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CELESTE SPERANDIO

Eu pedi férias para o meu chefe e ele permitiu, pelo lado bom, todas as minha férias desde que eu entrei na empresa estavam acumuladas e eu poderia passar um bom tempo fora sem ninguém perceber nada. Resumindo, eu fugi de Barcelona na madrugada de hoje, sem nem ao menos avisar ninguém, só deixei uma carta na mesa do meu apartamento com as meninas e disse que eu estava bem. Eu não disse à elas onde eu iria.

E sim, eu estava de volta à Milão.

Uma coisa que eu não senti falta aqui era a escolta dos seguranças dos meus pais, eu me sentia uma celebridade -mesmo que eu fosse considerada uma em Milão- e isso era extremamente desconfortável. Quando eu cheguei no aeroporto, a primeira coisa que os meus olhos captaram foram os seguranças de terno e óculos escuros, eles pareciam até MIB. Eu senti as minhas bochechas corarem de vergonha e cocei a minha mandíbula.

— Senhorita Sperandio, é um prazer revê-la. Seus pais aguardam-na no gabinete oficial. — um dos homens disse de um modo sério e eu assenti. O outro pegou as minhas malas e ambos me acompanharam até um SUV preto.

O Rolex no meu pulso indicava que o horário não passava de cinco e meia da manhã. O voo saiu de Barcelona às quatro horas em ponto.

As únicas pessoas que poderiam me ajudar verdadeiramente seriam os meus pais. Ainda que eles nunca cuidam e se importam comigo, quando eu peço algo, eles aceitam. Entretanto eu sabia que a partir de agora teria que comer na mão deles.

(...)

Eu engoli em seco quando entrei na sala do meu pai e ele estava lá, conversando com a minha mãe sobre algum assunto que provavelmente não me cabia.

— Celeste. — minha mãe me cumprimentou com um aceno de cabeça e eu pigarreei, abrindo um sorriso forçado e fechado. —É um prazer revê-la após quatro anos, contudo precisamos conversar sobre o seu comportamento extravagante.

Não posso dizer a mesma coisa.

— Defendendo-me, eu gostaria de relatar que o que foi dito por Hades é irreal. — eu disse e meus pais me encararam, surpresos. — Hades é irmão do meu ex-namorado que abusou de mim e agora ele está me perseguindo.

— Hades e Zeus? — o meu pai perguntou sem expressar nenhuma reação.

— Hades. Zeus está morto. — eu respondi. Os mais velhos se entreolharam e depois olharam para mim. Eu engoli em seco, mas mantive a minha postura intacta.

Meus pais eram como generais do exército quando falavam comigo e com os meus irmãos; se você não fosse confiante o suficiente, você não seria levado a sério.

— Me conte mais. — o mais velho ordenou e eu assenti, umedecendo os meus lábios. Um dos seguranças dele me ofereceu um assento e eu agradeci, sentando na poltrona na frente da mesa do meu pai.

(...)

Giuseppe ficou surpreso pelo o que aconteceu comigo, nem ele esperava por essas coisas. Meu pai disse que me ajudaria, mas em compensação eu teria que morar com ele e a minha mãe pelo menos até nós resolvermos isso.

Todavia, ele disse que não poderia fazer muita coisa pelo Pedro e que não confiava no meio-campista o suficiente. Meu pai deu uma ideia maluca, dizendo que como eu escrevi uma reportagem difamatória sobre o González, ele poderia estar planejando se vingar de mim.

Bom, por um lado fazia sentido... Mas o Pedro estava apaixonado por mim e não teria motivo de fazer isso.

Mudando totalmente de assunto, eu já estava na casa dos meus pais. Abri a porta do meu quarto e percebi que eles não tiraram nada do lugar, era o mesmo quarto de adolescente que eu planejei quando tinha quinze anos e vinha à Milão nas férias.

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