34.

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CELESTE SPERANDIO

Eu encarei o detetive que estava do outro lado da mesa. Meu cabelo estava preso em um coque e eu vestia um moletom do meio-campista, que ainda tinha o cheiro dele. Não foi proposital, eu só peguei a primeira roupa que encontrei no meu armário e vesti.

— Que horas a campainha do seu apartamento tocou? — o homem questionou e eu soltei um suspiro frustrada. Eu não me sentia confortável em responder.

— Umas onze horas, talvez, onze e meia... — eu respondi e o mais velho assentiu, anotando no caderno.

Era uma investigação ou uma terapia?

— Isso aconteceu mais alguma outra vez? — ele questionou e eu assenti. — Quando?

— Faz dois ou três meses. Zeus entregou um urso de pelúcia que ele me deu quando namorávamos com um bilhete. — eu respondi. O detetive assentiu e fez um som nasal.

— Ainda tem esse bilhete? — o moreno perguntou e eu balancei a cabeça em negação.

— Não. Quando eu vi o que era, pedi para o Pedro jogar no lixo. — eu respondi novamente. O policial ergueu a sobrancelha e cruzou as mãos em cima da mesa.

— Lembra o que estava escrito no bilhete? — o mais velho perguntou e eu balancei a cabeça em negação. — Quem é Pedro? É o jogador de futebol que você escreveu uma reportagem?

— Sim, mas não quero que coloquem ele nisto, por favor. Não estamos mais juntos e Zeus não correrá mais atrás dele quando perceber isso. — eu pedi e o detetive semicerrou os olhos. Pelo menos, postar aquela reportagem tinha um lado positivo, Zeus veria que eu e Pedro não estávamos mais juntos e finalmente deixaria-o viver em paz.

— Nós temos viaturas para... — o policial foi interrompido por mim com o meu tom de voz esbravejando. Eu estava surtando por dentro e por fora.

— Não, porra. Você não está entendendo. Zeus é totalmente psicopata, ele sempre estará a um passo à frente de todos, ele sempre tem uma carta na manga. — eu respondi desesperada enquanto fazia gestos com a mão e encarava o moreno fixamente. Eu fazia isso quando ficava extremamente nervosa. — Colocar uma viatura em qualquer que seja o lugar não vai adiantar merda nenhuma. Eu só peço que não coloquem o Pedro nisso, por favor.

Eu implorei. O detetive me encarava sem muita expressão facial, ele era frio, talvez tenha se acostumado com o tempo ao ver o desespero de diversas vítimas.

— Senhorita Sperandio, não posso fazer muita coisa se eu não manter uma certa comunicação com o Pedro, ele pode saber de algo que você não sabe. — o homem disse calmamente e eu senti o meu coração disparar. Lágrimas caíam sobre a minha bochecha de tanto nervosismo que eu sentia no momento, novamente as minhas mãos tremiam. A outra detetive entrou na sala com um copo de água, me oferecendo e eu encarei-o, balançando a cabeça em negação.

Eu estava ficando maluca aos poucos por causa do meu ex-namorado psicopata.

Eu achava que todos iriam me machucar ou que estavam ao lado dele. Eu comecei a desconfiar até da Martina e da Cleo, mesmo que elas fossem as que mais estivessem me ajudando.

Tudo caiu nas minhas costas ao mesmo tempo e eu não sabia por quanto tempo conseguiria aguentar isso.

— Eu quero ir para a minha casa. — eu comentei. Eles soltaram suspiros frustrados e assentiram. Me retirei da sala de interrogatório e fui ao meu carro.

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