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Depois de ler a imensa carta que ele deixou entre as flores do buquê, sinto mais lágrimas escaparem pelos meus olhos azuis.

── Nossa, Icarus escreve bem. ─ diz meu irmão, tomando a carta da minha mão.

Não me importo; não temos segredos um com o outro. Assim como ele, sendo o irmão mais velho, sabe de toda a minha vida, eu também conheço a dele.

── Se eu fosse você, eu perdoaria. ─ ele diz e logo em seguida dá um beijo suave em minha bochecha.

Enxugando minhas lágrimas mais uma vez, Draven me abraça, apertando meu corpo contra o dele e colocando minhas pernas sobre as suas. Por longos minutos, ficamos ali parados, conversando sobre coisas simples enquanto ele tenta me alegrar cada vez mais.

Ele fala sobre nossa infância - como naquela vez em que subi em uma árvore e não sabia descer, então ele teve que me resgatar. Ou quando me deu meu primeiro presente: meu primeiro cachorrinho, que já partiu.

── Não posso perdoá-lo. ─ digo, afastando-me dos seus braços, os braços mais aconchegantes que já tive.

── Amiga, se ele te ama, por que ele te traiu? ─ pergunta Bianca, acordando.

É muito difícil ter que desapegar de uma pessoa quando tudo que você mais quer é continuar ao lado dela e ter uma vida inteira juntos. O amor é forte e profundo; amo-o com todas as minhas forças, mas a dor da traição pesa como uma âncora em meu coração.

── Eu te amo, Icarus, mas talvez já seja o nosso fim.

── Prefiro não falar mais sobre esse assunto.

Limpo as últimas lágrimas que caíram e pego o buquê, passando pela porta.

(...)


Novamente na empresa, ainda com o buquê em minhas mãos, agora jogando-o na lixeira que está na frente da minha sala.

Não quero guardar o passado comigo; ele decidiu isso, então assim vai ser!

── Lya... ─ diz a secretária.

── Tudo que tiver para assinar, deixe sobre a minha mesa. ─ passo por ela, sem nem olhar em seus olhos castanhos.

Entro na sala, abrindo todas as cortinas e finalmente respirando o ar, que por sinal é frio como a neve.

A porta se abre e vejo Keldan passar por ela, sempre com os mesmos trajes: um paletó preto! Seus cabelos bagunçados e uma arma em sua cintura.

── Estou sem tempo, pode voltar depois? ─ digo.

── Não. ─ Ele fecha a porta.

── Então diga. ─ Largo a caneta e os papéis.

Ele caminha em direção à minha mesa, apoiando-se sobre a mesma. Sua linguagem corporal demonstra superioridade.

Seus olhos encontram os meus, e pela sua boca sai o som:

── Icarus não te traiu. ─ Continuo com a mesma expressão facial.

THE OBSESSION¹⁸ Onde histórias criam vida. Descubra agora