O desespero me consome ao ver seu sangue e a dor de cabeça aparece fortemente com o barulho de correntes. Sem me importar com mais nada, libero minha magia e queimo o nobre e seus criados que ofereceram a bebida.
Agora, sentado na frente da cama onde ela estava deitada, ouço com atenção as palavras do jovem mago.
- O veneno foi forte o suficiente para tentar atingir o senhor e... a rainha é uma humana. Eu fiz tudo o que podia, majestade. Graças a magia do celestial Mercúrio, ela não está mais em perigo.
Diz e Mercúrio, ao seu lado, continua.
- Infelizmente não sabemos se ela acordará, Felipe. - explica sério e respira fundo.
Do lado de fora se ouve vários raios soando no céu, mas eu não conseguia levantar a cabeça.
- Procurarei uma forma de acordá-la. - Diz dando as costas, parecendo revoltado por não conseguir salvar a humana protegida, e sai pela varanda, voando e sumindo.
- Saiam. - mando ao sentir que tinha muita gente.
As acompanhantes, a elite, o mago, o segurança particular da humana, todos estavam preocupado, mas eu precisava de silêncio.
- O que?! - uma das acompanhantes exclama. - Mas....
- Mel... - Damian a corta e a afasta. - Estaremos do lado de fora, caso precise, majestade.
Me avisa e finalmente a porta é fechada e estou sozinho. Afasto minhas mãos do rosto e encaro minha mão esquerda com um laço eterno vermelho forte.
- Merda. - sussurro e a encaro sério. - Como ousa beber aquilo?! - reclamo. - Como pôde fazer isso comigo! Quem vai criar nosso filho?!
Reclamo e sinto minha garganta arder. Estranhei, já que não bebi o veneno. Meu nariz arde e meu rosto esquenta. Toquei na minha testa e abaixo o olhar, vendo minha visão embaçada.
Eu estava prestes a chorar?!
Fecho os olhos com força e engulo as lágrimas.
Não. Não irei chorar! Ainda não.
Por quase duas semanas eu não sai do quarto, sempre trabalhando e dormindo ao lado de Cássia, que continuava na mesma situação.
As damas de companhia apareciam duas vezes, todos os dias, para limpar Cássia. O mago aparecia de manhã e de tarde para transferir magia de cura e energia para o corpo fraco da humana, que não comia desde a festa.
A elite sempre perguntava sobre a rainha quando me via, mas não tinha nenhuma novidade.
- Majestade, - Lian me chama baixo, depois de pegar o documento que assinei. - Não acha melhor tomar um ar? O senhor não toma sol há dias. Sua magia...
- Estou bem. - o corto e encaro suas mãos. - o que mais tenho que assinar?
Ele me encara triste e nega com a cabeça.
- Por hoje é só. Pedirei que tragar seu chá da tarde. - diz e faz a reverência antes de sair.
Me levanto da cadeira no canto do quarto e passeio um pouco pelo local enquanto aperto meu ombro tenso. Ouço-a respirar fundo, como faz algumas vezes, mas não me iludo mais. Me aproximo da cama e sento na cadeira que tinha perto dela. Me inclino, apoiando os antebraços nos joelhos.
- Hey, - sussurro com a cabeça baixa. - Está ai?
Pergunto sentindo minha cabeça latejando, como todos os dias. Eu o chamava as vezes, mas nunca recebia uma respostas se quer.
Observo Cássia na minha frente, agora com um vestido azul claro e a pele pálida como papel, rosno revoltado. A cena dela tomando minha taça e de seu sangue sendo cuspido se repete novamente na minha mente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sua realeza, a Fera
FantasiE se um imperador tirano de um mundo de fantasia viesse para o mundo real? Para salvar seu reino e seu futuro, Felipe, disfarçado de humano, foi jogada para outro mundo a fim de aprender a realidade do mundo moderno. Começando com um quase atropela...