39.

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CELESTE SPERANDIO

A fumaça saiu pela minha boca quando eu soltei um suspiro aliviado ao bater o taco de golfe na bola e ela entrar exatamente no buraco. Hoje estava fazendo menos dois graus em Milão e a jornalista do tempo disse que amanhã fariam menos três e nevaria.

Passar o inverno em Milão era um pesadelo para quem estava acostumado com o clima de Barcelona.

Meus olhos acompanharam o homem de pele clara, cabelo e olhos escuros e alto. Um sorriso de orelha a orelha surgiu nos meus lábios quando eu reconheci quem era.

— Angelo! — eu disse em um tom de voz alto e animado. O mais velho sorriu, mostrando suas covinhas, e abriu os braços na minha direção. Soltei o taco de golfe e pulei em seus braços, entrelaçando as minhas pernas em sua cintura. Ele tinha o porte extremamente atlético e usava roupas de frio pretas.

— Celeste! — ele me cumprimentou de volta e me abraçou pela cintura, apertando a região. Angelo deixou um beijo na minha cabeça e bagunçou os meus fios de cabelo, assim como fazia antigamente. — Você cresceu. Está uma mulher encantadora, mas continua sendo do tamanho de uma tampa.

— E você está um grande homem, literalmente. — eu brinquei e o mais velho soltou uma risada, balançando a cabeça em negação. — Está fazendo o que aqui? Não vi o seu pai.

— Meu pai se aposentou, não soube? — Angelo perguntou desacreditado e eu balancei a cabeça em negação, surpresa. — Ele foi perseguido por um traficante que acertou um tiro na virilha dele, agora eu sou o segurança-chefe.

— Meu Deus... E como ele está? — eu perguntei preocupada e o moreno cruzou os braços rente ao peitoral, tentando aquecer as suas mãos enluvadas.

— Ele está melhor agora, mas resolveu se aposentar para cuidar da minha mãe e da minha irmã. — ele respondeu e eu assenti, menos preocupada. Angelo era cinco anos mais velho do que eu, ele foi como um melhor amigo para mim na minha infância. — Veio à Itália por quê? Sempre odiou Milão.

— Algumas coisas que aconteceram em Barcelona, mas vai ficar tudo bem. — eu respondi e soltei um suspiro, a fumaça saiu da minha boca por causa da temperatura baixa. — Que horas você vai embora?

Angelo observou o relógio de pulso dele e semicerrou os olhos, lendo o horário.

— Daqui a trinta minutos, mas amanhã estou de volta novamente. — o italiano respondeu e eu assenti. Arregalei os olhos quando lembrei de algo. — O que foi?

Ele riu e eu entreabri a minha boca.

Como eu poderia esquecer?

— Meus irmãos vêm a Milão amanhã. — eu contei e o Angelo arregalou os olhos, surpreso pela revelação tanto quanto eu. — Vamos passar o natal e o ano novo com os nossos pais.

— É impressão minha ou vocês foram obrigados? — Angelo questionou de forma humorada e eu soltei uma risada nasal, eu movimentei os meus ombros para cima e para baixo mostrando indiferença e peguei o taco de golfe jogado no chão, guardando na sacola propícia para isso. Nós iríamos à área interna da casa dos meus pais a pé mesmo, nem precisava do carrinho de golfe.

Meus pais moravam em uma mansão gigantesca e toda oportunidade que tinham, mostravam que tinham dinheiro.

— 'Obrigados' não é a palavra certa para definir... — eu respondi no mesmo tom de voz e o moreno enrugou a testa, fingindo que acreditava em mim. — Tudo bem, é sim.

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