18 - Olívia

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Mais uma Olívia versão Disney, os olhos agora estão da cor certa.

- Fala alguma coisa.

- Não tenho nada pra dizer.

- Eu precisava me explicar. - segurando a vontade chorar eu agarro a espátula de pedreiro e jogo cimento na parede, espirra um pouco em mim, mas não me importo. - As meninas me contaram que a insossa terminou com você.

Frederico ri, depois sacode a cabeça percebendo que não deveria sorrir do apelido, mas por fim ele se dá por vencido e sorri de verdade, os dentes lindos e retinhos sendo exibidos pelos lábios cheios e macios que herdou do pai.

O Frederico sorrindo deixa agente até meio zonza, meio? Correção, super zonza.

- Quer que eu mate ela por você? Não cobro, prometo.

- Não, não é culpa dela. - ele sacode a cabeça tristonho, joga a espátula na vasilha de cimento e põe os cotovelos nos joelhos. - acho que ser feliz no amor não tá escrito pra mim.

- Por favor não diz isso.

- Nah, tudo bem, esse tipo de felicidade não é para mim.

- Fred! - abandono a cadeira e de joelhos o abraço, sem me importar de ser notada – você merece ser feliz. Você não amava a insossa desse tanto, amava?

- Não, – ele tenta se soltar de mim e me afasto – mas meus pais mentiram para mim, por anos, a garota de quem eu mais gostei tava com o pau de outro na boca quando eu achei que era meu feliz para sempre, e agora minha namorada termina comigo porque atrapalho sua carreira. Amor é um negócio complicado, não é para mim.

- O amor é pra você, Fred você merece todo do amor do mundo! Eu não tô exagerando, você merece tudo!

- Se você pudesse ver a cara de pena que tá fazendo!

- Frederico, eu...

- Tá animada para o intercâmbio na Itália?

- Muito. - eu cedo à mudança de assunto – tô entusiasmada por estudar arquitetura, mas ficar longe de vocês será horrível, só de pensar.

- Você mora em outro estado, nós já estamos longe um do outro há muito tempo!

- Mas se eu pegar um avião te vejo em 1 hora, não dá para fazer a mesma coisa quando eu estiver na Umbria.

Ele se cala, o corpo inteiro fica tenso, mas não pára e concentra-se no trabalho, faço o mesmo, não quero insistir porque já dou graças aos céus por ouvir sua voz e estar em sua companhia, mas é ruim ir embora, muita coisa pode acontecer em um ano.

E se o Fred conhecer alguém? E se conhecer uma mulher mais madura do que eu, bonita, gostosa e gostar de literatura, e se ela ler as coisas inteligentes que o Fred também lê? Eu não quero perder minha chance, eu quero o Fred. Quero dormir e acordar ao seu lado, quero que seja o pai dos meus filhos, quero dividir minha vida com ele.

Ao meu lado está o cara mais gato do mundo, o príncipe encantado com o qual toda mulher sonha, e eu aqui, sendo a idiota que fez o Frederico sofrer inúmeras vezes porque sou cabeça dura, idiota e impaciente. Eu não o mereço, mas não significa que eu não posso mudar, certo? Eu posso ser a mulher que o Frederico merece. Eu sei que posso, eu quero ser.

- Figlia, mi servono uova e timo – papà grita da cozinha, segundos depois ele aparece na porta – per adesso.

- Você vem comigo? - pergunto, acho que o Frederico não entendeu, mas nos daria uma chance pra ficarmos sozinhos – eu não conheço Brasília.

Fred 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora