Capítulo 49

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Mais de um mês se passou desde que o rei acordou e se esqueceu de todos. Pelo que percebemos, ele não se lembra de nada desde a guerra com as panteras. E não encontramos nenhum sinal de Cássia.

Acordo novamente no meio da noite ao ouvir um choro e saio da cama, indo direto para o berço e vendo meu filhote me encarando. Ele estica os braços e o pego no colo.

- Está tudo bem, Diego. – Sussurro para não acordar Esmeralda, que parecia mais cansada esses dias.

Meu filho chorava todas as noites, como se soubesse que algo de errado estava acontecendo no palácio. Ele não sai de perto da mãe e desconfia de todos desde o ocorrido, não aceitando o colo ou atenção de ninguém que não seja eu ou Esmeralda. Deito com ele na cama e Esmeralda logo vira, o abraçando, ainda dormindo. Esse sentido materno ainda me assusta, mas não digo nada.

No dia seguinte, após me despedir das damas de companhia, viro para ir direto ao escritório de Felipe, quando o vejo me observando. Me aproximo e faço a reverência.

- Bom dia, Majestade. – Falo formalmente, já que ele estava estranho. Eu precisava ter cuidado com o que dizer para ele não descontar em minha família agora. – Conseguiu dormir?

Pergunto inocente e levanto a cabeça, vendo leves olheiras quando o mesmo rosna para mim.

Mais uma noite com insônia desde que Cássia sumiu.

Ele ignora minha pergunta e encara as moças saindo.

- Para onde elas vão todos os dias? – Pergunta friamente, quase com desconfiança.

- Para o orfanato. – Explico e vejo ele curioso. – Gostaria de vê-lo?

Ele hesita pela primeira vez e uma pontada de esperança aparece em mim.

- Tá. – Responde e encara seus guardas atrás de si. – Preparem a carruagem, irei após o desjejum.

Fala e todos o obedecem. Brian aparece na entrada e faz a reverência.

- Bom dia, majestade. – Fala formal também. – O desjejum já está pronto.

Felipe não diz nada e vai direto a sala de jantar, vendo apenas sua parte da mesa posta com o café da manhã. Senta e observa o lugar, como todos os dias, mas nunca diz nada. Ficamos Em pé, ao lado dele enquanto o mesmo come em silêncio. Lian e Tiago apareceram logo em seguida, dando apenas bom dia e ficando nos cantos do local, olhando em volta com atenção, como sempre.

Felipe termina seu desjejum e suspira alto, como se algo o incomodasse. Porém, novamente ele não diz nada. Um touro aparece na entrada e faz a reverência antes de avisar que a carruagem está pronta.

Pela primeira vez desde que Cássia sumiu, o rei finalmente sairá do palácio e eu estava ansiando por isso.

Ao chegar no centro da grande cidade, paramos no mesmo lugar de sempre. Ele observa a estátua de sua mãe, antiga rainha, antes de olhar em volta e perceber os cidadãos andando tranquilamente. Quem passava perto do rei, sempre fazia reverência com um sorriso, sem medo.

Escondemos de todos sobre o sumiço da rainha e sobre a perda de memória de Felipe. Assim, o medo e o caos não apareceram na cidade... Ainda.

- Bom dia, majestade! – Fala uma cabra ao passar com um cesto e seus filhotes, que não paravam de correr.

- Bom dia majestade! – Falam os filhotes, deixando Felipe surpreso e inquieto. Ele apenas balançou a cabeça e continuou seguindo adiante, mas sempre recebia um "bom dia" das pessoas que passavam perto.

Finalmente chegamos no grande prédio belo e cheio de vida. Suspiro aliviado e com saudade, já que tive que ficar entocado no palácio esse tempo todo por causa da situação do rei. Um morcego voa até nós e Felipe prepara a espada em sua cintura até eu parar na sua frente.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora