Capítulo 65

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O desespero me consome ao ver seu sangue e a dor de cabeça aparece fortemente com o barulho de correntes. Sem me importar com mais nada, libero minha magia e queimo o nobre e seus criados que ofereceram a bebida.

Agora, sentado na frente da cama onde ela estava deitada, ouço com atenção as palavras do jovem mago.

- O veneno foi forte o suficiente para tentar atingir o senhor e... a rainha é uma humana. Eu fiz tudo o que podia, majestade. Graças a magia do celestial Mercúrio, ela não está mais em perigo.

Diz e Mercúrio, ao seu lado, continua.

- Infelizmente não sabemos se ela acordará, Felipe. - explica sério e respira fundo.

Do lado de fora se ouve vários raios soando no céu, mas eu não conseguia levantar a cabeça.

- Procurarei uma forma de acordá-la. - Diz dando as costas, parecendo revoltado por não conseguir salvar a humana protegida, e sai pela varanda, voando e sumindo.

- Saiam. - mando ao sentir que tinha muita gente.

As acompanhantes, a elite, o mago, o segurança particular da humana, todos estavam preocupado, mas eu precisava de silêncio.

- O que?! - uma das acompanhantes exclama. - Mas....

- Mel... - Damian a corta e a afasta. - Estaremos do lado de fora, caso precise, majestade.

Me avisa e finalmente a porta é fechada e estou sozinho. Afasto minhas mãos do rosto e encaro minha mão esquerda com um laço eterno vermelho forte.

- Merda. - sussurro e a encaro sério. - Como ousa beber aquilo?! - reclamo. - Como pôde fazer isso comigo! Quem vai criar nosso filho?!

Reclamo e sinto minha garganta arder. Estranhei, já que não bebi o veneno. Meu nariz arde e meu rosto esquenta. Toquei na minha testa e abaixo o olhar, vendo minha visão embaçada.

Eu estava prestes a chorar?!

Fecho os olhos com força e engulo as lágrimas.

Não. Não irei chorar! Ainda não.

Por quase duas semanas eu não sai do quarto, sempre trabalhando e dormindo ao lado de Cássia, que continuava na mesma situação.

As damas de companhia apareciam duas vezes, todos os dias, para limpar Cássia. O mago aparecia de manhã e de tarde para transferir magia de cura e energia para o corpo fraco da humana, que não comia desde a festa.

A elite sempre perguntava sobre a rainha quando me via, mas não tinha nenhuma novidade.

- Majestade, - Lian me chama baixo, depois de pegar o documento que assinei. - Não acha melhor tomar um ar? O senhor não toma sol há dias. Sua magia...

- Estou bem. - o corto e encaro suas mãos. - o que mais tenho que assinar?

Ele me encara triste e nega com a cabeça.

- Por hoje é só. Pedirei que tragar seu chá da tarde. - diz e faz a reverência antes de sair.

Me levanto da cadeira no canto do quarto e passeio um pouco pelo local enquanto aperto meu ombro tenso. Ouço-a respirar fundo, como faz algumas vezes, mas não me iludo mais. Me aproximo da cama e sento na cadeira que tinha perto dela. Me inclino, apoiando os antebraços nos joelhos.

- Hey, - sussurro com a cabeça baixa. - Está ai?

Pergunto sentindo minha cabeça latejando, como todos os dias. Eu o chamava as vezes, mas nunca recebia uma respostas se quer.

Observo Cássia na minha frente, agora com um vestido azul claro e a pele pálida como papel, rosno revoltado. A cena dela tomando minha taça e de seu sangue sendo cuspido se repete novamente na minha mente.

Sua realeza, a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora