16 - Olívia

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Eu simplesmente amo essa música então eu tinha de colocá-la no livro pq ainda tá pra nascer um coração mais romântico do que o do Fred. 


- Eu detesto essa cidade! - Digo colocando a mochila nas costas.

- Eu sei, Brasília tem uma vibe diferente do resto do mundo.

- Você não precisava vir comigo.

- A última vez que a Furquim colocou os olhos em você, ela arrancou sangue, minha presença é sua única chance de sobrevivência.

Reviro os olhos e seguimos pelo aeroporto, o papà não tá errado, pisei na bola de um jeito que não dá para corrigir e o tapa que recebi foi merecido, meu maxilar inteiro ficou dolorido por dias.

No carro alugado ajusto o cabelo e confiro o hálito, é a segunda vez que nos veremos depois que eu recebi o título de maior filha da puta do universo. Eu sei que virei vilã. 

Não tenho o que dizer em minha defesa, fui horrível e provavelmente deveria dar ainda mais tempo para ele, mas não quero passar um ano na Itália sem me despedir do Frederico e das meninas, ainda mais sabendo o que aconteceu. Eu quis gritar com o tio Thomas quando soube, se ele não tivesse torcido o pescoço daqueles homens eu mesma teria feito.

Quando estacionamos já estou com o coração na boca, de fora do prédio notamos o estrago dos tiros, eles miraram certeiros no aparatamento deles, filhos da puta! Entramos na portaria sem dificuldades porque todos os porteiros conhecem meu pai, o corredor está destruído e dois seguranças estão parados na entrada do andar. 

Caracas, isso parece cena de filme! Conferem a foto que têm e nos deixam passar, quando nos aproximamos da porta deles meu pobre coração quer pular da boca. Usaram explosivos aqui! O que teria acontecido se os meninos não pudessem se defender! Que espécie de monstro tenta machucar o Frederico!

Sono il mostro que gli ha fatto del male (1)! Minha cabeça informa como se eu já não me sentisse mal o suficiente.

Jogo a mochila no chão sem me importar com o lixo empilhado e corro na direção da única pessoa que eu preciso ver, a porta está aberta e o quarto vazio, mas do banheiro vem saindo o homem mais bonito do mundo, e enrolado numa toalha, ENROLADO NA TOALHA.

Meu coração quer pular, minha barriga fica gelada, e meus joelhos viram gelatina, mas graças aos céus meus pés fazem alguma coisa.

- Olívia?

Não economizo na força do abraço. Notando que não vou soltá-lo ele finalmente retribui, mas com menos entusiamo, deixo meu coração se encher com seu cheiro de banho tomado e desodorante caro, sua pele molhada quase me distrai, mas me afasto.

- Olívia! - ele resmunga quando lhe dou tapas nos braços – quer me matar também, porra?

- Eu quase tive um treco por causa de vocês! Eu deveria estar na Itália, mas antes eu tinha de vir aqui e te sentar o tapa! Como você me deixou eles te machucarem, você tomou um tiro seu filho da mãe! Você tinha de ter arrancado a cabeça deles no segundo que entraram aqui! Eles não deveriam nem ter encostado em você!

Frederico segura meus braços sem dificuldade e nesse ponto já estou chorando.

- Eu não deixei eles atirarem em mim, acredita.

- Você cresceu num tatame, deveria ter matado os desgraçados no segundo que eles entraram aqui.

Fred aperta meus braços nas minhas costas e fica ainda mais perto, seus olhos pretos têm um brilho cômico, tenho certeza de que está sorrindo de mim em pensamento.

Fred 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora