Minha tentativa de IA da Aretha. Ela na verdade tem dois longos dreadlocks do lado esquerdo do cabelo, mas nenhuma versão que o programa ofereceu ficou parecida, na imagem ela aparenta ser mais jovem do que é pois Aretha tem 25 anos, mas é isso, ou as imagens ficavam nada a ver ou meio do caminho, um dia desses tento novamente.
Mergulho, no fundo da piscina abro os olhos, vejo a superfície e céu escuro, como a vida da gente pode ser tão confusa? Emerjo na ponta da piscina, meu irmão está sentado, abraçado aos joelhos. Não sei como ajudá-lo, estamos decepcionados e magoados, se eu quero gritar com o Thomas imagine o Banguela.
Decido dar braçadas de uma ponta a outra, tenho energia e frustração acumulada, preciso estar bem porque o Fred precisará de mim.
Meus músculos tensionam e relaxam, depois de uns minutos me viro, nado costas é um dos meus preferidos porque é possível ter a sensação deliciosa da água e nossos olhos estão livres para observar o firmamento.
- Coloquei sua mãe para nadar assim que ela veio morar em Brasília. - disse-me a tia Laura uma vez.
Embora tivesse acabado de perder os pais e chorar fosse normal, segundo a tia laura, a Ati estava quieta demais, não desabafava ou agia com raiva, somente chorava baixinho, quando achava que não era ouvida.
Cada um sofre de um jeito, mas tia Laura estava preocupada então colocou minha mãe para fazer tudo quanto é atividade terapêutica e saudável.
O Fred é sempre sossegado, brincalhão, mas silencioso, mas quando o assunto é família as coisas ficam mais graves, nós somos um time, ninguém fode com família, ainda menos seu próprio pai. Meus braços começam a ficar cansados, há quanto tempo estou aqui?
- Posso? - vejo o cara do hospital aproximar-se e sentar ao lado do Fred.
Nado até eles e cruzo os braços na beirada da piscina. Frederico afaga meus dedos depois a região machucada na minha testa. Seus olhos estão preocupados, mas tomo sua mão e beijo.
- Tô de boas Banguela, eu sou Furquim, lembra? Aparentemente ter uma cicatriz para contar história é parte do show.
Ele contem um riso e mira o curativo no próprio braço. A bala deixará marca, não tenho dúvida.
- Você vai continuar mudo? - o cara pergunta e meu mano lhe dá o dedo do meio, mais do que cicatrizes, os Furquim têm classe, meu irmão.
- Você precisa tomar um banho quente e descansar – digo e ele sacode a cabeça positivamente. Coloca-se de pé e está para sair quando olha em volta, depois para mim.
- Preocupado? - o fulano pergunta – Tá tudo bem, a propriedade tá segura e eu fico aqui até ela entrar.
- Eu não demoro, já tá ficando frio. - Informo e Frederico acena, mas antes de sair pega sua arma e coloca nas costas.
Descalço e sujo ele caminha em direção à casa e vejo-o desaparecer nas sombras.
- Eu jurava que o Fred era daqueles que explodiam quando tinham um problema, não esperava essa quietude.
- O mano me tá explodindo por dentro, sua cabeça deve estar um turbilhão, vai por mim.
O cara sorri e eu saio da piscina. Ele levanta os olhos, mas permanece na espreguiçadeira, sua vista sobe devagar pelas minhas curvas e pára nos meus olhos, dou-me conta de que não tenho toalha para me esconder e caí na piscina usando lingerie.
Ele tem a boca aberta de verdade, olhos vidrados, se eu tocasse seu pescoço provavelmente sentiria seu pulso enlouquecido.
Eu sou bonita, na real que sou bonita e gostosa, sei disso há muito tempo, não fico tímida sendo observada, é até bom para o ego depois de horas difíceis como essas, mas ele pende a cabeça para o lado como um cachorro, ainda de boca aberta, e antes que eu desate a rir decido entrar.
- Acho que já vou, boa noite – aviso pegando as roupas do chão.
- Maurício! - ele fala alto, alto demais já que está exatamente na minha frente.
- Oi?
- Me chamam de Maurício... mas é meu nome... você pode me chamar do que quiser... eu vou... quer dizer, sou eu.
Tadinho, acho que deu um curto circuito, não vou zoar com ele, o pobre também está sem dormir, como nós.
- Eu já devia ter perguntado, desculpe, mas as últimas horas foram meio agitadas.
Estendo-lhe a mão e ele toma, segura com carinho, me encara por mais tempo do que é normal e inclina o corpo, parece querer beijar, mas se era essa a ideia desiste.
- Você sempre buscava o Fred, mas nunca descia do carro então nunca pude me apresentar, mas te vejo sempre no campus.
- Massa, então agora nos conhecemos. - Digo e tento soltar a mão que ele continua segurando.
- Desculpa. - ele diz percebendo.
- Era você meu anjo da guarda?
Ele sorri, lambe os lábios secos, a luz da lua não é suficiente para que eu distingua suas feições, ou seu olhar, mas ele inspira profundamente.
- Não, eu não fui o sortudo, mas trocaria o Fred por você num piscar de olhos.
Não sei o que responder, ele quer ser simpático, eu entendo, mas não quero porra de segurança ou cana nenhum atrás de mim, tudo que quero é minha liberdade de volta.
- Boa noite, Maurício.
- Eu te acompanho. - ele diz sem esperar resposta - Você tá com frio? Eu posso tirar minha camiseta e te esquentar?
- Oi?
- Não! Soou ruim, desculpas, eu só quero te esquentar, não tirar a camiseta. Quer dizer se você quiser a camiseta eu posso te dar.
Sacudo a cabeça negativamente e fazemos o resto do percurso em silêncio, decido não rir da cara dele.
Quando alcançamos o caminhozinho de cimento que dá para a casa ele toma minha mão, meu primeiro instinto é soltá-la, mas ele não parece tomar liberdades, acho que é só cuidado, algumas pessoas se sentem compelidas a cuidar de mim, às vezes me incomoda, porque é como se me julgassem frágil, outras vezes me fazem sentir bem, como agora.
Entramos na sala e noto que Frederico capotou no sofá, estou prestes a agradecer Maurício por sua desnecessária companhia quando ouvimos meu pai. Puta que me pariu eu gostaria de ser tragada pela terra.
- Boa noite. - digo antes de morrer de vergonha.
- Pra você também – ele diz e desce as escadas enquanto eu abro a porta do quarto.
Vi está esparramada na cama, os cabelos estão cobertos e imagino que esteja cumprindo seu cronograma capilar, essa mina não é normal, tentaram nos matar e a garota ainda consegue lembrar que é dia de dormir com óleos hidratantes no cabelo.
Eu sou perfeita, carrego o apelido com satisfação, mas a Vi? Essa ruiva é doida de pedra.
1060 palavras

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Fred 2.0
RomanceDepois de sobreviver a um atentado e descobrir desagradáveis verdades sobre a Família Frederico tenta se ajustar na companhia da irmã Aretha e um novo amigo. Multiplos pontos de vista narrativo, todos em primeira pessoa. O texto possui conteúdo adu...