Eu estava tranquila pela primeira vez de muito tempo. Diego estava no orfanato junto dos gêmeos, sendo cuidado por Fenrir, que prometeu cuidar deles enquanto aproveitamos a festa.
Por estar de guarda, Damian não podia ficar comigo, mas mesmo assim eu não me importei, já que estava de olho nas crianças que trouxe.
Discretamente, em forma de coelho, ouvia a conversa das crianças com os nobres e me orgulhei com os comentários que ouvia.
- Nossa, mas você é tão educado.
- Obrigada, minha senhora. – Diz Joaquim, um esquilo sorridente e animado.
- Oh, e você sabe tocar algo? – Pergunta outro nobre para Norma, que sorri confiante.
- As tias do orfanato sempre nos ensinam algo novo nas aulas. Eu sei o básico de costura, dança e flauta. – Fala a pequena raposa de forma orgulhosa e sorri.
E assim, percebo que quase todos estavam conseguindo se enturmar e ganhar elogios dos convidados, quase todos, menos um.
- Sergio. – Chamo o menino de cabelos negros e olhos amarelos finos e afiados que estava com o rosto fechado, braços cruzados, em um canto do salão. – O que está fazendo aqui, querido?
Ele me encara e vejo lágrimas presas com esforço.
- Eles têm medo de mim, tia. – Fala e abaixa a cabeça, parecendo revoltado. – Eles olham para meus olhos feios e logo se afastam. Eu nem tenho a chance de me apresentar!
Fala bravo e tenta limpar as lágrimas teimosas com a manga da camisa.
- Oh, querido... – Falo com dor no coração até ter uma ideia. – Ah... Já sei!
Falo e estico a mão para ele.
- Confiaria na titia? – Pergunto e ele puxa o choro para dentro e confirma, pegando na minha mão.
Eu o arrasto para o meio do salão, onde tinha um pequeno espaço para a dança. Vejo o rei e a rainha sentarem em seus tronos, na qual Yvan, o mago, atualizou com sua magia para Cássia sentar ao lado de Felipe novamente. Ela nos encara e sorri orgulhosa.
Sinto a mão de Sergio apertar a minha.
- Tem medo do rei, querido? – Pergunto baixo e ele confirma com a cabeça.
- Ora, então vocês são bem parecidos. – Falo e ele me encara confuso. – O rei também é temido por muitos. Até eu tinha medo. Mas depois que ele mostrou que era um grande e magnífico rei, eu o respeito com toda a sinceridade.
Falo sorrindo para Cássia e logo encaro Sergio.
- Então porque não mostramos para esses nobres o que você tem de magnífico, querido? – estico a mão e, assim, uma nova valsa é tocada e logo dançamos.
Sergio era uma serpente, na qual até pouco tempo atrás conviviam apenas dentro da floresta verde. O pequeno filhote de serpente tinha um pouco mais que minha altura, já que eu era baixinha. Sua espécie ainda é nova na sociedade, temida e evitada por muitos. Mas eu percebi ao ver três da mesma espécie no orfanato que o dom da dança estava na genética. Os dois pequenos mal sabem andar em versão humana, mas já sabiam dançar de forma desajeitada. Sergio era parecido, porém, com sua idade um pouco mais avançada, mesmo sendo tímido, era um perfeito cavalheiro na dança, conduzindo qualquer um com perfeição.
Aos poucos, eu via os olhares dos convidados sendo mirados em nós. Sergio me joga para cima e, fechando os olhos e prendendo a respiração, giro no ar e sou pega no colo antes de voltar com a valsa, na qual é finalizada com Sergio me inclinando para o lado de forma perfeita. Sorri e ele me levanta, um pouco mais animado.
- Magnífico, como esperado de você, querido. – Pisco e me afasto assim que uma menina ruiva corre em sua direção sorrindo.
- Oi, você foi incrível! Me ensina a dançar?! - menina ruiva era muito animada e falava alto, assim, as moças nobres se aproximaram de Sergio e o rodearam pedindo aulas particulares também, o deixando com o rosto vermelho de vergonha com tanta atenção.
Ri e me afastei, pegando algo para beber e recuperar o fôlego. Ao relaxar, uma voz sussurra em meu ouvido, me assustando.
- Oi. – Fala e prendo um grito, pulando e virando coelho novamente, virando e encontrando Damian prendendo uma risada da minha cara.
Volto a forma humana e inflo as bochechas, fingindo estar brava.
- Damian, seu chato! – Falo e ri com ele. – E então, o que achou da apresentação?
- Perfeita, como esperado da minha esposa. – Fala pegando na minha mão e beijando a mesma.
- Obrigada, gatinho! – Falo orgulhosa.
- Por acaso me concedia a próxima dança, senhora coelho? – Pergunta com um olhar sedutor e sorri de lado.
- Para você, sim para qualquer coisa, gatinho. – Sussurro perto de seu rosto e o mesmo sorri de lado antes de me acompanhar em uma dança.
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Sua realeza, a Fera
FantasiE se um imperador tirano de um mundo de fantasia viesse para o mundo real? Para salvar seu reino e seu futuro, Felipe, disfarçado de humano, foi jogada para outro mundo a fim de aprender a realidade do mundo moderno. Começando com um quase atropela...