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LYA QUILLAN

Hospital

Depois de sentir Icarus em meus braços, quase como se estivesse morto, acreditei que não precisaria mais de um monitor cardíaco; meu coração quase parou junto ao dele. A sensação era repugnante, até que, de repente, senti sua mão tocar a minha. Seus batimentos, que antes eram fracos, começaram a voltar, embora ainda não fossem tão fortes.

Agora, me encontro novamente no hospital, na sala de espera. O tempo parece se arrastar enquanto espero que o médico traga Icarus de volta à vida após a cirurgia. Cada segundo é uma eternidade, e a ansiedade aperta meu peito.

Algumas horas depois, a porta da sala de espera se abriu, e o cirurgião que havia operado Icarus entrou. Meu coração disparou, e uma onda de esperança me envolveu. Ele parecia sério, mas havia algo em seu olhar que me deu um fio de confiança.

── Tenho boas notícias ─ começou ele, com uma voz calma, mas firme. ─ Icarus está longe de qualquer perigo agora.

As palavras dele ecoaram em minha mente como um mantra. A tensão que apertava meu peito começou a se dissipar, e lágrimas de alívio escorriam pelo meu rosto. Eu não sabia se ria ou chorava, mas o peso da incerteza finalmente começava a se levantar.

── Ele está estável? Posso vê-lo? ─ perguntei, ansiosa.

O cirurgião assentiu, um sorriso suave surgindo em seus lábios.

── Sim, você pode vê-lo em breve. Ele ainda está se recuperando da anestesia, mas já passou pela parte mais crítica. Você pode ficar tranquila agora.

Agradeci ao médico com um aceno de cabeça e um sorriso emocionado. O medo que me acompanhou durante aquelas horas intermináveis finalmente começou a se dissipar. Icarus estava lutando, e eu sabia que ele voltaria para mim.

Olho em volta e vejo os três meninos, que, como crianças, se abraçam e pulam, trocando socos fracos de alegria uns nos outros. Ao perceberem que estou observando a brincadeira, eles erguem os braços, abrindo espaço para que eu entre no meio do abraço coletivo. A sensação é reconfortante; fecho os olhos e me deixo envolver pela enorme altura deles, que me prendem em um abraço apertado.

Logo em seguida, ouço Keldan, o mais robusto do grupo, falar com sua voz grave e calorosa:

── Icarus tá bem, e nosso grupo voltará a ser o mesmo.

Essas palavras ecoam em meu coração como uma melodia esperançosa. A alegria deles me contagia, e sinto que, apesar dos desafios que enfrentamos, estamos juntos nessa jornada. O amor e a amizade nos envolvem como um cobertor quente, prometendo que tudo ficará bem.

(...)

2h depois
Hospital.

Ver Icarus naquela cama, pálido como se tivesse perdido todo o sangue do corpo, me deixa triste. Mas, ao mesmo tempo, uma chama de esperança acende dentro de mim. Sinto que tudo isso passará e que ele ficará bem. Seus olhos se abrem lentamente, revelando aquele paraíso verde claro que sempre me prendeu, um olhar que eu amo profundamente.

Com o coração acelerado, aproximo-me dele e digo suavemente:

── Oi, meu amor. Tá se sentindo melhor?

Mesmo atordoado, Icarus me responde com uma voz baixa e quase inaudível. Ele pede por um beijo, e há uma súplica em seu olhar para que eu me deite ao seu lado. O cirurgião me observa por um momento, avaliando a situação, e então acena com a cabeça, permitindo que eu atenda ao pedido do seu paciente.

Com cuidado, deslizo para a cama ao lado dele, sentindo a energia entre nós se intensificar. Eu encosto minha cabeça em seu peito, ouvindo o som suave do seu coração que ainda luta para recuperar o ritmo normal. Aquele momento é sagrado; a conexão entre nós parece curar as feridas invisíveis deixadas por tudo o que aconteceu.

── Estou aqui com você ─ murmuro, enquanto fecho os olhos e deixo que a tranquilidade daquele instante me envolva.

Assim, o resto da madrugada se vai, e eu permaneço deitada ao lado de Icarus, fazendo carinho em seus cabelos enquanto sinto a suavidade de cada fio entre meus dedos. O quarto é banhado por uma luz suave, quase mágica, que transforma o ambiente em um refúgio acolhedor. A cada movimento, eu me lembro do quanto ele é forte e resiliente, mesmo em momentos como este.

Enquanto isso, vejo os quatro homens da minha vida sorrindo e se divertindo com algo que pode parecer bobo para quem não os conhece. Eles trocam piadas que só fazem sentido entre eles, e o som das risadas ecoa pelo ar, trazendo uma sensação de normalidade e alegria em meio ao caos. Cada gargalhada é como um remédio que cura as feridas invisíveis que todos carregamos.

Sorrio ao observar essa cena, meu coração aquecido pela felicidade deles. É uma lembrança do que realmente importa: a amizade, o amor e a força que encontramos uns nos outros. Mesmo na escuridão, há sempre uma luz que brilha através dos laços que formamos.

Com um olhar terno para Icarus, sussurro:

── Você vai voltar a ser o mesmo, meu amor. E vamos rir juntos novamente.

Enquanto faço carinho em seu cabelo, sinto uma onda de esperança inundar meu ser. A conexão entre nós é mais forte do que qualquer desafio que possamos enfrentar. E ali, cercada por aqueles que amo, sei que estamos prontos para enfrentar o que vier pela frente.


Percebi que, para ser verdadeiramente alegre nessa vida conturbada, não preciso de dinheiro ou de ter o mundo todo só para mim. A verdadeira felicidade está nas pequenas coisas, nas conexões que construímos ao longo do caminho. Eu preciso apenas da minha família, dos quatro homens que são meu alicerce e do mini serzinho que está se formando, aprendendo tudo com os tios babões.

Esses momentos simples, como risadas compartilhadas e conversas à mesa, são os que realmente importam. Cada sorriso deles me lembra que a alegria está nas experiências vividas juntos, na cumplicidade e no amor incondicional que nos une. Ver meu mini serzinho Gael absorvendo tudo isso é um presente inestimável; ele é a luz que ilumina nossos dias e traz um novo significado à nossa existência.

É nos laços que criamos e nas memórias que construímos juntos que encontro a verdadeira riqueza da vida. Não preciso de grandes conquistas ou de posses materiais; o amor e a união da minha família são tudo o que eu poderia desejar. E assim, rodeada por eles, sinto uma paz profunda, sabendo que juntos podemos enfrentar qualquer tempestade.

A autora de vocês voltou com capítulo fofo.


Quero comentários, por favor.

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