CELESTE SPERANDIO
Allegra e eu colocamos a barra de chocolate suíço no microondas e esperamos o doce derreter. Ela e Tito já chegaram em Milão e agora faríamos chocolate quente com marshmallows. O tempo lá fora estava muito frio, tão frio que estava nevando.
Eu e a minha irmã estávamos conversando sobre muitas coisas enquanto o Tito estava no quarto dele. Eu entendia o lado dele, ele era o que menos se sentia confortável aqui e então preferia se isolar.
A minha rotina estava sendo menos pior com eles, com a Donna e com o Angelo junto comigo, eles eram o que mais estavam me dando atenção e conversando comigo normalmente.
Além disso, meu pai disse para eu deixar tudo nas mãos dele e para eu não me intrometer mais no assunto do meu ex-namorado psicopata. Algo interno me diz para eu não fazer isso, talvez pelo o que eu passei com o Pedro ou pela preocupação de estragar a vida do Giuseppe também.
E se o Hades fizesse alguma coisa com o meu pai?
Eu não gostava nem de pensar na hipótese, a ideia disso me dava arrepios. Mas era inevitável não pensar, Hades serviu no exército por anos, ainda foi chamado para a Guerra no território árabe. Hades sabia como fazer coisas ruins.
Meus devaneios foram interrompidos pela minha irmã. Eu nem percebi que estava encarando um lugar fixo da cozinha até a mais velha me chamar.
— Está tudo bem? — ela perguntou e eu fiz um som nasal, assentindo. — Pedro ligou desesperado para mim e para o Tito quando você veio a Milão. Acho que ele gosta mesmo de você.
— Ele vive me ligando também, mas eu não posso estragar a vida dele mais do que eu já estraguei. — eu disse e a minha irmã deixou os lábios em uma linha reta. Ela já estava sabendo de quase tudo, a única coisa que eu não contei foi sobre eu ter assassinado o Zeus. Somente o meu pai, o Ferran, o Pedro, a Martina e eu sabemos sobre isso.
— Não fala isso, Les. Você e o Pedro erraram muito, mas estavam dispostos a consertar isso juntos. — Allegra me repreendeu e eu soltei um suspiro, movimentando os meus ombros para cima e para baixo demonstrando indiferença. — Sabemos que o Zeus era maluco e mereceu o final que teve. Ainda bem que a polícia matou ele.
É, a polícia...
A minha mente pesa toda vez que eu lembro que matei um homem, mesmo que ele não fosse inocente. Eu não tinha o direito de tirar uma vida.
Meu celular tocou em cima da ilha da cozinha e os meus olhos captaram o contato do moreno ali. Senti o meu coração acelerar e tive vontade de atender, mas não o fiz, então esperei ele mandar mensagem.
Essa semana nevou mais do que o normal e isso fez com que eu, Allegra, Tito, Angelo e Angelina fôssemos esquiar. Algumas pessoas tiraram fotos desse momento entre irmãos e eu não sabia onde enfiar a minha cara. Acho que agora os meus olhos estavam se abrindo e eu percebia o quão desconfortável era ter alguém falando sobre a sua vida.
Talvez eu devesse aceitar a ajuda dos meus pais e ser bancada por eles. Talvez eu devesse me entregar logo e acabar com isso de uma vez, assim ninguém sairia como culpado além de mim. Eu tenho que arcar com as consequências das minhas atitudes, não fugir delas.
Eu não cheguei onde estou de forma justa, então isso tudo seria uma espécie de carma, um carma mais que merecido.
Pedro não tinha culpa da minha personalidade ruim, nem os meus pais. Se isso era um problema meu, eu não deveria intrometer os outros nisso. Eu já era uma adulta e precisava aceitar essa verdade.
Nós colhemos o que plantamos.
(...)
PEDRI GONZÁLEZ
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hotel, pedri gonzález
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