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LYA QUILLAN

Depois que cravei o pedaço da garrafa no braço de Arthur, tudo que lembro é dele puxando meus cabelos e me jogando contra a parede. O impacto foi brutal, e a dor reverberou pelo meu corpo.

Onde diabos está o meu príncipe encantado para me salvar?

As lembranças se dissipam como fumaça, restando apenas o eco dos roncos das lamborghinis acelerando em alta velocidade.

Estou deitada no banco do passageiro, ao lado de um motorista desconhecido. Olho para o lado, tentando reconhecer quem está comigo, mas tudo que vejo é seu olhar profundo como a noite e um sorriso que provoca um medo visceral em mim.

Desesperada, tento abrir a porta do carro em movimento, mas falho miseravelmente. O vento frio corta meu rosto enquanto a realidade se despedaça ao meu redor.

Meu vestido está manchado de sangue; passo as mãos pelo rosto e sinto o líquido quente escorrendo. A visão da minha própria condição me faz sentir nauseada.

(...)

Acordo com uma dor de cabeça insuportável, envolta em escuridão. As janelas de madeira estão deterioradas, deixando entrar apenas um pouco de luz filtrada.

── Socorrooooo! ─ grito com todas as forças que consigo reunir.

Meu grito ecoa no vazio, mas mais uma vez falho miseravelmente em chamar atenção. As lágrimas começam a se acumular nos meus olhos, caindo sem controle. Minhas roupas estão sujas e rasgadas, um reflexo do pesadelo que estou vivendo.

O lugar onde estou parece uma casa antiga ou abandonada há muito tempo. As portas são de madeira branca desgastada, algumas janelas estão quebradas com pedaços de madeira caindo ao redor. Azulejos verdes ornamentam paredes que parecem prestes a desmoronar sob o peso da desolação.

O piso está coberto de sujeira e roupas jogadas pelo chão — roupas de mulheres. A visão me faz sentir um frio na espinha.

Draven, quero você.

Com esforço, levanto do chão, dando pequenos passos vacilantes. Minhas pernas queimam como se tivessem recebido vários chutes; cada movimento é uma tortura.

Olho para a barra do meu vestido e vejo que está encharcada de sangue.

Não... não!

O líquido quente escorre pelas minhas pernas, revelando cortes profundos que sangram sem parar.

Por que? Por que só acontece comigo?

As lágrimas finalmente escorrem livremente pelas minhas bochechas ardentes, cada gota uma mistura de dor e desespero.

De repente, ouço a porta se abrir com um rangido sinistro. Uma enorme figura masculina aparece à minha frente — um homem branco com cabelos grisalhos, acompanhado por dois capangas imponentes. O ar fica pesado com a ameaça iminente que eles representam.

── Olha se não é a Srta. Quillan! ─ diz o velho, um sorriso cruel se espalhando pelo seu rosto. ─ Fizeram o que eu pedi. Ela merecia mais.

Minhas lágrimas se transformam em raiva, e a única coisa que consigo pensar é em socar a cara desse velho maldito por tudo que ele tem feito à minha família.

── O gato comeu a sua língua, pequena? ─ ele provoca, rindo da minha dor.

Permaneço em silêncio, cruzando os braços sobre meu peito para cobrir o enorme decote que se abriu no meu vestido. Sinto-me vulnerável e exposta.

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