9 | roxo luxúria

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Essas marcas na pele me lembram quem sou de verdade.

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Aos 30 anos, Hoseok teve uma crise existencial, algo que nem pensou que seria possível.

Quando acordou naquela manhã fria, uma pergunta brotou em sua mente do nada, deixando-o encabulado e se perguntando o que deveria fazer para sua vida ter sentido novamente. Tinha 30 anos, duas faculdades nas costas, sobrinhos para cuidar como se fossem seus próprios filhos e um estúdio de dança cheio de adolescentes para ensinar, ainda assim, naquele dia, ele sentiu que não tinha um propósito de vida.

Não achava que fazer uma faculdade nova a cada 5 anos fosse um propósito, era apenas uma forma de não viver na rotina e nem odiar aquilo que deveria amar. Não achava que cuidar dos seus sobrinhos fosse um propósito, até porque, no fim, eles sempre seriam filhos de Jiwoo, não seus. Não achava que ensinar adolescentes a se desenvolverem na dança fosse um propósito, pois um dia eles iriam seguir seus caminhos e ele ficaria para trás, ou faria outra faculdade e deixaria os garotos para trás. Então, qual era seu propósito? O que queria fazer para viver confortável? O que deveria fazer para não se sentir sozinho?

Aquelas perguntas fizeram Hoseok lembrar de Jiwoo empurrando Christian para seu colo sempre que tinha chance. No entanto, será que ele realmente precisava de alguém para ter um propósito de vida? Não tinha certeza. Se decidisse iniciar um relacionamento amoroso, certamente escolheria Taehyung. Eles se davam bem na cama e já se conheciam há anos. Um relacionamento entre eles daria mais certo do que um com o amigo da irmã, que raramente via.

A conclusão de sua crise existencial momentânea foi que ele deveria se entregar completamente a um relacionamento romântico. Sair em encontros, assistir filmes juntos, dormir abraçados, discutir por coisas bobas e transar com o mesmo corpo; era isso que ele sentia que precisava fazer para encontrar sentido na vida novamente. A pessoa que escolheu para compartilhar esses poucos momentos, ou talvez muitos mais, foi Taehyung. Conhecia-o desde a última faculdade, estiveram juntos por anos e ele sentia que daria certo. Tinham os mesmos gostos e encaravam o futuro com a mesma visão.

Por causa da sua pequena crise existencial, ele resolveu chamar Taehyung para o hotel, e como sempre, o garoto aceitou encontrá-lo sem hesitar. Aquilo fez Hoseok ficar distraído durante o dia e quase não prestar atenção em sua própria aula, pois o que iria fazer era algo novo. Afinal, não era todo dia que acordava decidido a pedir alguém em namoro, especialmente porque nunca havia namorado antes. O sentimento em seu peito era estranho, ainda assim, ele queria muito que o garoto aceitasse seu pedido, pois agora, após 30 anos vivendo a vida como um homem solto, ele desejava se prender a algo.

Um dia, estava vivendo a vida do jeito que queria, sem se sentir preso a ninguém; no outro, estava acordando com milhões de perguntas na mente, principalmente o porquê de não começar a namorar. E, de quebra, o porquê de não namorar com Taehyung, que era um homem gostoso, bonito e um pouco calado, mas que sabia satisfazê-lo na cama como nenhum outro homem antes. Bem, o garoto era tudo e mais um pouco do que Hoseok queria em um parceiro.

Nunca quis ter um parceiro, mas agora queria. E ninguém seria melhor que aquele homem que o deixava louco na cama, e às vezes, fora dela.

Quando chegou ao hotel, sabia que Taehyung já estaria esperando no quarto de sempre. Não importava o que estivesse fazendo ou fosse fazer, ele sempre dava um jeito de chegar primeiro. Ver a empolgação na excitação, a luxúria nos olhos escuros e sentir a pele como brasa fazia Hoseok se sentir um pouco possessivo em relação a ele. Via que o garoto fazia de tudo para satisfazê-lo, e aquilo enchia seu ego.

Quando abriu a porta, confirmou o que já suspeitava: o garoto estava sentado em uma espreguiçadeira na varanda aberta, contemplando a cidade com os olhos opacos, enquanto bebericava o vinho tinto segurado na mão sobre a coxa. Hoseok tinha a impressão de que Taehyung não enxergava a beleza da vida, pois seus olhos nunca brilhavam. Parecia que ele só conseguia ver algo além da escuridão quando obtinha o que queria; brutalidade. Na cama, era o único momento em que conseguia vislumbrá-lo de corpo e alma, mas mesmo assim, parecia existir uma parede invisível entre os dois.

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