3 | verde esperança

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Com a primavera vem o verde, mas porque não consigo ver a esperança?

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Abril, 2021.

Aos 13 anos, durante a feira de artes da escola, Taehyung descobriu seu talento para a pintura abstrata.

Antes, entre seus 10 e 12 anos, ele já tinha pintado e desenhado algumas coisas em seu caderno quando a aula ficava entediante, mas era mais por imitação do que por paixão, já que imitava o que seus colegas faziam. Na feira de artes, enquanto observava um pintor desconhecido criando obras abstratas entre adolescentes que mal entendiam do assunto, ele se interessou. Ao chegar em casa, não hesitou em usar todos os lápis de cor em uma tentativa falha, porém intrigante, de descobrir algo novo.

Mesmo que a pintura estivesse longe da perfeição, ele a mostrou à avó. Receber um elogio sincero, mesmo que exagerado, foi o suficiente para despertar em Taehyung a ideia de seguir a pintura como profissão no futuro. Sua avó, notando seu interesse pela arte, não hesitou em investir em tintas, telas e pincéis para que ele pudesse explorar mais sua criatividade.

Foi somente aos 15 anos que Taehyung começou a dominar sua técnica e a entender a sutileza necessária ao manusear um pincel. Apesar de não ter conhecimento formal em arte na época, sua habilidade progrediu significativamente. Os elogios de sua avó, agora genuínos, reconheciam seu progresso e paixão pela arte, mesmo que suas obras fossem sempre peculiares, escuras e um tanto macabras, distantes das criações de outros jovens de sua idade.

Quando ganhou seu primeiro celular aos 16 anos, Taehyung mergulhou de cabeça em pesquisas sobre pintura. Foi nesse momento que ele realmente teve contato com obras além das suas próprias criações noturnas. Investigou a história da arte, os grandes mestres, e estudou as técnicas e características distintivas de cada um. Embora tenha pesquisado sobre cores, achou o assunto complexo demais para se aprofundar, preferindo experimentar com as tintas até encontrar as cores desejadas de forma intuitiva.

Aos 17 anos, Taehyung tinha certeza de sua vocação: queria ser pintor. Ele via na arte abstrata uma forma de expressar as emoções conflitantes que o atormentavam. Queria transformar sua dor em algo belo, mesmo que os espectadores não soubessem a verdadeira origem de suas obras.

Na pintura, encontrou um refúgio para as tormentas da vida.

Consciente de que havia um preço a pagar por essa forma de escapismo, Taehyung estava disposto a enfrentá-lo, desde que isso lhe proporcionasse um pouco de paz. Sabia que um dia teria que encarar as consequências de usar seu dom artístico de forma tão egoísta, mas enquanto isso não acontecesse, ele usaria as tintas para colorir o mar escuro que o consumia.

Sua mente voltou à ativa quando ouviu a porta da sala sendo aberta, e ao se virar, viu Jimin com um olhar surpreso, observando-o dos pés à cabeça.

— Oho, o que aconteceu aqui?

Taehyung olhou ao redor, tentando descobrir do que exatamente ele estava falando, percebendo que era sobre sua jardineira suja de tinta, assim como os pés descalços, as mãos e o chão. Aquele chão estava brilhando no dia que chegou, mas agora parecia que a sala estava abandonada há dez anos. Ele suspirou, dando de ombros enquanto olhava para o quadro em cima do cavalete. Tinha perdido a concentração, não sabia mais o que estava fazendo e nem mesmo como terminar, então respirou fundo por ter sido interrompido em um momento tão crítico.

— O que você quer? — perguntou um pouco irritado, misturando cores para sua assinatura.

Não importava se o quadro não estava finalizado, ninguém saberia daquilo, exceto sua frustração.

cores são sentimentos, tysOnde histórias criam vida. Descubra agora