto, tentando me acalmar. Ele perdeu a parte da memória que fazia se lembrar de mim. Ele voltou a ser o idiota do rei que conheci e quase atropelei no meu mundo. Respiro fundo, me concentrando na promessa que fiz ao meu marido de nunca desistir dele. Me concentro em Fenrir e nos gêmeos. Aturo isso pela minha família.
Respiro fundo novamente e olho para frente, evitando os olhares frios de Felipe para mim até uma ovelha aparecer na nossa frente e fazer a reverência.
- Saudações, majestades. – Fala e sorri para nós. – Trouxe uma bebida feita de forma artesanal para agradecer pelo convite para essa maravilhosa festa.
Fala e um servo mostra uma bebida azul brilhante e outro aparece com duas taças de cristais. Eles enchem as taças e esperam a autorização de Felipe, que já me explicou que não se pode recusar o presente de um nobre, pois isso é considerado insulto para o convidado.
Felipe confirma o presente e os servos sobem os poucos degraus, oferecendo as taças, hesito em pegar, acreditando que seria o suco de estrelas da última vez até ver um pequeno movimento ao meu lado.
Em rápidos segundos, vejo um pequeno movimento em um dos cantos do salão. Uma moça de cabelos loiros, de roupas brancas, assim como sua pele.
- Mate? – Sussurro e a vejo balbuciar algo que logo me vez reagir batendo na taça, a fazendo cair e quebrar, roubando a atenção de muitos.
Viro para Felipe, que já estava com a taça em suas mãos.
- Não bebe. – Peço baixo, me aproximando e ele ri de lado me ignorando.
- Fique calada, humana. – Fala com raiva e aproxima a taça.
Eu não teria forças de tirar a taça de suas mãos. Então, sem saber se era ou não a única escolha, sento em seu colo e puxo a bebida para a minha boca.
Droga, o que eu não faço por esse gordo sexy e teimoso?!
Fecho os olhos enquanto engulo grande parte da bebida, sentindo seu líquido arranhar minha garganta e uma parte cair de meus lábios.
Ouço o rosnado de Felipe, que desce a taca de minha boca e logo me levanto, um pouco ofegante. Limpo o canto de minha boca e viro para ele, que estava com os olhos brilhando de raiva.
- Qual é o seu problema?! Quer me envergonhar na frente dos...
Antes de ele terminar a frase, senti algo me machucar por dentro e me ajoelho, me incomodando com algo. Brian se aproxima de mim, mas sinto que vou vomitar a qualquer momento e me encolho, tentando me afastar dele até tossir sangue na minha mão. Felipe avança para sair do trono quando ouço gritos.
- Morte ao híbrido! – Falam e Brian grita ao meu lado.
O servo que iria oferecer a bebida para mim atinge Brian ao meu lado, que revida rapidamente e logo o mata com sua pequena adaga. No mesmo instante, o servo atrás de mim tenta atacar Felipe, que já estava agachado na minha frente, com os caninos afiados e os olhos mais brilhantes que qualquer joia. Sinto meu corpo pesar com a liberação de sua magia, que logo queima o servo o transformando em cinzas em instantes. Assim que tudo se acalma um pouco, ele me encara com o rosto preocupado que eu já tinha visto antes. Eu já chorava de dor, sentindo um gosto de ferro na boca. Tento tocar em seu rosto, mas não conseguia controlar mais meu corpo, apagando rapidamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sua realeza, a Fera
FantasyE se um imperador tirano de um mundo de fantasia viesse para o mundo real? Para salvar seu reino e seu futuro, Felipe, disfarçado de humano, foi jogada para outro mundo a fim de aprender a realidade do mundo moderno. Começando com um quase atropela...