40 - Na mesa

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Acordo com uma lambida molhada. Eco! Abro os olhos e encontro um labrador gigantesco me encarando.

- Fabrine! - chamo – seu cachorro tá me atacando!

Olho em volta, mas não vejo ninguém, na luz do dia o quarto tem uma cara bem feminina, é pintado de azul claro, a parede em frente está coberta de cópias de pinturas famosas, me detenho n' As Meninas do Velázquez, sempre curti esse quadro. 

Parou, aquilo são medalhas? Que massa, a Fabrine pratica esporte? Com suas pernas eu deveria ter desconfiado.

Do outro lado do cômodo há uma escrivaninha com poucos objetos, o guarda-roupas tem as portas fechadas e a madeira indica alguma idade, acima da cama estão quatro prateleiras repletas de personagens de desenhos animados. A gatinha gosta de pintura e desenho animado? Minhas irmãs vão amar a mina, mas tô meio decepcionado porque não vejo um livro sequer. 

Mas pode ser que Fabrine prefira livros digitais, mas e se não gostar de ler? A Olívia não era fã, a Isa também não, pensando bem nem a Cacá... vou fazendo um inventário quando ouço uma batida na porta, não tenho tempo de responder porque uma mulher entra.

- AHHHHHH! - ela grita, e eu pulo da cama agarrando a coberta - quem é você?

- Meu nome é Frederico, e eu...

- Fabrine! - a mulher grita me encarando – O que você fez com minha filha?

- What? 

- Eu vou arrancar suas bolas e dar de comer ao nosso pit bull!

- What? No! Fuck, No!

- Não se finja de estrangeiro porque eu te mato de todo jeito!

- Good God! Não é nada disso, posso explicar. - estendo a mão.

- Eu conheço seu tipo! - ela vem na minha direção e agora noto que tem na mão uma luva de forno. - seu safado dos infernos!

- Espera, a senhora falou Pit bull? Minha tia eu não...

- Eu não sou sua tia!

Ela vai me rondando e eu subo na cama, enquanto isso o cachorro gigante permanece babando com cara de bobo. A mulher não me deixa falar, como vou explicar?

- Se não sair da minha casa agora ele te mata! - ela tenta me acertar e agarrado ao lençol pulo da cama para a outra extremidade do quarto.

- Eu posso explicar o que está acontecendo...

- Eu sei o que está acontecendo! Você é homem, vocês não prestam!

- Fabrine! - eu grito, bem alto – Fabrine!

- O que você fez com minha filha?

- Nada que ela não quisesse, eu prometo!

- Você o quê? - a mulher arregala os olhos e me dou conta de que deveria ter ficado calado.

Parte pra cima de mim e preciso escolher entre receber tapas e segurar o lençol, corro para fora do quarto e espero que o Mau não se importe que eu invada sua casa seminu.

- Mãe! - Fabrine abre a porta da sala segurando uma sacola de compras.

- Sua mãe quer me arrancar as bolas! - informo me escondendo atrás dela.

- Quem é esse sujeito! - acho que era para ser uma pergunta, mas a tia tá furiosa e exclama.

- Ele é o Frederico, tava perdido nas escadas e eu o convidei pra subir.

- Você chamou um estranho pra dentro de casa? Sem nenhuma de nós aqui?

- Mãe, tá tudo bem!

- Bem nada! - a mulher começa a chorar – ele poderia ter te machucado, sequestrado, violentado.

Fred 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora