30 | cinza turbulência

179 37 23
                                    

Meus olhos refletem o azul profundo do oceano, escondendo o tumulto emocional que carrego dentro de mim.

🎨

Enquanto olhava a cidade anoitecida, Jimin sentiu braços passarem em volta da sua cintura, em um abraço fraco e preguiçoso.

Jungkook fungou na nuca alheia, sentindo o cheiro do homem que esteve entre seus braços praticamente a noite toda. E agora, enquanto descansavam da noite intensa, ele aproveitava para dar todos os carinhos que Jimin merecia.

Era uma noite clara, sem nuvens e com a lua bem cheia, clareando o céu e deixando as estrelas mostrarem seus brilhos esplêndidos. Era um céu a ser lembrado, daqueles que aproveitamos para tirar fotos da lua sem interrupções, ou daqueles que sentimos falta quando as nuvens carregadas se apossam de tudo. A noite estava perfeita para sair com o parceiro, tomar um bom vinho e terminar a noite embaixo dos lençóis. Foi exatamente isso que eles fizeram: saíram para jantar, tomaram um bom vinho e foram ao apartamento, aproveitando as últimas horas juntos no calor dos seus braços, com as pernas entrelaçadas e os corações batendo juntos.

Quinze dias se passaram rápido, foi como um sopro em um dia de muito vento, foi como se todos os dias anteriores nem tivessem existido. Aquelas últimas horas eram importantes para eles, principalmente para Jimin, que sentia que nunca mais iria ter Jungkook daquele jeito, entregue, amando-o, abraçando seu corpo com carinho e franqueza, como se não quisesse soltá-lo nunca mais. Mas não era um abraço apertado, pois queria que ele permanecesse ao seu lado por querer, nada mais que isso.

— O céu tá lindo hoje — comentou Jungkook, alisando a barriga nua de Jimin.

— Sim, a lua também.

— Sim, tem razão, está linda.

Jimin deitou-se contra o corpo de Jungkook, sentindo os carinhos e encarando a lua cheia e brilhante. Nada passava em sua mente, ao mesmo tempo que estava tão barulhenta que causava enxaqueca. Pensar que em poucas horas seu garoto estaria naquele céu grande, viajando para longe e sem uma promessa verdadeira de que iria voltar, deixava seu coração pequeno. Sempre quis que Jungkook fosse mais do que todos os seus ficantes já foram, mas ele nunca conseguiu o que queria.

Jungkook o rejeitou, e mesmo que continuasse em seus braços, ele nunca tinha aceitado seu pedido; muito pelo contrário, ele estava indo embora na primeira oportunidade que teve. Não o culpava, afinal, estudar em uma grande academia era o sonho de qualquer dançarino, mas culpava o tempo, pois tão logo o trouxe para sua vida, estava tirando-o. Estava irritado com o destino, pois achava aquilo uma safadeza e tanto. Logo quando quis compartilhar seu coração com alguém, esse alguém já tinha um amor preenchendo todas as suas células.

A dança.

E Jimin não conseguiria lutar contra aquilo. Ele não queria lutar contra aquilo. Todos tinham sonhos e desejavam realizá-los; seu problema foi escolher alguém que amava demais, que amava a todos, mas que não conseguia amá-lo.

Estava tudo bem, desde que Jungkook fosse feliz com a realização de seu sonho.

— Tu tá feliz, moreno? — perguntou baixo, se aconchegando nos braços quentes.

— Estou, e você?

— Muito.

Não era mentira, ele estava feliz pela felicidade alheia, mas sufocado com a sua futura solidão. Tinha se acostumado com Jungkook, em vê-lo quase todos os dias, de dormirem na mesma cama quase todos os fins de semana, de jantarem juntos e trocarem mensagens em horários inoportunos. Tinha se acostumado com a presença de Jungkook, e agora que precisava voltar ao mundo real, temia que não fosse algo tão fácil assim. Parecia que ele estava vivendo em um conto de fadas nos últimos dias, e o pior era que ele não acreditava naquela baboseira toda de príncipe encantado.

cores são sentimentos, tysOnde histórias criam vida. Descubra agora