8 | rosa delicadeza

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A delicadeza dos seus olhos me impressionou; eles refletem os seus sonhos.

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O desejo de ter um irmão mais novo sempre esteve enraizado no peito, em meio aos sentimentos conflitantes.

Jimin desejava ter alguém para cuidar, assim como Yoongi cuidava dele. Queria saber qual era a sensação de cuidar de alguém, de ficar estressado e frustrado quando os planos não seguissem do jeito que queria. Até mesmo queria dormir abraçado com a criança quando ela estivesse com medo do bicho invisível embaixo da cama. Ele gostava de crianças e queria sentir a mesma coisa que seu irmão sentia. No entanto, infelizmente, sua mãe foi embora antes de ter um terceiro filho, e sua madrasta não conseguia engravidar — ou seu pai fazia de tudo para que não.

O fato era que Jimin gostava de crianças, por isso tinha total certeza de que se daria bem com o irmãozinho de Taehyung. E, para falar a verdade, esse era um dos motivos que o fez se voluntariar para ir buscar o menino, queria ficar perto de uma criança.

Assim que entrou no carro com cheiro de novo e ligou o GPS, o único local fixado era "escola K". Por já saber como funcionava, Jimin não pensou duas vezes antes de acioná-lo e tirar o carro da garagem da B&G. Era um carro parecido com o seu, então não teve problemas para dirigir, apenas seguiu o GPS para onde ele quisesse o mandar. Quando parou no sinal no centro da cidade movimentada, seu celular tocou, e ele aproveitou o momento para tirá-lo do bolso e colocá-lo preso ao compartimento no painel.

Era Yoongi que estava ligando, e ao perceber aquilo, ele não demorou muito para atender e colocar no viva-voz.

— E aí, irmãozão?

— Posso saber porque saiu meio milhão da minha conta?

A voz dele não parecia irritada, apenas cansada e incrédula, mas aquilo não fez com que Jimin relaxasse, pois só ele sabia como seu irmão ficava quando estava realmente irritado. Yoongi era sempre calmo, parecia sempre sério como se estivesse em uma sala de reunião constante. Ele falava calmamente e com o tom perfeitamente limpo. Mas só Jimin sabia como ele mudava quando estava irritado, parecia outra pessoa. Dava medo.

— Precisei usar...

Pra quê?

— Pra comprar um corpo...

A chamada ficou silenciosa e o sinal abriu, fazendo Jimin voltar a dirigir com as pernas trêmulas. Ele também desejava ser o irmão mais velho para que o mais novo se sentisse daquele jeito, ansioso e com as pernas trêmulas quando fazia alguma coisa errada.

De novo? Não me diga que foi o corpo de outro morador de rua! Você não pode fazer essas coisas, Jimin! — repreendeu, fazendo a espinha do homem gelar.

Yoongi era muito sério no seu normal, mas piorava quando estava trabalhando. Ele dava medo.

— Não foi um morador de rua. Dessa vez... — resmungou em defesa.

Fazia cerca de cinco meses que Jimin se viu simplesmente apaixonado pelo corpo de uma mulher em situação de rua. Ele estava fazendo compras quando passou pela faixa de pedestres e a viu encostada no poste de luz; simplesmente se apaixonou por ela. A pele suja mostrava o desejo pela vida, a roupa um pouco rasgada revelava sua luta diária, os cabelos emaranhados e os olhos tristes pela vida chamaram sua atenção. Mesmo assim, ela queria viver; sua situação falava mais que palavras. Jimin ficou fascinado por aquele corpo e não poupou esforços para se aproximar da moça.

Levou-a para comer e explicou com o que trabalhava e o que esperava dela, deixando claro que ela poderia pedir o que quisesse em troca de algumas fotos. Esperava uma resposta que envolvesse uma quantia em dinheiro, dada a situação dela. No entanto, para sua surpresa, tudo o que ela pediu foi uma passagem para poder voltar para casa. Jimin ficou sabendo que ela tinha sido traficada com a mentira de que iria se tornar modelo, e desde então estava vivendo naquelas condições após conseguir fugir apenas com a roupa do corpo. Comovido com a história, não mediu esforços para ajudá-la. Comprou roupas e alugou um quarto de hotel para que ela ficasse até o dia da viagem, depois denunciou o caso para a polícia, já que a mulher precisava dos documentos para viajar e, obviamente, ela não tinha nenhum.

cores são sentimentos, tysOnde histórias criam vida. Descubra agora