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CELESTE SPERANDIO

Eu estava parada na frente do meu chefe, ele leu sobre as reportagens que eu escrevi e avaliou se eram boas o suficiente para serem postadas. Eu trabalhava para a Vogue Espanha há um tempo atrás, mas depois fui fazer jornalismo esportivo e hoje em dia trabalho para a Fox Sports. A diferença é enorme e no jornalismo esportivo, a misoginia era tão alta que às vezes eu precisava me segurar ao máximo para não mandar alguém àquele lugar.

Eu nasci em Milão, mas fui morar em Madrid aos quatro anos e aos dezesseis, vim morar em Barcelona, já que a minha tia viajava muito por causa do trabalho. Meus pais continuaram em Milão, são influentes lá e preferiram deixar a minha guarda com a minha tia, que até hoje vive como se fosse uma adolescente. Até porque, de certa forma, quando ela veio para a Espanha, ela tinha vinte e um anos, a idade que eu farei ainda esse ano.

Eu divido o aluguel com as minhas duas melhores amigas, Cleo -Leo para os mais próximos- e Martina -Tina ou Tini para os mais próximos-.

— Não está bom o suficiente, Sperandio. — Erick, mais conhecido como russo na empresa -adivinhem? Ele nasceu na Rússia-, disse, ele nem leu direito. Respirei fundo e assenti.

Eu passei a madrugada em claro escrevendo aquela merda de artigo e esse idiota do meu chefe simplesmente teve um olhar superficial nele, eu reli várias e várias vezes antes de vir entregar a ele, todos disseram que estava ótimo, mas ele é o único babaca que disse que "não estava bom o suficiente".

Ele vai ver o bom o suficiente.

— Russo. — eu chamei o mais velho, ele virou o rosto na minha direção, mas os seus olhos ainda continuavam na tela do computador à sua frente. — Me dê mais um tempo, eu consigo fazer uma matéria incrível sobre qualquer jogador da La Liga, mas eu preciso da sua compreensão.

— Tudo bem. Você tem seis meses, no final da temporada quero que você venha até à minha sala e me mostre o artigo. — ele finalmente me encarou, mesmo que os seus olhos demonstrassem tédio e eu abri um sorriso contido. — Seis meses e não passa disso, entendido?

— Entendido! Muito obrigada, russo. — eu disse e ele assentiu, voltando a prestar atenção no computador. Já havia passado do meu horário, obviamente a empresa estava se esvaziando aos poucos. Fui até o estacionamento subterrâneo da empresa e procurei pelo o meu carro, um Renegade. Assim que eu entrei, o meu celular tocou pelo bluetooth do carro, eram as meninas. — Quem faz a janta hoje? Eu estou fora!

Pois eu também. — Tina disse e a Leo bufou.

Sempre sobra para mim, que judiação. — a modelo reclamou e nós rimos. — Mas hoje não, meus amores, hoje não! Ibiza, sim ou com certeza?

Fala sério. Ibiza?

A ilha do pecado é tipo Vegas, mas na Espanha. Para começar que quando você saí do aeroporto, você já sente cheiro de drogas, álcool, orgias e o menos importante, vômito. Não seria um lugar muito legal para levar uma criança ou ir na lua de mel.

— Você acha mesmo que eu vou sair do conforto do meu apartamento para ir à Ibiza encher a cara? — eu perguntei e soltei uma risada sarcástica. A minha melhor amiga me imitou com uma voz aguda e eu revirei os olhos.

Acho. — ela respondeu. — É só um bate-volta, vai... A gente passa um dia lá e depois volta, vem logo para casa para arrumar a sua mochila.

hotel, pedri gonzálezOnde histórias criam vida. Descubra agora