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Às vezes, parece que muitas pessoas têm a sorte de sempre passar por coisas péssimas na vida. E essa pessoa sou eu!

Zion me abraça, tentando me consolar. Seu abraço é aconchegante, mas não tão reconfortante quanto o de seu irmão.

Eu preciso de você aqui, Icarus! Eu preciso de você vivo!

── Lya, calma! Ele vai ficar bem! ─ diz Keldan, com uma expressão preocupada.

Olho para ele e percebo que é nítido o quanto todos se importam comigo. Afinal, desde que nasci, eles sempre estiveram ao meu lado, exceto Zion, que é um ano mais novo.

Sempre estiveram lá para me salvar e melhorar meu dia.

ICARUS ZEPHYR

Hospital.

Assim que escutei o som do tiro, minha mente foi imediatamente para Lya. Senti a bala penetrar minha barriga e, sem forças, fui derrubado no chão.

Com os olhos entreabertos, vejo Keldan disparar um tiro certeiro em Alexandre, que sai correndo, exausto, para fora da casa. Logo em seguida, é a vez de Olivia Blosson.

Coloco a mão na barriga e observo a quantidade de sangue que se espalha pelo chão. Estou sem forças... Maia, eu queria proteger minha pequena Lya.

Depois disso, não sinto mais nada; um completo escuro toma minha visão.

Acordo no meu carro, mas não sou eu quem está no volante; é Keldan. Lya está com minha cabeça em seu colo.

Seus olhos transbordam lágrimas, o que me faz sofrer ainda mais. Seu jeito triste e sua aparência completamente atordoada me cortam o coração.

Meus ouvidos já não prestam atenção ao barulho do ronco do carro em alta velocidade, mas há uma única coisa que escutei bem antes de apagar novamente:

Lya me chamou de amor. AMOR.

Ainda soltando um sorriso de canto, sinto seus lábios contra os meus e sou apagado por completo!

Sala de cirurgia.

Hospital

Minhas mente só vai para Lya; eu quero ela aqui. Aqui comigo.

Enquanto estou totalmente apagado, um turbilhão de lembranças passa pela minha mente.

Lembro quando éramos crianças e nossos pais nos vestiram de personagens de filmes de princesa para comemorar o aniversário de cinco anos dela.

Recordo o momento em que comecei a sentir algo por ela, aos 10 anos de idade.

Aquela vez em que bati em um garoto até ver o sangue sair, simplesmente porque ele empurrou minha pirralha na escola.

Nos 15 anos, quando fui seu príncipe e tive que pegá-la no colo.

E o dia em que o pai dela morreu, no seu aniversário. Passei a noite abraçado a ela para que pudesse dormir tranquila e se sentir segura.

Teve também seus 16 anos, quando a salvei das mãos da máfia e lhe entreguei meu moletom, algo que nunca deixei ninguém tocar.

Lembro da primeira vez que dormimos juntos, quando ela teve sua primeira vez comigo.

Vários momentos passam pela minha mente como se fossem um filme - um filme alegre que me faz querer voltar à vida.

Meu coração quase parou e os médicos quase desistiram de mim, mas logo voltei com tudo, impulsionado pelas lembranças do meu amor pela pirralha dos olhos azuis.

Não posso ir e deixá-la aqui; tenho que protegê-la.

Minha vaca selvagem.

Os aparelhos voltam a funcionar com força, e os médicos ficam felizes por me fazerem voltar. Mal sabem eles que não foi isso que trouxe minha vida de volta, mas sim a garota que deve estar desesperada me esperando.

Um verdadeiro amor salva; posso afirmar!



CONTINUA AMORES.

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