- Sente-se, majestade.
- Ainda não sei seu verdadeiro nome, Willian.
Falo relaxando na grande cadeira de madeira e o mesmo fica parado na minha frente com a coruja em seu ombro.
- Perdoe senhor, mas desde que sai do outro mundo, sou amaldiçoado a não falar sobre meu passado. A pouca magia que existe neste mundo ainda me prende com o castigo que recebi de meus antigos atos e, até que eu seja perdoado, estarei condenado em viver nessa casca velha que a cada dia dói mais.
Apoio a cabeça na mão. Uma mania minha de quando estou desinteressado na história, mas me obrigo a ouvir.
- Tá, tá. Tanto faz. Conseguiu encontrar a tal jóia?
- Não senhor. Minha magia está fraca, mas consegui uma pequena informação antes de tudo dissipar.
- Revele.
- A joia está próxima. Acredito que esteja na cidade.
- Já é alguma coisa. – Falo suspirando cansado e vejo uma pequena pelúcia velha de ovelha na estante. – Me fale do passado de Cássia.
Ele fica mudo e eu o encaro, vendo a surpresa e susto em seu rosto.
- Não me diga que é outra maldição?
- N-não... Vossa alteza... É que...
- Fale! - Mando.
- Sim, senhor. Quando apareci neste mundo, passei na vida de muitos e, quando conheci Cássia, o mal já tinha feito sua parte.
- Mal?
- Cássia era uma antiga órfã que conheci em uma grande cidade, a muito longe daqui. Ela cresceu cuidando de todos lá, sonhando acordada por causa dos livros que eu dava para ela sobre cavalheiros, príncipes e aventura. Porém, em sua adolescência conheceu um moço, próximo da idade da senhorita. Ele era líder de um grupo muito famoso e perigoso na cidade, mas ela não sabia disso no começo. Se apaixonou pelo moço e fez amizade com todos seus companheiros, aprendendo a ser forte para proteger as crianças do orfanato.
Eu apenas ouvia, um pouco mais interessado, desta vez.
- Ao completar sua maioridade, saiu do local e começou a viver com esse moço, mas sempre ia ao orfanato ajudar, já que recebeu autorização para trabalhar lá. Por ser possessivo, este moço a impedia cada vez mais de sair, cortando sua liberdade de pouco a pouco. Mas ela estava cega pela paixão e não percebia isso. Eu fui o último que ele cortou, talvez pela minha aparência de idoso, mas enfim ela sumiu.
Não estava gostando do caminho que essa história estava indo, mas decido não cortá-lo.
- Em uma grande noite chuvosa, fui acordado com fortes batidas na porta. Já que os ladrões nunca foram tão educados, sabia que não seria o caso, mas...
Fala e para .Eu o encaro e vejo lágrimas caindo em seus olhos, me surpreendendo.
- Cássia havia aparecido, completamente fraca, machucada, chorando e...
- E?
Pergunto e a coruja voa, voltando com um lenço na qual William limpa seu rosto.
- Eu já havia conhecido vários monstros em minha vida, mas... O que eu tinha visto naquela noite foi... Algo inacreditável, até para um humano sem magia.
- O que aconteceu? - Pergunto um pouco baixo e ele não me encarava mais.
- Cássia havia abortado um bebê daquele monstro após sofrer tortura do mesmo. Após alguns dias de cama, ela havia se recuperado de saúde e explicou que, ao contar para ele sobre a gestação, o mesmo não queria algo "imundo" como um bebê para atrapalhar a vida dele. E-ele... Chamou algo tão simples e inocente de imundo. Infelizmente Cássia não conseguia contar para ninguém nenhum detalhe do que ela sofreu naquele dia e noite.
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Sua realeza, a Fera
FantasíaE se um imperador tirano de um mundo de fantasia viesse para o mundo real? Para salvar seu reino e seu futuro, Felipe, disfarçado de humano, foi jogada para outro mundo a fim de aprender a realidade do mundo moderno. Começando com um quase atropela...