36.

1.3K 130 190
                                    

CELESTE SPERANDIO

Eu estava de barriga para baixo enquanto fazia uma ligação com a minha irmã. Pedro foi ao mercado há uns trinta minutos atrás e eu quis ficar na casa dele. Eu odiava ir ao mercado, era a coisa mais entediante do mundo.

Adivinhem sobre o que eu e a minha irmã estávamos falando.

Sim, estávamos falando mal dos nossos pais. Nada de novo nisso.

Eles mandaram o mordomo me ligar e ligar para o Tito, avisando que nós precisávamos estar em Milão na véspera de natal porque no natal fariam um discurso para todos. — Allegra contou e eu arquejei, surpresa pela revelação. Meus pais eram extremamente nojentos. — Ele deve ligar para você também.

— E vocês vão? — eu perguntei já sabendo a reposta e a linha ficou muda. — Só vou se vocês forem.

Não temos outra escolha. — a minha irmã respondeu seriamente e eu assenti. — Eles querem alguma coisa. Faz anos que eles não nos chamam para Milão.

— Ainda não está na época de eleição. — eu respondi confusa. Eles geralmente faziam isso quando meu pai se candidatava para prefeito novamente, mas esse não era o caso. — Algo sério deve ter acontecido.

Se fosse algo sério, eles resolveriam entre eles. Por que precisariam da gente? — Allegra fez uma pergunta retórica e parando para pensar, fazia sentido.

— É... — eu concordei e deixei os meus lábios em uma linha reta. — A pior parte é que não temos o direito de negar.

E realmente não tínhamos.

Caso negássemos, os nossos pais arrumariam algum jeito de estragar as nossas vidas e então nós teríamos que ir à Milão de qualquer jeito. Sim, eles eram baixos nesse nível.

Eu queria ter nascido com pais melhores. — a mais velha disse e eu pude perceber que ela estava triste somente pelo tom de voz dela. — Eu sinto muito por você, a sua imagem materna mais próxima é a nossa tia e a imagem paterna é o nosso avô, mesmo que ele não te visite tanto quanto nos visite em Monte Carlo.

— Já aprendi a lidar com isso. Não posso ficar remoendo essa merda então eu só aceitei. Nossos pais não vão mudar. — eu falei e ouvi o suspiro da mais velha. A porta principal do apartamento do González fez um certo barulho e eu soube que ele chegou em casa. — Preciso desligar. O Pedro chegou em casa.

Vai lá dar atenção para o seu homem, vai. — Allegra brincou e eu soltei uma risada. Umedeci os meus lábios e encerrei a chamada no mesmo momento em que o moreno abriu a porta do quarto, eu me ajeitei na cama dele.

Pedro abriu um sorriso na minha direção e me puxou pela cintura, deixando um selinho nos meus lábios.

— Vamos fazer pizza e você vai me ensinar o jeito correto. — o González me puxou para que eu levantasse da cama dele e eu soltei uma risada sincera quando o moreno beijou o meu pescoço diversas vezes e acabou fazendo cócegas no meu pescoço. Eu abracei ele, mas o mesmo me jogou em seu ombro como se eu não pesasse nada.

Nós fomos até a cozinha da casa dele e eu percebi que todos os ingredientes, formas e talheres já estavam ali. Deixei um beijo nas costas malhadas dele e por fim, eu pude sentir os meus pés tocarem no chão.

hotel, pedri gonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora