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❝ Não será um adeus, e sim um, até logo.❞

─ Icarus Zephyr.

ICARUS ZEPHYR

Ver Lya dentro daquele jatinho, me olhando pela pequena janela que possui, partiu meu coração em mil pedaços.

Com o tempo, a gente se torna o homem que nunca pensou em se tornar. Nunca imaginei que eu ficaria tão triste ao me despedir dessa pirralha que iluminou meus dias com seu sorriso. A distância de 2.836,8 km parece uma eternidade — cerca de 23 horas de viagem — e essa enorme separação pesa sobre mim como uma nuvem escura.

Agora, nos restou viver a vida como realmente vai ser: cada um em seu devido lugar. Cada um em seu país, como se fôssemos estranhos em vez de almas que um dia se entrelaçaram.

Enquanto arrumávamos suas coisas para ela ir embora, um momento fugaz aconteceu. Ela tentou me beijar novamente. Eu, em um impulso desesperado, me afastei e deixei o quarto. Não conseguiria olhar nos olhos dela sem implorar que ela ficasse comigo, não apenas por desejo, mas por algo muito mais profundo que eu mesmo não compreendia.

Seus olhos estavam fixos em mim, cheios de dúvida e insegurança. O que ela estaria pensando? Por que eu a rejeitei? Ontem foi tão bom... Mas essas perguntas nunca terão respostas para ela.

O peso da escolha que fiz é esmagador. Eu deveria ter lutado mais, ter sido mais corajoso. Mas agora tudo o que resta é o eco da sua risada e a lembrança do calor do seu toque, enquanto ela se afasta, levando consigo uma parte de mim.

A dor da despedida é um lembrete cruel do que poderia ter sido. E enquanto o jatinho desaparece no horizonte, percebo que a verdadeira solidão começa agora.

LYA QUILLAN


Ainda estou em choque. Por que os homens são assim?

Icarus recusou meu beijo e me deixou sozinha naquele enorme quarto onde, na noite passada, tudo parecia perfeito.

Seus olhos, que antes me devoravam, agora estavam frios como gelo, como a neve que caía lá fora.

Estou no jatinho dos Quillan. Meu irmão disse que teremos que ir para lá por conta da empresa.

Ouvi alguma briga e a empresa foi separada; agora não é mais "Zephyr ə Quillan". Cada um possui a sua própria empresa.

A amizade entre Icarus e Draven está conturbada; eles não se falam mais.

A única coisa que lembro ao ver Icarus saindo do quarto horas antes do meu voo foi ele dizendo: "Não será um adeus, e sim um até logo." Ao fechar a porta, ele pronunciou essa frase que me fez vislumbrar uma luz no fim do túnel.

(...)

Flórida, EUA
23h depois.

Flórida, finalmente aqui!

Chegando no aeroporto, encontramos logo a vovó e o marido dela, nosso avô. Vamos ficar na casa deles por algum tempo até conseguirmos nos estabelecer.

Meu irmão já tem 18 anos, mas não gosta da nossa segurança, então prefere morar com nossos avós.

Meu quarto continua o mesmo desde quando eu era pequenina: paredes brancas com uma cor lilás. Nada mudou; até meus ursos ainda estão aqui!

O quarto do meu irmão é algo mais medieval. Quando éramos crianças, ele veio antes e mudou toda a decoração. Agora tem paredes pretas e uma tonalidade escura e vazia. Seu quarto reflete seu coração: vazio e escuro.

As enormes janelas dão vista para os flocos de neve caindo lá fora, perfeitamente.

(...)

Invadir o quarto dele é o que eu mais sei fazer. Ele está deitado na cama olhando para o teto.

Pulo em cima dele. Draven ri, mostrando seus dentes perfeitos. Tem um sorriso lindo, que eu poderia ficar admirando a noite inteira.

— Por que está triste? — pergunto abraçando seu peito, mesmo deitado.

— Não estou triste.

— Por que tivemos que vir embora? Eu gostava do México.

— Já te expliquei.

— Mas... — sou interrompida por ele, que me joga na cama e começa a fazer cócegas em mim. Ótimo jeito de mudar de assunto!

Draven tem um enorme corte em seu pescoço.

— O que foi isso? — pergunto passando a mão sobre o machucado. — Quem fez isso?

Ele hesita em responder, então pergunto novamente, desta vez com um tom sério:

— O QUE FOI ISSO?

— Nada.

— Nada como assim? Olha o tamanho disso no seu pescoço!

Draven tenta encontrar uma resposta conveniente, mas não consegue. Então me conta a verdade:

— A facção. Isso foi eles.

Arregalo os olhos com sua resposta.

— Vou matar cada um deles! Sabe que eu mataria pra te ver bem.

— Eu também mataria por você.

Eu andaria sobre o fogo pela vida do meu irmão. Não me subestime. Ele é a única pessoa que me restou e será a única que a facção não levará de mim. Nem que eu precise matar ou morrer por isso!

— Quero aprender a atirar.

— Não! Em hipótese alguma você tocará em uma arma.

— Preciso aprender a me defender!

— Não! Estou aqui pra te defender.

— Eu não preciso de príncipe encantado; sou dona de mim! E vou aprender sim, você querendo ou não!

Meu celular toca. É Icarus...


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