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A vida é melhor com você. ❞
─ Lya Quillan.

LYA QUILLAN

Outro dia.
Hospital.

Icarus já acordou, está falando um pouco mais e se lembra detalhadamente de cada momento que passou na madrugada.

Ele diz que estou fazendo estrelas em suas cicatrizes e que estou curando todas elas.

No quarto, só estamos nós dois. Estou deitada ao seu lado na cama, mexendo em seu cabelo e contando como me sinto perto dele. Não sei por quê, mas me sinto ótima ao seu lado, como se ele fosse a cura dos meus problemas e, ao mesmo tempo, o veneno da minha vida!

── Lembro que você me chamou de amor ontem. ─ digo, sentindo meu rosto esquentar.

── Sério? Não lembro! ─ ele afirma, com um sorriso brincalhão.

── Não seja tolo! Eu não estava morta. ─ respondo, rindo.

Dou um beijo em sua bochecha e me levanto da cama.

── Não levante, amor. ─ diz ele, fazendo-me olhar para ele em choque.

Quero pular de alegria e dar gargalhadas, mas apenas o encaro sem expressão.

── Preciso ir. Vou chamar o Draven para ficar com você. ─ digo, tentando esconder minha preocupação.

── Ok, senhorita.

Ele aceita na boa, então lhe dou um selinho rápido e me retiro do quarto.


Cinco meses depois.


A facção desapareceu, e Icarus já melhorou, mas que eles saibam que vou procurá-los, nem que seja no inferno.

Bianca está quase ganhando o bebê; pode ser até hoje ou amanhã - nunca se sabe.

Draven se tornou o pai mais babão de todos; meu sobrinho está prestes a chegar. E mesmo antes de nascer, ele já mudou a mentalidade do Draven, fazendo-o passar de um irmão inconveniente para um pai cheio de responsabilidades, pronto para cumprir todas.

Ah, já ia esquecendo: agora moro sozinha, já que Draven está na sua própria casa com sua mulher.

Icarus teve uma ótima recuperação e já está 97%.

Nossos encontros agora não são mais os mesmos; estamos mais distantes. Não temos mais aquela conexão de antes, agora que ele tem uma filha.

Sim, uma criança! Uma menina de exatamente quatro meses que está na barriga da mãe - Maytê.

Não quero vê-lo. Ele traiu minha confiança. Enquanto estava comigo, trazendo prazer e intensidade, estava com outra e teve uma filha com ela.

Empresa Zephyr ə Quillan
Sala da Lya.

A porta se abre, e a pessoa me penetra com os olhos tristes.

Sabem quem é? Isso mesmo...

Icarus me olha com seus olhos verdes, agora avermelhados por algum motivo. Por um instante, evito encará-lo, mas sou pega de surpresa.

Sentando-se à minha frente, ele me encara como se eu fosse o diabo que merece ser dono do inferno.

── Pode dizer o que você quer. ─ digo, enquanto assino os papéis sobre minha mesa.

── Quero você! Quero que volte pra mim. ─ sua voz é carregada de desespero.

Olho em seus olhos e vejo o trauma que estou lhe causando; sei que isso também me afeta profundamente.

── Desculpa, mas... não será possível. ─ respondo, levantando-me da cadeira e indo em direção à porta.

Abro-a, dando espaço para que Icarus continue sentado, me dando paz. Não quero colocar um ponto final; desejo que seja apenas uma vírgula, mas parece que não será possível...

── Pode fechar a porta; não vou sair. ─ sua voz é firme enquanto ele se levanta.

Icarus continua penetrando meus olhos, com as mãos dentro do seu paletó preto.

De nervoso, passo as mãos pelos cabelos bagunçados; não quero uma reconexão.

── Você precisa ir. ─ olho nos seus olhos, tentando transmitir minha decisão.

── Mas eu não vou! ─ ele responde, determinado.

Suas mãos se fecham sobre as minhas enquanto ele fecha a porta, me colocando contra ela.

Tento empurrá-lo, mas falho miseravelmente; quero evitá-lo a todo custo.

── Me solta! ─ em meus olhos reflito a raiva que sobe por todo o meu corpo, fazendo-me tremer.

── Lya, por favor... Me escute. ─ sua voz é quase suplicante.

Empurro-o novamente e consigo sair de perto dele.

Não consigo controlar minhas emoções quando estou com raiva ou chateada com alguma coisa. Por que o Draven nunca aparece nesses momentos?

── Lya Quillan... Me desculpa. ─ ele diz, sua voz carregada de dor.

── Não vou te desculpar! Você nem pensou duas vezes depois que saiu do hospital; transar com outra mulher lhe caiu muito bem, enquanto eu passei meses pedindo pela sua recuperação. Assim que teve alta, estava se envolvendo com outra!

Ele se aproxima mais, seus olhos desviando dos meus quando dou um tapa em seu rosto, fazendo-o girar.

── Sai da minha sala... ─ digo, mas sou interrompida pela secretária que abre a porta.

── Desculpe-me, senhora, não queria atrapalhar. ─ Alicia diz, um pouco constrangida.

── Pode entrar, Alicia. Icarus já está de saída. ─ vejo Icarus me olhar em choque, ainda com a mão no rosto.

Às vezes, um ponto final é necessário, e eu acho que esse é o nosso!

CONTINUA...

CHOREI HORRORES FAZENDO ELES SE SEPARAREM.

THE OBSESSION¹⁸ Onde histórias criam vida. Descubra agora