44 - Aretha

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No capítulo de hoje um pouco de amor fraterno, 😁.

- Good morning perfect (1)! - Banguela diz invadindo minha casa.

- Devolve minhas chaves.

- Você me proibiu de ir ao HuB, tive de vir aqui.

- Porque você deixa tudo quanto é mulher desesperada, as meninas da limpeza estavam batendo na minha porta pra saber que horas você apareceria.

- O que eu posso fazer se o público me admira? - diz todo metido e vai retirando os coturnos.

- Nem pense... - começo a dizer, mas o filho da mãe se joga na minha cama e se enrola no lençol, lá se vai minha cama esticadinha.

- O que tá fazendo para o nosso almoço?

- Fettuccine Alfredo.

- E desde quando vai azeitona? A nonna ia dar na sua cara.

- Eu ponho o que caralho quiser no caralho que me der vontade e cê vai comer calado.

- Porra, meu! Que bicho te mordeu?

- Nada me mordeu! Há dias! - eu resmungo e retiro os legumes da água higienizada.

- Ah, então a pergunta é quem não te mordeu, certo? - Fred pisca e senta-se na beirada da cama.

Garoto metido, tá ficando bom em ler pensamento, como nossa mãe.

- Você e o Mau não se acertaram? - Fred pergunta admirando os livros abertos na mesa – ele pendurou um saco de pancada na parede e achei que o bagulho iria sangrar ontem à noite.

- Me virou alcoviteiro, meu? Pára de tanta pergunta! E o que cê me tá fazendo aqui, não deveria estar no rabo da mina nova?

- Tô saindo de lá, me deu saudades suas.

- Fred, nós nos vimos há dois dias.

- Eu não posso ficar com saudades da minha irmã preferida que claramente precisa sair do atraso?

- Um: cala a boca. Dois: cala a boca. Três: quem disse que tô no atraso?

- Aretha quando uma pessoa tá tentando abrir um pote azeitona com um martelo é porque ela tá doida varrida. - ele aponta o pote de vidro ao lado do martelo na bancada.

- O bagulho tá emperrado, meu! - me defendo porque agora parece meio esdrúxulo - o que tem isso com sexo?

- Tô errado?

Não respondo, gargalhando meu irmão gigante me empurra e pega o pote, sem dificuldades ele desenrosca a tampa, seus dedos tatuados catam algumas azeitonas que ele joga na boca e sorridente pisca para mim.

- O que rolou com o Maurício?

- Nada.

- Por isso você tá no atraso e ele matando o saco de pancadas?

- Frederico eu me recuso a discutir minha vida sexual contigo.

- Por quê? Eu posso te contar o que fiz a madrugada toda. - ela puxa a cadeira e senta-se, põe os pés gigantes na minha escrivaninha e cruza os braços atrás da cabeça, mesmo gesto da mamãe e do papai. O Frederico é um retrato dos pais, aparência de um, personalidade do outro.

- Vou conhecer a minazinha?

- Quando eu conseguir levá-la lá em casa, ela tá se fazendo de difícil, mas ninguém resiste a mim por mim muito tempo.

Ajusto a tábua e pego a cenoura, foto seu rosto, merda, a expressão não deixa dúvida.

- Oh no! Você já tá apaixonado.

Fred 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora