Capítulo 46

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Juan de Oliveira Cardoso

10 de setembro — 05:34
Terça-feira

   Respirei fundo enquanto passava o café, acordei meio estranho hoje, cabeça doendo pra caraca, estômago embrulhado, parece até que eu sou a grávida da relação.

    Ontem comi mais do que deveria, deve ter dado algum problema no meu estômago, sei lá. Meu cunhado veio aqui para casa com os pais, os dois são gente boa demais e aí já viu, veio todo mundo conhecer eles e foi só resenha. Saiu o exame de dna a um tempinho e realmente os dois são irmãos, agora é correr atrás do tempo perdido.

   Deixei o café passando e fui até o quarto do pivete, deixei minha baixinha dormindo hoje porquê essa madrugada foi tensa, perto das duas da manhã ela acordou com cólica e enjôo, falamos com o médico dela e ele tranquilizou a gente mas também fiquei de olho, né, qualquer coisa já levava para a emergência. A barriguinha já apareceu agora com quatro meses, está a coisa mais linda do mundo, fico bobo toda hora agarrando e conversando com o bebê, Samuca não é diferente.

— Pivete, está na hora. — Passei a mão no rostinho do Samuel, pivete estava todo largado na cama. — Vamos, filho, tem que ir para a escola.

— Não quero, papai. — Choramingou se encolhendo.

— Que não quer o que, rapaz, tem que ir para a escola. — Ri fazemos cosquinha nele. — Vamos. — Samuel sentou na cama emburrado, coçando os olhos. — Bom dia.

— Bom dia, papai. — Bocejou. — Cadê a mamãe?

— Dormindo ainda, pivete, essa noite ela dormiu mal. — Passei a mão no rosto dele, a baba seca é sinal de que dormiu bem demais. — Hoje a gente não pode enrolar, combinado? Temos menos uma ajudante.

— Tá bom. — Ele fez um joinha indo até o banheiro.

   Fui atrás para auxiliar ele nas coisas e já pus o uniforme, Samuel sentou na cama para eu pôr os tênis e borrifei água com creme no cabelo dele para dar uma arrumada nos cachos, passei um reparador de ponta também e estava pronto, fiz do jeitinho que minha baixinha falou que era para fazer.

— Meu perfume, papai, tenho que ficar cheiroso. — Samuel pulou da cama, andando até o armário dele.

— Esqueci, amigão. — Peguei o perfume e hidratante. — Vem cá para o pai passar. — Ele veio até mim, passei tudo nele e coloquei o relógio, correntinha eu prefiro não mandar para a escola, criança perde tudo com facilidade e não foi barato. — Pronto, agora vamos comer. — Dei um tapinha fraco na perna dele, Samuca riu correndo para fora do quarto.

    Eu ainda estava mal mas não podia pensar nisso agora, o tempo está corrido e ainda preciso trabalhar.

    Fiz o nosso café da manhã e deixei o da Isadora pré pronto, depois ela só coloca o misto na sanduicheira.

    Depois disso foi só correria mesmo, me desdobrei entre me trocar, tomar um remédio, arrumar as coisas do Samuel e sair de casa. Parei em frente a casa da minha mãe buzinando e ela apareceu com a Julia.

— Bom dia, meus amores. — Minha mãe sorriu beijando meu rosto e o do Samuel. — Tua mãe sabe que você está aí encima, Samuca? — Perguntou vendo ele com metade do corpo para fora, no teto solar. — Esse sorriso safado já entregou tudo. — Negou com a mão no rosto, ela é outra que morre de medo do menino aí.

— Morre não, mãe, relaxa. — Zoei recebendo seu olhar de desaprovação. — Está gata hoje. — Olhei para a Julinha.

— Obrigada, Juju. — Ela sorriu beijando meu rosto.

Amor que curaOnde histórias criam vida. Descubra agora